O cientista político, filósofo e diplomata Sérgio Paulo Rouanet se despedirá da Cátedra Olavo Setubal de Arte, Cultura e Ciência, da qual foi o primeiro titular. Ele passará o posto ao arquiteto Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake, que assume a vaga em cerimônia no dia 17 de março, às 10h.
Para marcar o encerramento da primeira gestão da cátedra, Rouanet coordenará e participará de uma mesa-redonda sobre a obra de Machado de Assis, acompanhado por outros especialistas no escritor. O encontro acontece no dia 16 de março, às 14h30, na Antiga Sala do Conselho Universitário da USP, com transmissão ao vivo pela web. Para participar presencialmente é necessário realizar inscrição prévia.
Além de Rouanet, participarão da discussão o crítico literário Alfredo Bosi, editor da revista Estudos Avançados e professor emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP; Hélio Guimarães, professor de literatura brasileira na FFLCH e editor da revista eletrônica Machado de Assis em linha; e as pesquisadoras Irene Moutinho e Silvia Eleutério, que trabalharam com Rouanet na concepção da coletânea Correspondência de Machado de Assis, publicada pela Academia Brasileira de Letras e Biblioteca Nacional em cinco volumes entre 2008 e 2016.
Um dos pontos de partida da mesa-redonda no IEA, a obra reúne cartas trocadas por Machado de Assis com interlocutores como Quintino Bocaiúva, Joaquim Nabuco, Salvador de Mendonça, Joaquim Serra e Mário de Alencar. A outra perspectiva de análise a ser abordada no encontro será a forma shandiana, conceito construído por Rouanet a partir de Lawrence Sterne, Diderot, Xavier de Metre e Almeida Garret e atribuído à obra de Machado de Assis em "Riso e Melancolia" (Ed. Companhia das Letras, 2007). A forma shandiana é, segundo Rouanet, "caracterizada pela hipertrofia da subjetividade, pela fragmentação e digressividade do texto, pelos paradoxos espácio-temporais e pela mescla do riso e da melancolia".
A Cátedra
A posse de Sérgio Paulo Rouanet na Cátedra Olavo Setubal se deu no dia 17 maio do ano passado com a conferência A Modernidade e suas Ambivalências, quando ele discutiu a modernidade a partir de seu lastro proveniente dos ideais iluministas. Ao longo de 2016, o titular também foi conferencista ou coordenou atividades da Cátedra sobre a arte nas visões kantiana e de Walter Benjamin, sobre a relação entre cinema e psicanálise, e sobre as fronteiras da ciência - disciplinares, religiosas e morais, nacionais e culturais.
Iniciativa do IEA em parceria com o Itaú Cultural, esta é a primeira cátedra de arte e cultura da USP. O objetivo é fomentar reflexões interdisciplinares sobre temas acadêmicos, artístico-culturais e sociais nos âmbitos regional e global. Com duração mínima de cinco anos, a cátedra é sediada no IEA e composta por dois programas: Redes Globais de Jovens Pesquisadores e Líderes na Arte, Cultura e Ciência, que teve Rouanet como primeiro titular.
No Itaú Cultural, a cátedra foi uma das iniciativas da comemoração dos dez anos do Observatório, completados ano passado. Criado em 2006 com o objetivo de promover reflexão e conhecimento de questões referentes à gestão, economia e políticas culturais, o Observatório Itaú Cultural é um espaço que coleta, organiza, sistematiza, torna compreensível e difunde informações sobre a cultura, atuando como um instrumento para o desenvolvimento de políticas culturais plurais.
O Observatório tem suas ações estruturadas no tripé: formação, difusão e pesquisa. A formação de quadros profissionais é uma exigência para a realização de investigações com qualidade, além de colaborar para a redução da carência de profissionais especializados nos processos de gestão cultural. Assim, o programa oferece - desde 2009, por meio de uma parceria com a Universidade de Girona (Espanha) - o curso de especialização em Gestão e Políticas Culturais. Além dessa iniciativa - gratuita e com caráter de pós-graduação -, o Observatório realiza a Semana de Gestão e Políticas Culturais, curso livre que já contribuiu para a capacitação de agentes e gestores do setor da cultura em cidades de todas as regiões do país.
Olavo Setubal
Olavo Egydio Setubal (1923-2008) teve destacada atuação como empresário, banqueiro e político e por onde passou promoveu o acesso à cultura. Na vida pública e privada, atuou definindo caminhos para o país e com uma trajetória engajada no crescimento econômico aliado às contrapartidas sociais.
Prefeito de São Paulo de 1975 a 1979, entre outros feitos, implantou a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo, revitalizou a atuação oficial no movimento cultural, abriu o Teatro Municipal a espetáculos populares e reformou e recuperou importantes construções no centro da cidade, como a Biblioteca Mario de Andrade. Idealizou e fundou o Instituto Itaú Cultural, em 1987, e o presidiu até 2001.
Fernanda Rezende
Mesa-redonda sobre Machado de Assis
16 de março, das 14h30 às 17h
Antiga Sala do Conselho Universitário - Rua da Praça do Relógio, 109, térreo, Cidade Universitária, São Paulo
Evento público, gratuito e com transmissão ao vivo pela internet
Inscrições prévias
Informações com Cláudia R. Pereira, pelo telefone (11) 3091-1686
Página do evento
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