Tristeza, não tem fim. Felicidade sim.
Lembra aquela música do Vinicius e do Tom Jobim?
"A felicidade do pobre parece grande ilusão do carnaval. A gente trabalha o ano inteiro por um momento de sonho pra fazer a fantasia, de rei ou de pirata ou jardineira pra tudo se acabar na quarta-feira.
Essa quarta-feira de cinzas parece não ter fim para nós brasileiros.
Nunca vivemos num país onde a mediocridade tomasse conta de tudo como agora, nem na época dos generais.
Naqueles tristes anos de chumbo, havia opressão, havia censura, pior, havia a tortura, mas havia resistência, havia luta, havia confronto.
Hoje, não. O que existe é a calmaria, o desinteresse, o "deixa prá lá".
Como disse uma vez o Leonel Brizola, "vivemos a paz dos cemitérios".
Está tudo bem, está tudo tranqüilo.
Mesmo aqueles, um pouco "loucos", que pedem sangue e exigem vingança, como os Moros, os Dalagnols e os Bolsonaros, vão acabar pregando no deserto com seus discursos fascistas, porque o cenário acabará dominado pelos Temers, pelos Padilhas, pelos Gilmars, que exigem que a mediocridade seja instaurada como virtude nacional.
O novo lema da República, em vez do positivista Ordem e Progresso, será Moderação e Subserviência.
Vamos ser suavemente moderados, aceitando passivamente o assalto que se faz aos poucos direitos que os trabalhadores ainda detinham.
Vamos ser subservientes aos mais ricos, aos mais ousados, aos mais práticos, e de preferência aos que falam inglês.
Nada de revoltas.
Revolução?
Isso é coisa antiga, fora de época, démodé.
A inconfidência Mineira, a Legalidade, as Diretas Já, ficam bem nos livros de história (ainda que com algumas novas correções), mas na vida real só vão atrapalhar os fins de semana, quando o melhor programa será sempre assistir o Domingão do Faustão.
Quando quisermos saber o que está acontecendo, basta ligar na Rede Globo e aqueles seus comentaristas explicam tudo.
E o Lula?
Que Lula?
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS