ONGs portuguesas manifestam pesar pelo falecimento de Fidel Castro

Falecido no passado dia 25 de Novembro, Fidel Castro foi uma figura ímpar que marcou e inspirou muitas Organizações Não Governamentais em solo português, o PRAVDA.ru tomou a liberdade de efectuar uma recolha das manifestações de pesar que vieram a público nas redes sociais, em comunicados enviados à imprensa e nas páginas oficiais de várias associações e organizações portuguesas que não quiseram deixar de assinalar a data.

 

Nuno Afonso

 

Em comunicado emitido no passado dia 26 de Novembro, o Conselho Português para a Paz e Cooperação expressou "o seu pesar pelo falecimento de Fidel Castro, líder da Revolução Cubana [...] aos 90 anos de idade".

 

O CPPC dirigiu "as suas condolências ao Governo, ao Movimento Cubano pela Paz e pela Soberania dos Povos e ao povo cubano neste momento de dor", recordando que "ao da sua vida, Fidel Castro foi um abnegado lutador pela Paz, a soberania, a democracia, a liberdade, o progresso social, pelo desarmamento nuclear, a justiça, a cultura, a amizade e cooperação entre os povos, pela causa libertadora dos trabalhadores e dos povos de todo o mundo."

 

Afirmando que "o seu exemplo permanecerá para sempre na memória de todos os amantes do progresso, justiça social e paz", a direcção do Conselho Português para a Paz e Cooperação afirmou que irá continuar a luta "pelos mesmos ideais que o orientaram, tomando o seu percurso de vida como um exemplo de compromisso com a justiça social e com a defesa da Paz", terminando o comunicado com um "até à vitória, sempre!"

 

Associação de Amizade Portugal-Cuba

 

Em comunicado publicado no seu Facebook, a AAPC evocava "morreu Fidel Castro, um dos grandes homens do século XX, figura fundamental e incontornável da América Latina e do mundo", expressando "o seu profundo pesar ao povo de Cuba, ao Governo e ao Partido Comunista de Cuba e ao Presidente Raul Castro bem como à restante família de Fidel Castro."

 

A AAPC fez recordar que este era um "h Homem de grande sensibilidade, humildade e sempre ligado ao seu Povo e à luta e emancipação dos povos. Incansável lutador, revolucionário, líder da Revolução Cubana, homem de convicções", recordando a "sua coerência, determinação, sentido de justiça e apego aos valores do progresso social, da paz, da solidariedade internacionalista e do socialismo".

 

Do comunicado: "O Comandante parte hoje, após uma vida inteira dedicada ao seu povo e à sua pátria, mas a sua principal obra, o seu principal legado permanece bem vivo: a Revolução Cubana, com as suas extraordinárias conquistas em áreas como a educação, a ciência, a saúde e no acesso à cultura, entre muitas outras; e o seu povo, de onde veio e ao qual sempre se manteve profundamente unido, povo que prossegue com coragem, determinação e assinalável capacidade criadora, o caminho da defesa da Pátria Cubana, resistindo aos mais poderosos ataques, nomeadamente o bloqueio económico dos EUA contra Cuba.

 

Fidel Castro ficará na História como uma das personalidades mais marcantes do Século XX, não só pelo seu papel central na libertação de Cuba da terrível ditadura de Fulgêncio Batista, na condução da Revolução Cubana, mas também como um revolucionário que abraçou sempre as mais justas causas em defesa de todos os povos do Mundo e da Humanidade. A dedicação com que na recta final da sua vida se debruçou sobre questões como a paz ou o ambiente são disso exemplo, mas são sobretudo demonstradas na postura do Estado e do povo de Cuba face ao Mundo exemplo primeiro de solidariedade e de internacionalismo, em primeiro lugar para com todos os povos da América Latina, mas também com todos os povos do Mundo.

 

Fidel parte no dia de hoje, mas os seus ideais, o seu pensamento e o projecto de uma sociedade socialista permanecem na acção e na luta de todos aqueles que não se conformam com um Mundo marcado cada vez mais pela ofensiva do imperialismo, pelas injustiças, pela guerra e pela degradação do ambiente. O pensamento de Fidel Castro é ainda hoje mais importante quando o Mundo vive numa grande instabilidade, quando os povos estão confrontados com os riscos de conflito de grandes proporções, quando páginas negras da História surgem novamente no horizonte - como o fascismo - e quando os povos da América Latina - cujos processos progressistas se inspiraram na revolução cubana - são novamente alvo de uma violenta contra-ofensiva imperialista visando os seus direitos e soberania.

 

Todos aqueles que prosseguem a luta contra as injustiças, pelo progresso, a solidariedade e a paz, viram hoje partir um grande amigo solidário! Mas esses, nos quais se inclui a Associação de Amizade Portugal Cuba, irão dar seguimento ao seu legado, honrando dessa forma a sua memória e percurso de vida inigualáveis. Morreu o Homem, mantem-se o projecto."

 

KFA Portugal

 

Já a delegação portuguesa da Associação de Amizade com a Coreia, nomeadamente KFA Portugal - Associação de Amizade Luso-Coreana, tornou público o seguinte parecer, assinado pelo líder internacional da mesma, Alejandro Cao de Benós, ilustrado com uma foto do encontro entre Fidel Castro e Kim Il Sung:

 

"O Comandante Fidel castro lutou por um ideal popular e foi um grande amigo da República Popular Democrática da Coreia. Esperemos que os seus camaradas não abandonem os objectivos conquistados após tanto sacrifício. Que Cuba desenvolva a via até ao socialismo soberano e não se deixe enganar pelos monos em Miami. Boa viagem até ao outro mundo!" 

 

Le Monde Diplomatique - edição portuguesa

 

Na sua página oficial, a edição portuguesa do mensário geopolítico afirmava o seguinte: "Na segunda cimeira da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), a 29 de Janeiro de 2014, os dirigentes dos trinta e três países da região proclamaram Fidel Castro como «guia político e moral da América», um título que ilustra a estatura singular do «líder máximo».

 

Qual David moderno, este homem encarna a resistência contra o Golias norte-americano. Da invasão e das tentativas de assassinato ao bloqueio económico e ao financiamento da oposição, Washington terá tentado tudo para derrubar os «barbudos» chegados ao poder em 1959 e para demonstrar o perigo que as suas ambições encerravam."

 

Prosseguindo, "Cuba tem quase a mesma população que o seu vizinho Haiti. Isto dá uma ideia do que o país poderia ter sido, sem a revolução, em termos de educação, saúde, orgulho nacional e de prestígio internacional. Que país não está hoje representado em Havana por diplomatas talentosos? Este tipo de reconhecimento, alimentado pela epopeia de uma das maiores revoluções da história da humanidade, assentou em homens fora do comum. No início, eles eram apenas um punhado de homens. Fidel Castro foi um deles."

 

Colectivo Mumia Abu-Jamal

 

Na ocasião da morte de Fidel Castro, este colectivo lisboeta achou de bom tom reproduzir "um pequeno texto de Mumia sobre este revolucionário cubano", intitulado de "Que vida Fidel! Que viva a revolução cubana!", assinado pelo revolucionário estadunidense que dá nome a este colectivo nacional, Mumia Abu-Jamal, o qual reproduzimos abaixo.

 

"10 de agosto de 2006., as notícias recentes da doença do presidente cubano Fidel Castro, desencadearam ondas de alegria macabras em Miami e na casa branca. O show de gente a dançar nas ruas de Miami ao compasso das notícias da saúde precária de Fidel era muito desagradável. Poucos de nós, que crescemos sob a propaganda que passa por notícias e divulgada pelos meios capitalistas de informações, temos uma idéia real sobre castro ou sobre as imensas conquistas sociais de Cuba, apesar de viver sob a constante ameaça de invasão e destruição Parte dos Estados Unidos. Como um que estuda a história, eu sempre me sinto muito surpreso e triste com o pouco que sabemos de outros povos, especialmente aqueles que estão tão perto de nós, como em Cuba.

 

Se o governo americano em verdade apoiasse democracias, em vez de ditaduras, o nome Fidel Castro talvez nunca tivesse nos conhecido. Isso Porque Castro, quando jovem recém-Graduado da escola de direito, tentou ser eleito para o Senado de Cuba como candidato por um "Governo limpo". sua plataforma se opunha à repressão política, a corrupção, e a forma como as instituições Mais importantes de Cuba haviam sido compradas pelas elites da máfia americana. Falou abertamente contra os políticos vende-Pátria e também denunciou à imprensa porque os jornalistas eram comprados com "Garrafas". opôs-se à corrupção das cortes de justiça. Agora, imagine, quem apoiava o governo dos Estados Unidos? Estados Unidos apoiava o ditador Fulgêncio Batista, um homem cuja brutalidade e corrupção eram lendárias. Tendo em conta os desafios legais que apresentava o jovem Castro, sua escolha foi bloqueada pelo regime de Batista, e Castro aprendeu que não havia maneira legal de se opor ao regime. Estados Unidos sempre preferiu a seus brutais fantoches que democratas, e isso torna-o em todos os continentes do mundo.

 

De que também nós não ouvimos é das ações dos EUA contra Cuba, que só podem ser chamadas " terrorismo." quer seja sob a operação Pluto, ou a operação mangusto, ou a operação JM-Wave, Estados Unidos tem bombardeado fábricas , complotado derrocamientos, planejado e tratado de realizar assassinatos, trabalhou com o crime organizado, destruiu culturas e outros crimes. Os famosos reportagens do Comité Church descobriram vários atentados de assassinato contra Fidel, que foram " coordenados com os chefões da Máfia Meyer Lansky, John Roselli, o Sam Giancana e Santo Traficante," todos os quais eram donos de negócios na ilha. Antes da revolução cubana, a ilha era chamada o "Paraíso da máfia" porque os líderes da máfia eram donos de cassinos, boates, bordéis e também de negócios legítimos, como bancos, companhias aéreas, estações de TV e jornais. Por exemplo, só em um período de 8 MESES, em 1961, a cia cometeu 5,780 Atos de sabotagem e terrorismo contra Cuba, incluindo vários atentados de assassinar o presidente cubano.

 

A repressão, brutalidade e corrupção que o governo dos Estados Unidos em Cuba forçou a Fidel e a milhões de cubanos a tornarem-se revolucionários e a não seguir o caminho americano. Uma vez revolucionário, Fidel se tornou internacionalista, ajudando a todos os que lutam pela sua liberdade ao redor do mundo.

 

Nos meses finais de 1975, quando os exércitos do regime racista da África do sul invadiram angola, foi Cuba que enviou 18,000 Soldados para ajudar o país sitiado africano. No fim do ano, 36,000 Soldados cubanos e seus aliados angolanos, derrotaram o exército da África do Sul no campo de batalha, forçando-os a retirar-se, pela primeira vez na história do regime dos brancos da África do Sul. Fidel diria depois, " foi a praia Giron Africana!," em referência à vitória de Cuba contra os Estados Unidos em playa giron, também conhecida como a baía dos porcos. (naturalmente, o governo dos Estados Unidos apoiou a África do Sul e vários outros exércitos terroristas, como o FNLA e a UNITA.)

 

Ainda quando pode ser verdade que Fidel está doente, também é verdade que ele e a revolução que ele ajudou a guiar, são uma força para o bem de todo o mundo, ao lado dos oprimidos, não dos opressores. Estiveram ao lado da liberdade, não da escravatura.

 

Pense você por um momento: quantas pessoas no Vietnã, no Chile, na Argentina, na África do Sul, no Iraque, na Palestina tem sofrido desnecessariamente devido às acções, à exploração, ao apoio de ditadores, às guerras secretas de repressão, Parte dos presidentes dos Estados Unidos nos últimos 50 anos. Quantos assassinatos, eleições roubadas, guerras secretas, bombardeios, etc., etc., foram traçados nas tocas da casa branca contra os povos do mundo? Por isso, hoje quero me unir aos nossos amigos cubanos e com eles dizer: que viva Fidel! Que viva a revolução cubana! Venceremos!"

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey