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Indígenas protestam contra parecer da AGU que inviabiliza demarcações

Indígenas protestam contra parecer da AGU que inviabiliza demarcações

Indígenas protestam contra parecer da AGU que inviabiliza demarcações

Manifestantes cobraram revogação de medida e esclarecimentos sobre possível mudança em decreto que regulamenta processos demarcatórios

Cerca de 90 indígenas dos povos Kaingang, Terena, Kadiwéu, Kinikinau e Guarani Mbya protestaram, hoje (6/12), na sede da Advocacia-Geral da União (AGU), em Brasília. Eles exigiram a revogação do Parecer 001/2017, elaborado pela advogada-geral, Grace Mendonça, e adotado pelo governo Temer. O parecer restringe drasticamente o direito dos índios à terra ao obrigar a administração pública a aplicar as condicionantes estabelecidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para a terra indígena Raposa-Serra do Sol (RR). A medida contraria decisão do próprio STF que deixa claro que as condicionantes não devem ser aplicadas obrigatoriamente a outros casos.

Mendonça recebeu alguns indígenas, no meio da tarde, e voltou a defender o parecer. Afirmou que sua intenção ao assinar o parecer foi fortalecer as demarcações e que não sabia de ses problemas. Mesmo assim, disse que vai analisar o pedido de revogação e se comprometeu a realizar uma reunião com representantes de indígenas, do Ministério Público Federal (MPF), Ministério da Justiça e da Fundação Nacional do Índio (Funai) para discutir o assunto. Ela não marcou uma data para o encontro, porém (veja vídeo abaixo com relato de indígenas).

"Esse parecer inviabiliza o avanço administrativo das demarcações", criticou Lindomar Terena. Ele analisa que o parecer da AGU foi feito com base em uma "interpretação abusiva" de uma decisão do STF.

Os manifestantes também protestaram contra a alteração do Decreto 1775/1996, que regulamenta os procedimentos para demarcação de terras indígenas no Brasil. Eles exigiram esclarecimentos do governo Temer a respeito da informação de que um novo decreto está sendo preparado com o intuito de adequar o procedimento administrativo de demarcação às exigências do Parecer 001/17.

"Estamos ocupando a AGU contra os retrocessos impostos pelo governo Temer aos direitos dos povos indígenas. Vamos continuar mobilizados até o fim do ano contra todos esses retrocessos", disse Sônia Guajajara, da coordenação da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib). Ela disse que o governo promove um "pacote de maldades" contra os povos indígenas, ao defender a aplicação do "marco temporal" e rever demarcações. De acordo com o "marco temporal", só teriam direito às suas terras os indígenas que tivessem sua posse em 5 de outubro de 1988, data da promulgação da Constituição. A tese desconsidera o histórico de expulsões, violências e violações de direitos sofrido pelas comunidades indígenas.

Oswaldo Braga de Souza, com informações de Victor Pires e do Cimi

ISA

 


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Timothy Bancroft-Hinchey