Jolivaldo Freitas
Antes mesmo de lançar meu livro – que é uma biografia romanceada – sobre a história de um velho coronel ele já causou discórdia, discussão e querelas. Isso para ver como o homem também conseguia polarizar quem estava em seu entorno. E nem morto deixa de incomodar. O coronel, que na verdade era capitão do Exército, mas que era chamado pelo cargo mais elevado por consideração de uns e medo de outros é o Geraldo Sodré Martins, que passou por essa vida causando polêmica, despertando ódio ou granjeando simpatia junto àqueles que pensavam como ele ou seja: na filosofia da direita radical e nos seus valores que se baseavam na religião católica e na força das armas.
Vou lançar o livro na quinta-feira, dia 20 de outubro, agora em 2022, no Clube Espanhol, na Barra, em Salvador, Bahia, a partir das 18 horas, escolhido e contratado que fui por seus familiares para contar a outra face da história; e se ele desagradava a muitos em se tratando de política, no seio familiar era considerado e os filhos o amavam muito, por que ele se mostrava um pai cordial e amoroso.
Mas qual o perfil desse personagem que gera tanta polêmica? Ele já nasceu numa situação complicada. Era filho ilegítimo do homem mais rico da Bahia no início do século passado e cuja influência foi até quase metade desse mesmo século. Seu pai foi o comendador Bernardo Martins Catharino, dono de fábricas, de empresas de exportação e comércio variado e que, segundo o folclore, quando morreu deixou para os filhos mais de mil imóveis em Salvador e muito dinheiro nos cofres. Certo era que se tratava de um homem poderoso e isso o” coronel” procurou “herdar” do pai.
Geraldo Sodré Martins sempre esteve ao lado ou contra o poder. Ao lado dos seus colegas militares radicais e contra o governo de caráter socialista. Foi dos conspiradores na Bahia para efetivação do golpe militar de 1964. Algo que já vinha encetando junto com outros conspiradores bem antes, quando recebia em sua casa em Salvador generais, militares de menos patente, deputados, senadores e gente do porte do ex-governador e deputado federal Carlos Lacerda (aquele do caso da rua Tonelero, no Rio de Janeiro, que sofreu atentado e levou um tiro no pé), esse que ajudou-a gerar todo o conflito que levou à derrocada do presidente Getúlio Vargas.
Depois de deflagração de 1964 ele ainda entrou em conflito com o próprio governo militar, que considerava não estava cumprindo com o que havia sido disposto, que era a anulação política dos comunistas e por entender que políticos que eram considerados corruptos começavam a se aproveitar da situação para tirar partido.
Mas o homem, um cara altamente polêmico, fazia de tudo um pouco e escrevia para jornais, pintava, malhava, era professor der medicina e mandava, literalmente, bala da sua 45 naqueles que considerava como agressores do meio ambiente; os pescadores que utilizavam “bomba” na praia perto da sua casa. Foi até membro da Irmandade de Nossa Senhora da Conceição. Haja fôlego. E polêmica. O título do livro é” Estilhaços de uma existência”. Lá está todas as suas idiossincrasias.
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Escritor e jornalista