Vai votar em quem, maluco?
Jolivaldo Freitas
O voto, nesses anos de polarização e de maluquices Brasil afora, só é secreto nas urnas e existe uma lenda urbana que até as urnas eletrônicas podem ser manipuladas e que Dilma o fez quando ganhou a eleição contra o despirocado-amalucado Aécio Neves. Todo mundo revela seu voto nas redes sociais e nas mesas de bares ou no baba. Mas, como saber em quem votar neste instante em que aparecem salvadores da pátria de todos os matizes e nenhum tem um programa de governo ou ideias que coloquem o país nos eixos. O Brasil sempre teve eixo torto, defeito na rebinboca e problemas no fio terra. Nosso eixo gravitacional é mambembe. O país só teve um pouco de equilíbrio no início do governo do imperador Pedro II. Mas, em 1864 entramos em guerra com o Paraguai e depois dela os militares eram outras pessoas. Com a glória da vitória ganharam poder e simpatia da população. E mesmo sendo Dom Pedro II muito querido pela sociedade civil e pela maioria dos políticos os militares decidiram que era hora de o Brasil "entrar nos eixos" e deram um golpe de estado, instaurando a República. O Império perdera sua força quando da abolição da escravatura. Uma junta militar governou o Brasil de 1889 até 1891, com muita repressão. Os militares a partir daí ganharam gosto pelo poder. Deodoro da Fonseca secado por seu vice Floriano Peixoto renunciou. Este exilou ou fuzilou a oposição. Depois dos militares veio a política do café com leite das aristocracias paulistas e mineiras. A partir de então foram surgindo mais malucos. Prudente de Moraes era doido e se desgastou gastando dinheiro lutando contra Canudos e Antônio Conselheiro. Seu vice Manoel Vitorino conspirava abertamente contra ele. O conluio acaba em 1930 numa revolução que o povo só ficou sabendo quando acordou e leu nos jornais.
A revolução descolou Washington Luiz do poder e colocou Getúlio Vargas, que paulatinamente se mostrou um ditador que hora gostava dos nazistas e hora se confraternizava com os americanos e depois se mata com um tiro no peito. No decorrer do tempo passamos pelo risco de ter de enfrentar as esquisitices de Leonel Brizola, mas escapamos. E chegamos a Jânio Quadros com sua dicotomia entre a sandice e a genialidade. Pulando JK e Goulart vieram os militares de novo com a Ditadura e uns presidentes equilibrados e outros maluquetes como João Batista Figueiredo cujos cavalos cheiravam melhor que o povo em sua opinião. Elege-se Tancredo Neves indiretamente, mas o homem morre e assume Sarney e já sabemos o que deu. Pois hoje o que as pesquisas mostram é que 70 por cento dos brasileiros estão de saco cheio coma política e se pudessem as eleições que fossem para a cucuia. Esta é a mesma Nação que há mais de três décadas foi às ruas pedir eleições diretas.
Em que você vai votar agora, maluco? Lembra que em 1989 o povo escolheu Fernando Collor - branco, engomado, playboy, bonitinho e "caçador de marajás" - e deu no que deu. Depois apareceu o Partido dos Trabalhadores com sua "política ética" e a ética escafedeu-se. O PSDB é santo de pau oco. O MDB é um sanguessuga fisiológico e o DEM é de uma direita ranzinza. E agora, José? Perguntaria o poeta Carlos Drumond que não era muito afeito à política. Vai dar uma nova chance ao PT de Dilma, Palocci, Zé Dirceu e, a depender da próxima reunião do TRF4 e do STF, até voltar a eleger Lula? Vai na vacilante Marina ou no aproveitador Ciro Gomes? Vai dar cheque em branco para Temer ou vai colocar sua vida e as dos seus nas mãos desesperadas de Bolsonaro? Olha lá, maluco. Depois não se queixe de derrama, corrupção ou das botinas.
Escritor e jornalista. Jolivaldo.freitas@yahoo.com.br