Lula: Era hora de resistir
Naquela noite de abril, Lula tinha duas opções. Se entregar, mesmo sem ter culpa do que lhe acusavam, ou resistir. Nesse caso, resistir significava optar pelo pedido de asilo político.
A farsa de sua condenação era tão notória e sua condição de perseguido político, mais do que óbvia, que país nenhum lhe negaria asilo.
Não precisaria ser nem Cuba, nem Venezuela. Qualquer país europeu o receberia em sua embaixada e um fragilizado governo Temer seria incapaz de lhe negar a saída do Brasil. No exterior, disporia da mídia para denunciar a farsa de sua condenação e poderia interferir diretamente nas eleições de outubro.
Outros grandes personagens da História fizeram isso.
Lenin voltou de um longo exílio para organizar a Revolução Russa de 1917.
Se alguém não gostar do exemplo de um comunista, poderia pensar em De Gaulle, que comandou a luta contra os nazistas e entrou em Paris com as tropas vencedoras.
Outro exemplo clássico é de Ruhollah Khomeini (1902/1989). Em 1964, ele partiu para o exílio, após liderar a oposição contra o Xá do Irã. Voltou em 1979, recebido por 5 milhões de pessoas em Teerã para instituir a República Islâmica do Irã.
Lula, ou porque ingenuamente acreditou que,mesmo preso poderia ser candidato ou que, se isso não fosse possível, elegeria qualquer um em seu nome, que tivesse o compromisso de libertá-lo depois, ao aceitar a prisão, de certa forma deu seu aval aos atos arbitrários de Moro e dos desembargadores do TFR4.
Errou nos dois casos e hoje corre o risco de ser esquecido pelos que sonhavam com sua volta à presidência.
Marino Boeira é jornalista, formado em História, pela UFRGS