Entre os filmes longa-metragem selecionados para disputar os Ursos de Ouro e de Prata no Festival Internacional de Cinema de Berlim, não há nenhum brasileiro. Felizmente o curta-metragem Das Águas Que Passam, do capixaba Diego Zon, participa de competição.
Por Rui Martins
Parece que a crise vivida atualmente pelo Brasil não é só política e econômica, mas envolve igualmente o mundo do cinema. Dos 23 filmes selecionados para a mostra Competição Internacional do Festival Internacional de Cinema de Berlim (18 concorrendo aos Ursos), considerado o terceiro no ranking mundial dos festivais de filmes, não há nenhum brasileiro.
A última participação do Brasil nessa competição foi há dois anos com Praia do Futuro, de Karim Ainouz, que, embora premiado no Brasil e feito parcialmente na Alemanha, não entusiasmou a crítica internacional.
Essa ausência se tem feito sentir também na competição internacional dos festivais de Cannes e Veneza. No Festival de Locarno, a última participação brasileira foi há dois anos com Ventos de Agosto, de Gabriel Mascaro, premiada com uma menção honrosa.
O México e a Argentina têm mostrado melhor aceitação internacional nesses quatro festivais, embora este ano também não haja filme argentino na principal competição de Berlim.
Entretanto, a ausência brasileira não é só na competição, ocorre na mostras Panorama e Forum, onde tinham se sobressaído o filme de Anna Muylaerte, Que Horas ela Volta, e, há dois anos, o filme de Daniel Ribeiro, Hoje Eu Quero Voltar Sozinho.
Foram selecionados filmes da Bélgica, Bósnia e Herzegóvina, Canadá, Dinamarca, França, Alemanha, Irã, Itália, México, Holanda, Nova Zelândia, China Filipinas, Polônia, Portugal, Singapura, Suécia Tunísia, Inglaterra e Estados Unidos.
O único filme brasileiro em competição no Festival de Berlim é o curta-metragem Das Águas Que Passam (Running Waters), do diretor capixaba Diego Zon. Filmado em março de 2015 ,na Vila de Regência, em Linhares, Das Águas Que Passam acompanha o pescador Zé de Sabino. A narrativa se aproxima da natureza de seu trabalho e de suas relações com o local e as pessoas que o cercam. O filme também tem como cenário a foz do Rio Doce e a costa marítima da região.
Catorze jovens cineastas brasileiros, entre diretores, produtores, roteiristas, atores, participam da promoção Jovens Talentos, pela qual o Festival leva a Berlim 300 jovens cineastas de 79 países.
Rui Martins estará em Berlim do 10 ao 21 de fevereiro, convidado pelo Festival Internacional de Cinema.
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O curta-metragaem Das Águas Que Passam, do capixaba Diego Zon, mostrando o pescador Zé de Sabino, é o único filme brasileiro em competição no Festival de Cinema de Berlim.