Por Comunidade Internacional Bahá'í
GENEBRA - Em resposta ao crescente interesse pela perseguição aos bahá'ís no Irã, um site foi lançado hoje pela Comunidade Internacional Bahá'í, fornecendo um vislumbre de várias décadas de tratamento discriminatório contra os bahá'ís naquele país. O site, chamado Archives of Bahá'í Persecution in Iran(iranbahaipersecution.bic.org),disponibiliza, pela primeira vez, milhares de documentos oficiais, relatos, depoimentos e material audiovisual, revelando provas documentais de anos de incessante opressão.
"O site foi criado", explica a Sra. Diane Ala'i, Representante da Comunidade Internacional Bahá'í nas Nações Unidas em Genebra, "em resposta ao crescente interesse, tanto internacionalmente, como no Irã, em entender a profundidade e amplitude da perseguição". De fato, nos últimos anos, um número crescente de jornalistas, ativistas de direitos humanos, pesquisadores e cineastas têm abordado a perseguição aos bahá'ís no seu trabalho.
Com o tempo, muitos outros documentos e registros audiovisuais, acessíveis em persa e inglês, serão adicionados ao Arquivo.
O site narra, através de documentos, fotos e vídeos, a história de uma comunidade sob perseguição contínua e sistemática, apoiada por autoridades oficiais. Além disso, põe em questão afirmações feitas por autoridades iranianas ao longo dos anos, de que os bahá'ís no Irã não são tratados com discriminação.
Documentos no site mostram a amplitude da perseguição contra os bahá'ís no Irã, incluindo os casos de prisão e execução, atos de violência contra indivíduos, sequestro, queima e destruição de casas, confisco de propriedades; a expulsão de oficiais de seus postos no exército, apesar de terem sido louvados pela dedicação e serviço às forças armadas da República islâmica; além da disseminação de propaganda de ódio contra eles, através da imprensa estatal.
"Os convincentes relatos de documentos no site", explica Ala'i, "fornecem provas das décadas de implementação sistemática de políticas concebidas para sufocar uma comunidade inteira".
Embora a maioria dos documentos no Arquivo estejam relacionados aos anos após a revolução islâmica de 1979, muitos também datam de antes desse período.
Durante os anos imediatamente após o estabelecimento da Fé Bahá'í (1844 a 1920), milhares de seguidores foram mortos, instados por líderes religiosos e autoridades governamentais, e enfrentaram sucessivos surtos de perseguição. Durante a dinastia Pahlavi (1925 a 1979), o governo formalizou uma política de discriminação contra os bahá'ís, como uma concessão ao clero. A Literatura bahá'í foi proibida, os casamentos bahá'ís não foram reconhecidos, os bahá'ís no serviço público foram rebaixados ou demitidos e as escolas bahá'ís foram forçadas a fechar suas portas. A partir de 1979, no entanto, os bahá'ís foram sujeitos a uma nova e sistemática onda de perseguição, suportando as mais cruéis formas de opressão.
Nos primeiros anos da revolução, mais de 200 bahá'ís foram executados ou desapareceram sem deixar vestígios. Centenas foram detidos, torturados, presos e expulsos de seus empregos e universidades. Em resposta à condenação da comunidade internacional, o governo iraniano alterou sua estratégia para destruir a comunidade como uma entidade viável, ao usar formas mais dissimuladas de perseguição, como a discriminação econômica, educacional e cultural.
Os bahá'ís continuam tendo negado o acesso à educação universitária, sendo excluídos do emprego no setor público, bem como de numerosas profissões no setor privado, tendo negados os benefícios do sistema de pensões, além de serem injustamente detidos, presos e condenados a anos de prisão, após julgamentos sem o devido processo legal. Cerca de 90 bahá'ís estão atualmente presos, no Irã, apenas devido às suas crenças. Os cemitérios bahá'ís são destruídos e o uso extensivo dos meios de comunicação em massa, pelo governo, como forma para diminuir e caluniar os bahá'ís, tem aumentado nos últimos anos. Ultimamente, também, o "apartheid econômico contra um segmento da população do Irã" (veja uma carta aberta ao presidente Rouhani) tem sido acelerado, e pequenos estabelecimentos comerciais bahá'ís tornaram-se alvo de ataques e fechamentos, por parte das autoridades.
A discriminação contra os bahá'ís está enraizada no sistema legal iraniano. A Constituição do Irã, por exemplo, reconhece somente o cristianismo, o judaísmo e o zoroastrismo, como minorias religiosas oficiais do país. Além disso, o Código Penal iraniano só permite o direito ao diya (dinheiro de sangue) aos muçulmanos às três minorias religiosas constitucionalmente reconhecidas, enquanto a concessão qesas (justiça retributiva) é exclusiva para os muçulmanos. Isso, portanto, priva legalmente os bahá'ís do direito de buscar a justiça e permite que a violência contra eles tenha lugar com impunidade. Apesar disso, os bahá'ís no Irã têm buscado e continuam a buscar a justiça, através de quaisquer meios legais disponíveis para eles.
"Os documentos neste site atestam um sistema de justiça que tem, por quase quarenta anos, violado cada elemento aceito do devido processo", diz Ala'i. "Isso varia de prisões e detenções arbitrárias a expulsão de pessoas inocentes da escola e locais de trabalho, por nenhuma outra razão, senão sua Fé".