Publicação periódica semestral visa o intercâmbio entre conhecedores e pesquisadores indígenas e não indígenas que estudam ciclos e processos ambientais e sociais e suas transformações no noroeste amazônico
Será lançada no próximo dia 7 de dezembro, às 19 horas, na tradicional banca do Largo (Centro de Manaus), a revista semestral Aru. Produzida pelo Programa Rio Negro do Instituto Socioambiental (ISA), em parceria com a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), esse é o primeiro número da publicação semestral dedicada a divulgar pesquisas, ensaios, artigos, entrevistas, mapas e outros materiais produzidos neste ambiente de intercâmbio e pesquisas interculturais no noroeste da Amazônia.
Nesta edição inaugural, a Aru traz 14 textos e artigos produzidos por conhecedores e pesquisadores indígenas e não indígenas sobre temas como o monitoramento ambiental e climático na Bacia do Rio Negro feito pelos agentes indígenas de manejo ambiental (Aimas), o verão extremo em Barcelos (AM) em 2015/2016, a importância dos benzimentos para o equilíbrio do meio ambiente, entre outros temas relacionados ao entendimento e manejo indígena do mundo. "Não há melhor dado pesquisado que aquele feito pelos próprios indígenas, com a participação dos comunitários e sábios tradicionais", enfatiza Carlos Neri, Aima da etnia Pira-Tapuya, de 44 anos, presidente da Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (Acimrn), colaborador da revista.
A Aru surge no âmbito de um amplo projeto de pesquisa e monitoramento ambiental e climático, tendo como temática central os ciclos biológicos, ecológicos e socioculturais e suas referências temporais, na escala da Bacia do Rio Negro. "Além do diálogo entre pesquisadores indígenas e não indígenas, observamos uma importante comunicação e troca entre os diferentes povos que habitam a bacia, demonstrando a relevância e fecundidade da colaboração intercultural. Acreditamos que a publicação vai gerar informações e análises muito úteis para a valorização presente e futura da diversidade socioambiental da região", ressalta o antropólogo Aloisio Cabalzar, um dos editores da Aru e coordenador adjunto do Programa Rio Negro do ISA.
E o que significa Aru?
Aru é o nome de uma frente fria que alcança a região do rio Negro, ao longo do equador terrestre, em períodos de inverno do hemisfério sul. Nas narrativas de conhecedores de diversos povos rionegrinos, Aru é o personagem que ao avançar de leste para oeste remando rio acima, traz dias de frio e chuvisco, fertilizando roças recém-plantadas e fruteiras silvestres, também da beira do rio. São muitas as variações nas narrativas sobre o Aru.
Nesse volume, três textos trazem explicações de conhecedores indígenas sobre o
personagem/fenômeno, além dos registros do conde Ermano Stradelli coletados há mais de cem anos na região e uma explicação de uma climatóloga da Universidade de São Paulo.
A revista será vendida por R$ 20, sendo possível comprá-la via internet pela loja virtual no site do Instituto Socioambiental, na banca do Largo e na Galeria Amazônica, em Manaus, e na loja Wariró, da Foirn, em São Gabriel da Cachoeira (AM).
Serviço
O que: Lançamento da ARU, revista de pesquisa intercultural da Bacia do Rio Negro, Amazônia
Quando: 7/12/2017, à partir das 19h
Onde: Banca do Largo (Largo de São Sebastião, Centro, Manaus-AM)
Juliana Radler
Jornalista do Programa Rio Negro - São Gabriel da Cachoeira (AM)
Juliana Radler
ISA