Tragédia de Orlando, o Surto da Política dos Estados Unidos

Enquanto o governo dos EUA e seus aliados apoiarem o Taliban, a jihad e o Estado Islamita no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia e em outras partes do mundo, nem o Afeganistão nem outros países muçulmanos estarão a salvo dessa praga mortal, nem os Estados Unidos e os países europeus

Comunicado da Revolutionary Association of the Women of Afghanistan (Rawa, Associação Revolucionária das Mulheres do Afeganistão), que vive no anonimato lutando contra os fascistas religiosos locais e contra a ocupação norte-americana, que há 16 anos apenas joga mais gasolina sobre o fogo de um dos países mais perigosos do planeta, especialmente para mulheres e meninas - www.rawa.org

Tradução de Edu Montesanti

Omar Mateen, norte-americano de 29 anos de ascendência afegã, matou 49 pessoas e feriu dezenas de jovens em um clube gay em Orlando em junho do ano passado, e em seguida foi morto pela polícia. Aquele terrível ataque terrorista não encontrou precedentes na história dos tiroteios em massa no país norte-americano.

As grandes diferenças de classe, as guerras dos EUA em todo o mundo, as políticas discriminatórias do governo de Washington em relação aos afro-americanos e a outras minorias, a falta de controle de armas e outros fatores semelhantes levaram ao surgimento de tais tragédias nos "países avançados e mais ricos do mundo", que são cada vez mais comuns. O que distingue o atirador Orlando, no entanto, é o fato de que ele e sua família são afegãos.

Omar Mateen foi questionado pelas autoridades norte-americanas sobre suas ligações com os dois irmãos chechenos envolvidos no ataque em Boston em abril de 2013. Em 2014, o FBI investigou suas possíveis ligações com Abu Saleha Munir Muhammad, membro do grupo terrorista Al Nusra na Síria. No entanto, em ambas as vezes o FBI descobriu que o contato "mínimo" entre Mateen e os grupos terroristas não representavam nenhum perigo. Apesar disso, seu nome foi incluído em duas listas de terroristas e ele esteva sob vigilância por agências de segurança. A loja que vendia armas de fogo também suspeitou das compras, e relatou tal fato duas vezes ao FBI. A cada dia que passa, surgem novos detalhes que apontam para a negligência das autoridades norte-americanas para Mateen.

Essas questões sugerem como o atirador, apesar de suspeito, pôda continuar seu trabalho na empresa G4S de segurança (maior do mundo), e como pôde comprar armas tão facilmente. Por que ninguém levava em consideração as queixas de um de seus colegas na empresa, que dizia que Omar odiava negros, mulheres, homossexuais (embora testemunhas digam que Omar era gay) e judeus, e que queria matá-los? Por que o complicado sistema dos Estados Unidos não investiga as alegações de Sitara Yusufi, ex-esposa de Omar que viveu com ele por apenas quatro meses, quem disse que ele era um homem de mau temperamento que regularmente batia nela por pequenas coisas, como por não ter lavado as roupas. Por que as autoridades dos EUA não se preocuparam com o comportamento desumano, ao estilo taliban e jihad, de um norte-americano com a esposa? O que é mais importante, por que o pai de Omar, Siddique Mateen, quem afirmou ser o presidente do Afeganistão, escapou da investigação do FBI e de outras agências de segurança quando dirigia programas como "Jirge Durand" "(Assembleia Durand) na TV "Pajame Afghan" (Mensagem Afegã) nos EUA, e abertamente apoiou membros do Taliban chamando-os de "nossos irmãos combatentes" que estão lutando contra o Paquistão e contra o governo afegão? Por que os EUA têm permitido que canais de TV de Gulbuddini e dos taliband, como "Payame Afeghan" propaguem abertamente e justifiquem o extremismo? Tratam-se de dezenas de perguntas neste sentido, que passam pela mente de todos.

As respostas para as perguntas acima são, na verdade, as seguintes: as agências de inteligência nos EUA, especialmente depois da invasão soviética, levou milhares de afegãos para debaixo de suas asas a fim de treiná-los para que pudessem ser usados ​​pela CIA no futuro, para defender os interesses dos EUA no Afeganistão. Hoje, vemos pessoas como Zalmai Khalilzad, Yusuf Pashtoon, Anwar ul Haq Ahadi, Ashraf Ghani, Farooq Wardak, Omar Zakhilwal, Jawad Tayyab, Hamid Karzai, Rahim Wardak, Omar Daudzai, Nadir Nadiri, Omar Samad, Amrullah Saleh, Wahid Omar, Yusuf Nooristani Siddique Siddiqui, Assadullah Zamir, e dezenas de outros que atuam como espiões e traidores famoso, e têm servido como presidentes, ministros, embaixadores, conselheiros, porta-vozes e representantes do regime fantoche dos Estados Unidos no Afeganistão ao longo dos últimos 16 anos.

Siddique e Omar Mateen Mateen não foram expulsos pela CIA antes do crime ocorrer, e antes Omar jurou fidelidade ao Estado Islamita porque planejava usá-los um dia no Afeganistão, na Síria ou em algum outro desafortunado lugar. Como os Estados Unidos, o Reino Unido não puniu indivíduos como Khalil Hashemian, Ishaq Nigargar, Nabi Misdaq, General Rahmatullah Safi, Abdul Malik, rivais de Rashid Dostum, Siddique Chakari, Bashir Ansari, Omar Khitab, Simin Omar Qadir Fitrat, Rahmatullah Hashemi e outros, para apoiar o Taliban e a ideologia de "facções", tanto na teoria como na prática, mas protegeu estes seus leais lacaios para que posteriormente fossem impostos ao nosso povo algum dia. Os Estados Unidos agem com desavergonhado e com incrível cinismo nesta questão. Omar Zakhilwal, quem serviu como ministro das Finanças afegãs, lamentou oficialmente a morte do Mullah Omar e esteve envolvido em corrupção financeira; além disso, atacou uma mulher nepalesa com Farooq Wardak e Wais Barmak. A CIA não só permitiu que Omar Zakhilwal continuasse trabalhando como ministro, mas que posteriormente fosse nomeado consultor financeiro de Ashraf Ghani, então embaixador no Paquistão.

Isso está em consonância com a política da CIA, que promove o fundamentalismo que hoje Gulbuddin, um dos assassinos e traidores mais sujos e infames dos últimos quarenta anos, leva a Cabul em troca de uma participação no poder porque esse criminoso selvagem prometeu à CIA, novamente, que será o agente leal da Casa Branca assim como já foi, no passado, Por isso, a mão está aberta aos crimes de crueldade, ao derramamento de sangue, à tirania e ao contrabando. Não é de admirar que Zalmai Khalilzad tenha dado tapinha nas costas deste que ataca mulheres com ácido.

É bem possível que algum dia Siddique Matin, que descaradamente defendeu seu filho assassino em uma típica linguagem taliban-jihad, também entrará em Cabul como Gulbuddin, exibindo habilidades de inglês e obtendo uma posição oficial no governo.

 

Uma nova onda de hostilidade para com os afegãos e muçulmanos acomete os Estados Unidos em parte por causa da propaganda, mas o que a mídia dos EUA não questiona é por que o governo dos EUA libera terroristas sanguinários das prisões de Guantánamo e de Bagram, para trazer miséria à nossa sofrida sociedade. Continua apoiando assassinos fundamentalistas, e os usa contra a independência, a democracia, a justiça e a liberdade das mulheres no Afeganistão apesar de, diversas vezes, alguns desses cães treinados, em um surto de suas "emoções", inspirados no Taliban e no Estado Islamita atacaram os norte-americanos também. Por que os Estados Unidos, sob o vigoroso disfarce de "democracia, dos direitos das mulheres e dos direitos humanos", usa grupos terroristas no Iraque e na Síria contra Bashar Assad? Por que os Estados Unidos substituíram o Taliban por criminosos jihadistas, e agora estão trazendo de volta seu Taliban para cumprir os principais objetivos de Washington na região e no mundo?

Obama visitou Orlando para oferecer condolências às famílias das vítimas, mas enquanto o governo dos EUA e seus aliados apoiarem os elementos Taliban, a jihad e o Estado Islamita no Afeganistão, no Iraque, na Síria, na Líbia e em outras partes do mundo, nem Afeganistão e nem outros países muçulmanos estarão a salvo dessa praga mortal, nem os EUA e nem os países europeus. Como disse Omar Mateen, o povo dos Estados Unidos vai chorar por seus entes queridos novamente. Só com a destruição da máquina de guerra e das políticas de intimidação, reacionárias e fundamentalistas dos Estados Unidos, as pessoas de todo o mundo serão libertadas do pesadelo das ações dos fascistas religiosos.

 

Edu Montesanti

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey