" Uma língua é muito mais do que um meio de comunicação; é a própria condição da nossa humanidade. Nossos valores, nossas crenças e nossa identidade estão incorporados nela. É através da linguagem que transmitimos anossas experiências, as tradições e os nossos conhecimentos. A diversidade de línguas reflete a riqueza incontestável da nossa imaginação, e dos nossos modos de vida", Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO, 21.2.2018 (21 de fevereiro, Dia Internacional da Língua Materna)
No mundo hoje, uma lingua desaparece a cada duas semanas. Pelo menos 20 por cento das línguas do mundo estão em perigo iminente de extinção, à medida que os seus últimos falantes morrem. A extinção de uma língua se traduz na perda de conhecimento, disse K. David Harrison em 2007, diretor associado do Living Tongues Institute for Endangered Languages e linguista do Swarthmore College.
Diz o artigo 9 da Declaração Universal dos Direitos Linguísticos: "Todas as comunidades linguísticas têm o direito de codificar, estandardizar, preservar, desenvolver e promover seu sistema linguístico, sem interferências induzidas ou forçadas”.
"A UNESCO acredita na importância da diversidade cultural e linguística para sociedades sustentáveis. Consta em seu mandato pela paz, que trabalhe para preservar as diferenças de culturas e línguas promovendo tolerância e respeito pelos outros. A diversidade linguística está cada vez mais ameaçada à medida que mais e mais línguas desaparecem. Globalmente, 40 por cento da população não tem acesso a uma educação em uma língua que se fale ou compreenda. Devido aos processos de globalização, as línguas estão cada vez mais ameaçadas ou desaparecendo completamente. Quando línguas desaparecem, o mesmo acontece com a rica tapeçaria mundial de diversidade cultural," argumenta a UNESCO em seu site.
"A diversidade linguística está cada vez mais ameaçada à medida que mais e mais línguas desaparecem," acrescenta o organismo internacional.
Groenlandês
País distante e extremamente gelado, corações cálidos, nação reconhecida pela gentileza, cultura fértil preservada por uma maioria consciente de que a língua faz parte da identidade, da dignidade de um povo. Lutando contra um imperialismo silencioso, de muitos ao redor do globo, desconhecido. Como disse certa vez Antonio de Nebrija, humanista espanhol: "A língua tem sido, sempre, a companheira do Império".
Kalaallisut, ou groenlandês ocidental da família das línguas esquimó-aleútes, é um dos três idiomas nativos da Groenlândia falado por 70 por cento dos seus cerca de 54 mil habitantes. Falado também por cidadãos groenlandeses que vivem em outros países, especialmente no Alasca, Canadá e na Dinamarca, no mundo hoje um total de 60 mil pessoas falam o Kalaallisut.
Tornou-se língua oficial na ilha da costa nordeste da América do Norte em novembro de 2019, superando o idioma dinamarquês que, até então, impunha-se nesta região autônoma do Reino da Dinamarca. O Kalaallisut é um dos idiomas nativos da Dinamarca, onde encontra-se totalmente fora de uso entre os cidadãos dinamarqueses.
O idioma floresceu e se desenvolveu ativamente na literatura, nos poemas e no sistema educacional da ilha banhada pelo oceano Glacial Ártico no início do século XX. Contudo, os groenlandeses foram forçados a abrir mão de certa forma de sua língua materna em favor da aprendizagem do dinamarquês, priorizado nas escolas primárias a partir do ato constitucional da Dinamarca de 1953 quando a colonização desta sobre a ilha oficialmente acabou, e Groenlândia foi transformada em condado dinamarquês.
Logo, o dinamarquês passou a dominar todos os aspectos da vida goenlandesa levando muitas crianças das décadas de 1950 e 1960 a não aprender a língua materna. Na década de 70, temendo que a língua materna desaparecesse, estudantes locais passaram a protestar contra a imposição linguística dinamarquesa e, com a Lei de Autogoverno de 1979, o groenlandês ocidental foi reintroduzido como língua principal no sistema educativo da Groenlândia.
Apesar da oficialização do Kalaallisut recentemente, as elites políticas e administrativas locais falam predominantemente dinamarquês. O que levanta inevitavelmente a questão: pode determinada nação ser governada em uma língua falada por uma minoria?
Segundo Katti Frederiksen e Carl Christian Olsen, autores locais de um relatório sobre a situação atual do idioma groenlandês, a prioridade dada ao dinamarquês nos assuntos políticos e administrativos faz com que algumas vozes sejam consideradas mais importantes que outras.
Os autores ressaltam ainda que as discrepâncias linguísticas provocam conflitos e discriminação na educação, nos locais de trabalho assim como na administração pública, e na vida política da Groenlândia.
"Palavras são os elementos de uma linguagem usadas para identificar objetos, formular ideias e expressar sentimentos. Estas palavras são também um espelho, à medida em que refletem a história cultural e o desenvolvimento de um povo", Ali Nourai
“Le lingue locali o dialetti sono un bene culturale immateriale dell’umanità. Come ogni lingua, i dialetti sono veri e propri scrigni che custodiscono la cultura, la storia, il modo di essere e pensare di una comunità. In poche parole, le lingue sono l’elemento identitario più importante” (As línguas ou dialetos locais são um bem cultural imaterial da humanidade. Como qualquer língua, os dialetos são verdadeiros baús de tesouro que preservam a cultura, a história, o jeito de ser e pensar de uma comunidade. Resumindo, os idiomas são o elemento mais importante da identidade), Patrizia Del Puente, em italiano no prefácio do Dizionario del Dialetto di Genzano di Lucania