O uso não controlado de anti- inflamatórios não esteróides como aspirina ou o ibuprofeno, especialmente no alívio da dor, está a originar um grave problema de saúde pública e é causa de um número elevado de hospitalizações por complicações gastrointestinais, das quais cinco por cento resultam na morte do doente , declarou esta quarta-feira Hermano Gouveia, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia.
«A utilização livre deste tipo de fármacos faz com que um número considerável de portugueses tomem anti-inflamatórios todos os dias, o que acarreta uma mortalidade expressiva resultante da má aplicação dos anti-inflamatórios não esteróides e um grave problema de saúde pública», frisou aquele especialista, também chefe do Serviço de Gastrenterologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra.
O problema assume especial importância numa altura em que os dados estatísticos indicam que 26 por cento da população portuguesa pratica a auto-medicação e este tipo de medicamentos anti- inflamatórios, que podem ser vendidos sem receita médica, são especialmente procurados para o alívio da dor.
A auto-medicação com este tipo de fármacos tem originado um elevado número de hospitalizações devido a complicações gastrointestinais, como hemorragias digestivas e perfurações gástricas.
Segundo Hermano Gouveia, «cerca de cinco por cento dos doentes que são hospitalizados devido a complicações do tracto gastrointestinal provocadas pelo consumo de anti-inflamatórios não esteróides acabam por morrer».
Por outro lado, referiu que «cerca de 80 por cento dos doentes com hemorragia digestiva apresentam uma história de toma de medicamentos deste tipo».
Para inverter este quadro, Hermano Gouveia defendeu a necessidade de «educar os doentes, mas também os médicos, alertando para os perigos da auto-medicação e da errada prescrição deste tipo de medicamentos».
«Trata-se de substâncias com efeitos secundários que podem ser graves e mesmo mortais», frisou o especialista, salientando que a idade «é um factor de risco» nestes casos, especialmente a partir dos 65 anos.
Os dados estatísticos, segundo Hermano Gouveia, indicam que «nas pessoas com mais de 65 anos, o factor de risco multiplica-se cinco ou seis vezes».
Fonte Diário de Notícias
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