A Indústria do Holocausto
Agora que recomeçaram os conflitos na Palestina, latentes desde 1947, quando a ONU dividiu arbitrariamente a região entre judeus e árabes, seria importante nos socorremos da História para ter uma posição mais justa sobre o que está acontecendo.
Há muitos séculos que os judeus eram minorias na região. onde predominavam os árabes muçulmanos que viviam, no iníco do século XX sob a dominação do Império Turco.
Usando a Bíblia como argumento para justificar o direito dos judeus de retomar a Palestina, Theodor Herzl (1860/1897), um jornalista judeu austríaco, lançou um movimento chamado Sionismo. No seu primeiro congresso, na Basileia, em 1897, além de criar uma bandeira e um hino para o projetado estado, o congresso se propôs comprar terras dos turcos para criar os primeiros kibutz na região.
A ideia não prosperou e nos congressos seguintes foram propostas ideais de criar o chamado "lar do povo judeu" em lugares como Uganda, na África. em Chipre e na Patagônia.
Foi só em 1917, que a Palestina foi definida como o local definitivo do povo judeu, na chamada Declaração Balfour, um acordo assinado entre o Ministro Britânico Balfour e o Barão Rothschild, representante da comunidade judaica inglesa. Foi a partir daí que se intensificou a migração judaica para a Palestina, que posteriormente sofreria restrições da Inglaterra por pressão do árabes (episódio do navio Exodus com refugiados judeus, interceptado pelos ingleses, em 1947).
Com o fim da segunda guerra, as notícias sobre os campos de extermínio de judeus pelos nazistas, tornou a ideia de criar um lugar seguro para eles, vitoriosa na ONU.
Só que a divisão da Palestina entre árabes e judeus foi feita de uma forma que iria provocar futuros conflitos, uma vez que a minoria judaica na região (100 mil para 1 milhão de árabes) foi aquinhoada pela ONU com 57% do território, sobrando 43% para os palestinos. Acrescente-se a isso que os judeus que já viviam na Palestina tinham comprado terra dos proprietários árabes há pouco tempo e não eram originários da região e sim da Europa principalmente, sendo visto, portanto, pelos árabes, como estrangeiros.
A partir daí nunca mais houve paz na região.
Os conflitos que começaram a ocorrer, ganharam grande amplitude com a chamada Guerra dos Seis Dias, quando Israel derrotou em 1967, agora não os palestinos, mas os exércitos reunidos do Egito, Síria, Jordânia e Iraque, e consolidou seu poder sobre a região e começou a expandir suas fronteiras muito além da partilha da ONU, o que se consolidou em 1973, com a segunda guerra, chamada a Guerra do Yon Kippur.
Foi a partir desses eventos militares, que o governo de Israel passou a explorar a questão dos campos de extermínio dos nazista, o que o escritor norte-americano, de origem judaica, Norman Finkelstein chamou de A Indústria do Holocausto.
Até então, os israelenses cultuavam mais os seus grupos de resistência contra os ingleses no período que antecedeu a independência do País, como o Irgun e o Haganá, do que o Holocausto.
Foi a partir da Guerra dos Seis Dias, que o governo de Israel se deu conta que poderia angariar a simpatia do mundo inteiro com a questão do Holocausto, que desde então passou a justificar a sua politica expansionista e de apartheid em relação aos palestinos.
É isso que Finkelstein, filho de pais judeus sobreviventes de Auschwitz ( o pai, Zacharias) e de Majdanek (a mãe, Maryla), Doutor por Princepton e professor da Universidade de Nova York fala em seu livro.
Aos 6 milhões de judeus mortos nos campos nazistas, se devem somar os poucos lembrados ciganos, homossexuais, deficientes físicos e comunistas também vítimas nesses campos, além dos 20 milhões de russos mortos na guerra.
Em 2015 conheci o primeiro campo criado pelos nazistas em 1936, em Orienemburg. a poucos quilômetros de Berlim, hoje um museu e no qual foram internados os chamados divergentes políticos, no caso, principalmente os comunistas.
Foi com eles e nesse campo, que o Holocausto começou.
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS