Em sermão anticapitalista, bispo alerta sobre retrocessos no Brasil
Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito da Diocese de Blumenau, fez um sermão, no dia 7 de setembro, em defesa dos trabalhadores e repleto de críticas ao sistema capitalista, que classificou como "explorador e sem vergonha, responsável pela miséria de milhões no mundo". Durante missa no Santuário Nacional de Aparecida, em São Paulo, ele chamou a atenção para a desigualdade de renda no país e o quadro que se delineia de ataque aos direitos trabalhistas e previdenciários no país.
Na sua fala, destacou que a crise econômica não golpeia apenas o Brasil. Trata-se de uma crise "dos grandes países do mundo", causada pelo "sistema capitalista liberal que nos domina", afirmou. E condenou "os exploradores do povo", "que ficam comendo caviar, enquanto o povo nem pelanca de galinha tem".
"Agora, os bancários estão em greve e nós estamos do lado deles. Porque banqueiros acumulam fortunas e, quando se trata de aumentar os salários, é aquela disputa que faz com os bancários entrem em greve. Parabéns! Vamos lutar ao lado de vocês, porque Jesus está ao lado dos pobres e dos explorados", disse.
Depois de mencionar recente sermão do papa Francisco, que se referiu ao "momento triste" que o Brasil enfrenta, Dom Angélico fez referência à miséria que persiste no país e a políticos e industriais corruptos.
"Jesus quer que a gente tenha vida, vida de gente, em plenitude. (...) Isso significa casa, comida, trabalho e salário digno. É uma vergonha que os executivos ganhem 30, 40 mil por mês e, além disso tenham mordomias, e o salário mínimo nem chegue a 900 por mês. Dá para dormir diante da injustiça?", questionou.
Sem citar nomes, ele disse ainda que os que agora ocupam cargos de poder sinalizam mudanças prejudiciais aos trabalhadores. "[Querem] até que leis trabalhistas, conquistadas com suor e sangue através dos anos, sejam deixadas de lado para favorecer aqueles que detêm o poder econômico. E tem mais: cuidado com aquilo que vão fazer com a Previdência. Que peguem os privilegiados, e não os que já sofrem no dia a dia!", defendeu, diante de centenas de fiéis.
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