A diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde apelou ao governo russo para evitar o aumento dos gastos do orçamento. Lagarde qualificou os seus conselhos de "amigáveis", lembrando que tinha sido condecorada com a Ordem da Amizade pela liderança russa.
Segundo a diretora, "os gastos do governo (russo) — não é uma coisa boa, especialmente no período antes das eleições." Ela achá-los-ia inaceitáveis, uma vez que se trata de uma medida populista. Lagarde não gosta dos benefícios cada vez maiores para camadas da população socialmente mais desprotegidos , crescimento em grande escala das verbas para as forças armadas e forças de segurança pública, bem como uma reorganização radical da infra-estrutura rodo e ferroviária da Rússia .
Pouco antes das declarações da diretora do FMI que estas dias está com visita na Rússia, o presidente russo, Dmitry Medvedev, havia assinado uma lei para aumentar desde 01 de janeiro de 2012 o vencimento para pessoal militar, policial e das forças de segurança em 2,5-3 vezes, e pensões militares — em 1,5-1,7 vezes. Do início do ano 2011 têm subido as bolsas, os salários para professores e médicos, pensões civís. Além disso o governo anunciou suspender as tarifas de energia elétrica que desde então serão indexadas segundo a inflação e não mais, ou seja, em 2012 — 6%. Uma exceção foi feita para os preços de gás para aproximá-los dos preços mundiais médias. A partir de primeiro de julho de 2012 as taxas vão aumentar em 15%.
Em 8 de novembro o premié Vladimir Putin disse que as autoridades russas pretendem realizar um avanço da infra-estrutura e em dez anos dobrar o volume de construção de estradas e ferrovias. Para estes objetivos até 2020 está planejado investir mais de 8 trilhões de rublos orçamentais.
A intenção da liderança russa para investir no país, seus serviços sociais, infra-estrutura de transporte e poder de defesa é tradicionalmente criticada pelos centros internacionais de monetarismo. Assim, no ano passado o FMI dirigiu-se ao governo russo com um conjunto de receitas, igual ao na década dos anos 90 do século passado, quando foi até obrigatório para os governos de Egor Gaidar e Viktor Chernomyrdin.
O conjunto era de padrão- privatizar (incluindo as monopólios naturais), minimizar ou até eliminar os gastos sociais, minimizar o financiamento das Forças Armadas e outras agências governamentais, incluindo as da segurança. Por o governo russo ter realizado estes conselhos, o FMI "ajudava" modestamente para comprar alimentos nos países ocidentais, reorganizar as empresas militares, acabando com o potencial militar russo, destruir as minas de carvão, etc. O objetivo era claro- acabar com a Rússia como a potência mundial. Em 1998 a economia russa, seguindo as prescrições do FMI, caiu no padrão — após o qual a cooperação "frutuosa" foi cancelada automaticamente. E por incrível que pareça, logo após a Rússia começou lentamente, mas a reviver.
E é desde então o FMI começou a falar da Rússia a recuar a partir de "princípios básicos" e a culpá-la de que não tinha "nenhuma estratégia para reduzir as medidas de apoio para a economia."
Isto é, o apoio da economia nacional foi declarado pelo FMI de uma coisa errada. Além disso, o Fundo aconselhou a Rússia a "intensificar, adiada por um longo período, a reforma no sector das finanças do Estado. Sob estas "reformas", é para explicar, entende-se, acima de tudo, "a possibilidade de reduzir significativamente os gastos públicos no setor de saúde e bem-estar social."
Os especialistas do FMI asseguram que o sistema de pensões na Rússia sem essas reformas, incluindo um aumento gradual da idade da reforma — isto é, de fato, a transição para a "aposentadoria para os mortos" — será "insustentável".
Lagarde também acha que enquanto os preços do petróleo continuem altos, a Rússia precisa de restaurar suas reservas, ao invés de investir em projetos caros. É, em primeiro lugar, a recomposição do Fundo de Reserva e do Fundo Nacional de Previdência.
Lagarde advertiu da euforia que parece ter envolvido uma parte do governo russo provocada com a próxima entrada da Rússia na Organização Mundial do Comércio (OMC). Claro, conta a diretora do FMI, a Rússia, em geral, se beneficiará com a adesão à organização. Mas, segundo sua opinião, os benefícios não são de "curto prazo". E, em geral, não seriam significativos.
"Vocês exportam um grande número de matérias -primas e importam as mercadorias de bem-estar, eu acho que a sua taxa média é de cerca de 12%, então não acho que os benefícios seriam tão grandes", — disse ela. Seja o que for, mas especialistas da Fitch Ratings acreditam a entrada da Rússia na OMC ter um impacto positivo no país por diminuir gradualmente a dependência de flutuações dos preços mundiais de matérias -primas. A adesão à organização contribuirá para a melhoria do clima de negócios no país, o que resultará em um fluxo do investimento estrangeiro direto, diversificação econômica e crescimento acelerado.
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