Guerra geofinanceira cria novos fatos geopolíticos em campo

24/2/2015, Comentário Semanal, Conflicts Forum 26/12-2/1/2015
http://www.conflictsforum.org/2015/the-geo-financial-war-places-new-geo-political-facts-on-the-ground/


 "Morte da ordem mundial de Bretton Woods (...) e começo do fim do papel dos EUA como eixo central da economia global" (Bloomberg)


Numa entrevista à NPR dia 29/12, o presidente Obama disse da Rússia que "a economia deles já está contraindo e o capital já estava fugindo de lá mesmo antes do colapso do petróleo. Parte do nosso pensamento nesse processo foi que a única coisa que ainda mantinha a economia deles à tona era o preço do petróleo", disse o presidente Obama (itálicos nossos). E Obama continuou: "Entendemos que, se fôssemos firmes na aplicação das sanções, como fomos, com o tempo as sanções tornariam a economia russa suficientemente vulnerável, a ponto de que, se houvesse dificuldades com o preço do petróleo (...) eles teriam enorme dificuldade para lidar com isso (...) Numa questão como a Ucrânia, temos de ser firmes contra os russos [como temos sido] ultimamente, a grande vantagem que nós temos sobre a Rússia é que temos uma economia dinâmica, vital, e eles não têm. Eles dependem de petróleo; nós dependemos de petróleo, iPads e filmes, e muito mais, a lista é longa."

Assim o próprio presidente mostrou as fundações que mantêm unido o arco da política externa dos EUA: é a guerra geofinanceira de vida ou morte contra a Rússia, que está definindo geoestrategicamente a política, particularmente para a Europa e o Oriente Médio.  Muito depende do resultado dessa política - e de se esse "nosso pensamento" faz algum sentido ou se foi absolutamente mal construído. 

Se está correta a análise na qual repousa essa política (a diversidade e a solidez da economia ocidental versus a pressuposta maior vulnerabilidade da Rússia a uma queda nos preços da energia), a economia russa enfraquecerá ou implodirá, mas, muito mais importante, a Rússia como visão de uma ordem global diferente e como desafiante potencial terá sofrido golpe possivelmente fatal -, e aliados da Rússia (como Irã e Síria) terão sido enfraquecidos.

Mas, por outro lado, se o governo dos EUA errou no cálculo das próprias fragilidades - e das fragilidades da União Europeia - ao impacto de uma guerra dos preços do petróleo numa exposição do sistema financeiro ocidental, da ordem de (como se suspeita hoje) $40 trilhões (dos quais se avalia que $4 trilhões seriam dívidas derivadas especificamente dos negócios de energia assumidas pela meia dúzia de maiores bancos com sede nos EUA) - e que se crê que sejam apostas feitas na direção absolutamente contrária do que hoje se vê nos atuais preços do cru -, nesse caso as consequências adversas, e que podem ser realmente devastadoras, podem operar na direção oposta à que os EUA calcularam, e para grave prejuízo do Ocidente. Em resumo, estamos envoltos nas incógnitas de uma aposta descomunal, que afetará todos nós.

Não temos intenção de discutir aqui as vulnerabilidades financeiras respectivas. Só queremos registrar que as forças e as fragilidades econômicas não são nem estão, nem de longe, assim tão claramente demarcadas como o presidente Obama sugeriu -, absolutamente não. O que interessa anotar aqui é que todo o sistema geopolítico já está em transformação, enquanto se desdobra aquele grande conflito geofinanceiro.

A base do sistema de Bretton Woods (o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, sobre os quais só os EUA e os EUA sozinhos têm poder de veto) já foi eclipsada. O FMI, vale a pena lembrar, deve atuar como emprestador de último recurso a países com problemas financeiros. Foi concebido para ser a ferramenta para disciplinamento e castigo dos imprudentes - e dos recalcitrantes. E o Banco Mundial e o Banco de Desenvolvimento da Ásia [orig. Asian Development Bank (ADB)] efetivamente dão a Wall Street (via o governo dos EUA) alavanca de tremendo poder, com a qual definir o modelo de desenvolvimento (mercado liberal) que se vê implantado pelo mundo. 

Essas três instituições, mais o status de reserva exigido e aceito para a moeda dos EUA em Bretton Woods, têm sido as ferramentas com as quais os EUA mantiveram seu controle sobre a ordem global. A ferramenta mais nova, assiduamente polida e repolida pelo Tesouro dos EUA, tem sido alegação de que qualquer e todas as transações denominadas em dólar norte-americano, não importa onde ocorra, está sob jurisdição dos EUA e, portanto, está sujeita à lei doméstica norte-americana e aos castigos ali previstos. 

Na semana de meados de dezembro (dias 15 e 16/12), viu-se o rublo cair mais de 10% em cada um desses dias, o que disparou parágrafos infindáveis em todo o 'comentariato' ocidental, de que a Rússia estaria implodindo, e que a implosão rapidamente arrancaria Putin do poder, dois eventos saudados com insopitável alegria no ocidente. Até que se viu que o desenvolvimento real - altamente significativo, além de tectônico - era bem outro. 

No passado, qualquer ataque à moeda, como aconteceu contra a libra esterlina em 1992, sempre acabou em visita humilhante ao FMI, de chapéu na mão (depois de todas as reservas em moedas estrangeiras já terem sido exauridas). 

Agora, diferente daquilo, o rublo estabilizou-se em pouco menos de 60:$1, depois de ter chegado perto dos 80. Um ministro de relações exteriores da China disse mais tarde, na mesma semana, que seu governo preocupou-se com o que viam acontecer com as moedas de Mercados Emergentes, e assustou-se ante o colapso do rublo. Confirmou que a China havia "ajudado nossa amiga Rússia": "Se o lado russo precisa, temos de garantir todo o apoio que pudermos" - disse o ministro chinês. Antes, outros funcionários chineses já haviam proposto à Rússia implementar acordos de swap já negociados pelos dois estados, mas parece que a China, sempre mão-aberta, já intervira para estabilizar o rublo. 

Em resumo: a China, não o FMI, operou como emprestador de último recurso. Fez as funções do FMI, mas ser os 'cordões' que ligam o fantoche FMI a operadores norte-americanos. 

Numa coluna em Bloomberg, lia-se, redigido em tom de tédio, como se a notícia fosse rotina:  


"Graças à China, Christine Lagarde do FMI, Jim Yong Kim do Banco Mundial e Takehiko Nakao do Banco de Desenvolvimento da Ásia podem ficar sem o importante emprego que têm hoje. O movimento de Pequim para resgatar a Rússia, depois da recente ajuda chinesa também à Venezuela e à Argentina, assinala a morte do mundo do Bretton Woods do pós-guerra. Marca também o início do fim do papel dos EUA como eixo da economia global, e o fim da influência do Japão na Ásia. E o que é o novo Banco Asiático de Infraestrutura da China, que puro veneno para matar o Banco de Desenvolvimento da Ásia?"


E o que é - pode-se acrescentar - o Novo Banco de Desenvolvimento dos BRICS [orig. BRICS' New Development Bank (NDB)], se não uma ponte para contornar as doutrinas neoliberais do Banco Mundial para os Mercados Emergentes? 

Tenha ou não a 'corrida' contra o rublo sido 'inspirada' num daqueles almoços informais que o Tesouro oferece em New York para insiders de Wall Street (como acreditam alguns), ou mesmo que tenha sido 'aposta' espontânea de instituições financeiras, o essencial não muda. Todos os que meteram a mão no rublo dia 15/12 queimaram os dedos, e a China obteve ganhos consideráveis, porque tem 'orçamento' gordo o suficiente para derrotar qualquer fundo especulativo ou qualquer 'Soros' que só têm reles poucas centenas de bilhões de dólares para jogar. Não importa o que tenha sido tentado, a China pôs fim à jogatina. Com isso, a China mudou todos os fundamentos da situação real [Obama, sempre pernóstico, diria - se dissesse coisa com coisa -, que a China mudou o "rationale in this process" :-D)))) (NTs)]. 

Mas a Rússia, diferente do que reza o meme presidencial, já não é economia de um só produto: estudo recente mostra que a indústria da energia contribui com apenas 16% para o total das entradas nacionais, e em outros aspectos (razão dívida/PIB, déficit de 1% no orçamento, nível das reservas, etc.), a Rússia sai-se consideravelmente melhor que a maioria dos demais estados europeus, sobretudo desde que a China "apoia a fraqueza russa" (como 'noticia' a imprensa-empresa norte-americana). Assim também, a política russa de deixar que o rublo espelhe a queda dos preços do petróleo, significa que as entradas de suas empresas de energia - em rublos - não caíram. Na verdade, até tiveram leve alta. Isso posto, é claro que a Rússia enfrenta sítio econômico continuado. A economia russa declinou 0,5% em novembro (mas crescera 0,6% entre jan.-out. 2014).

Mas o "rationale in this process" do presidente Obama - que sanções, mais colapso do preço do petróleo, poderiam tornar inadministrável a economia russa - enervou terrivelmente os europeus, que vivem em interdependência muito maior com a Rússia, que os EUA. O que realmente enfureceu a União Europeia foi o 'ataque' ao rublo. Alguns bancos europeus ficariam massivamente expostos, no caso de a Rússia quebrar e dar calote em suas dívidas. Tal evento dispararia gravíssima crise financeira do euro que ainda está 'cozinhando' sem explodir - com eleições na Grécia ainda por acontecer [houveeleições na Grécia dia 25/1/2015, quase um mês depois de redigido esse artigo, com vitória da coligação Syriza, de esquerdaNTs]. Consequentemente, a Europa está mudando de posição em relação à Rússia.


Federica Mogherini (chefe da Política Externa da União Europeia) , em entrevista a La Repubblica dia 29/12 disse claramente que a Europa quer encontrar campo de entendimento comum com a Rússia, e pôr fim à abordagem confrontacional e à guerra na Ucrânia: "Até em Kiev todos só querem ver o fim do conflito". A abordagem de Mogherini foi ecoada pelo presidente Fischer da Áustria, que disse em entrevista a Wirtschaftsblatt:


"A economia russa tem considerável grau de robustez, mas as sanções, sim, trazem problemas também consideráveis (...) Crise séria na Rússia e colapso econômico só criariam mais problemas. As portas entre Europa e Rússia têm de permanecer abertas no campo econômico. A abordagem segundo a qual mais e mais sanções deveriam ser aplicadas contra a Rússia até que estivesse 'suficientemente enfraquecida' para ser obrigada a aceitar os 'objetivos políticos' da União Europeia sempre foi errada."


A necessidade de a Europa atender aos seus próprios interesses, em vez de só obedecer ao que os EUA a mande fazer, foi também reforçada, quando Federica Mogherini chamou a atenção para o fato de que "dados recentes mostram que o comércio entre Rússia e Europa está declinando, ao mesmo tempo em que o comércio entre Rússia e EUA só aumenta". "Declinar" significa que a Alemanha exportou 22% a menos, para a Rússia, no mês de outubro. Grupos empresariais, normalmente forte apoiadores da chanceler Merkel, já estão alertando contra usarem-se meios econômicos contra o governo do presidente Putin: "O ocidente não tem interesse algum em desestabilizar a economia russa ou a política russa" - escreveu o presidente de uma entidade que reúne empresários que mantêm negócios com o leste da Europa.

Mas essa mudança no modo de a Europa tratar a Rússia tem uma segunda linha, a qual, essa também, foi deixada bem clara na entrevista de Mogherini: a Europa está cada dia mais preocupada com a deterioração da situação no Oriente Médio, mais particularmente ao longo das margens sul do Mediterrâneo, da Síria à Líbia. Mogherini disse que "Todos nós sabemos que a Rússia tem papel importante não só na Ucrânia, mas também na Síria, Irã, Oriente Médio, Líbia". 

Não há dúvidas de que a comissária de Relações Exteriores estava sugerindo que a UE bem poderia começar a reparar os danos causados contra a Rússia, adotando o lado russo nas questões do Oriente Médio - lado com o qual são claros os interesses comuns -  que essa seria uma rota indireta pela qual a UE poderia ter esperança de abrir diálogo mais produtivo com a Rússia, sobre a Ucrânia.

Os ministros europeus de Relações Exteriores reunidos dia 11/12, viram possibilidades em tentar uma tática mista, essencialmente não política, apresentada pelo Enviado Especial da ONU Di Mistura, de uma iniciativa para cessar-fogo local, acompanhando o programa dos russos para organizar a oposição interna síria e leva-la ao diálogo com representantes do governo sírio. Para aumentar as chances de a Rússia aceitar a União Europeia como intermediária para costurar as duas iniciativas, os ministros de Relações Exteriores determinaram que fossem deixadas de lado expressões como "Assad tem de sair" e toda a narrativa da exigência de "processo transicional já".

A questão é: será que isso realmente levará a mudanças na super tensionada relação entre a Europa e a Rússia? Há possibilidades, apesar de os líderes russos se mostrarem profundamente decepcionados com a condução da diplomacia da União Europeia. Moscou tem sido muito cuidadosa no processo de deixar abertas portas diplomáticas para as questões do Oriente Médio (até ajudou recentemente os EUA, ao não extrair nenhuma vantagem política do erro político que os norte-americanos cometeram ao vetar um projeto de resolução no Conselho de Segurança que requeria reconhecimento para o Estado Palestino) - e dois ministros de Relações Exteriores, Lavrov e Bogdanov tiveram o cuidado de afastar Washington da linha de tiro, naquela tentativa de encontrar solução política para a Síria.

Washington, embora sempre cética quanto às possibilidades das duas iniciativas (de Moscou e de Di Mistura), ficaria sem dúvida felicíssima se aparecesse algum 'processo-em-nome-do-processo' para dar ocupação à oposição síria e, de algum modo, congelar pelo menos um aspecto do conflito interno - permitindo assim que os EUA mantenham-se concentrados na guerra do ISIL, aliviados das pressões que a Arábia Saudita tem feito sobre o governo norte-americano, além das pressões turcas e de críticos domésticos, que exigem que Obama "derrube Assad" como parte da 'guerra contra o ISIL', porque - dizem aqueles críticos - o sectarismo de Assad e Maliki seria a 'causa' do surgimento do ISIL

Assim se vê que, quanto às chances de a UE inserir-se num relacionamento colaborativo com Moscou, mediante a iniciativa política que está tentando tomar na Síria, as principais objeções virão nem tanto de Washington, mas, mais de Riad. Implica dizer que as ideias de Moscou e as ideias de Di Mistura podem nem alçar voo em Riad ou Ankara. 

Já se sabe que Di Mistura disse a ministros de Relações Exteriores da UE que tinha o apoio implícito da Arábia Saudita. Mas Riad só faz repetir que "Assad tem de sair" , e a Turquia continua a facilitar a entrada de jihadistas em território sírio. 

Um segundo problema para a UE, se tenta casar o cessar-fogo localizado e a iniciativa de Moscou, é que Lavrov é inteligente e esperto o suficiente para saber que estados membros da UE, Grã-Bretanha e França não pararão de insistir em cessar-fogo 'monitorado' por forças internacionais do CS-ONU, ou noutros mecanismos de monitoramento, sejam quais forem, desde que ligados ao CS-ONU". Leia-se aí, sempre, a des-soberanização do estado, sob outro nome: a criação de 'áreas proibidas' sob controle internacional às quais a soberania síria ficaria submetida - e que sempre poderiam ser "ampliadas", até que o estado sírio soberano se tornasse apenas residual. Lavrov sempre terá de objetar a soluções desse tipo, dado que sabe que a soberania é 'linha vermelha' para Damasco.

Entretanto, não é só no Oriente Médio que se poder ver a importância desse compreensível esforço da Europa para forjar relações não confrontacionais com a liderança russa: mais importante, para explicar esse esforço, é a Ucrânia.

Na entrevista do dia 29/12, o presidente explicou claramente seu rationale to the process :-D))))))) com a Rússia: é semelhante ao rationale to the process :-D))))))) com o Irã. A premissa é que quanto mais apertem as sanções, quanto mais coerção e chantagem financeira para enfraquecer a Rússia, e com o tempo, afinal os EUA terão condições para encarar 'o Urso'. 

É a velha fórmula de Reagan: minem as finanças da URSS e, com o tempo, a União Soviética entrará em crise de superdistensão econômica (na corrida armamentista e na guerra no Afeganistão nos anos 1980s). 

Fato é que, apesar da narrativa dominante, de que a queda do preço do petróleo seria evento exclusivamente técnico, todo o mundo não ocidental já sabe que sempre foi, igualmente, arma política. Hoje é na Ucrânia, não mais no Afeganistão, onde os EUA tentam forçar a Rússia, não mais a União Soviética, a entrar em crise de superdistenção. É provável - bem diferente do que interessa à União Europeia, que querem muito encontrar solução pacífica naquela região - que Washington deseje fazer da Ucrânia um ponto de pressão econômica (além de política) eterna contra a Rússia. Como disse Brzezinski, "a Ucrânia é posto avançado do ocidente para impedir a recriação da União Soviética". (...) O presidente Putin compreende bem tudo isso. 

'Analistas' e 'jornalistas' ocidentais, adestrados por alguns políticos nos EUA e na Europa, gritarão que Putin forçou a bancarrota da Ucrânia, para forçar à submissão os líderes ucranianos. As tensões e a retórica subirão. Haverá vozes a exigir mais e mais sanções contra a Rússia. Alguns, em Kiev tentarão extrair vantagens da situação, provocando confrontos no Donbass aos quais a Rússia terá responder militarmente [nesse ponto a 'antecipação' erra: a Rússia não respondeu militarmente e os milicianos neonazistas de Kiev já foram derrotados no Donbass (NTs)]. (...) 

O problema aqui não é que a escalada na guerra venha a implodir a Rússia financeiramente ou politicamente, o que não acontecerá [nesse ponto a antecipação acerta(NTs)]. O verdadeiro risco, aqui, é que a continuação dessa guerra financeira é jogo arriscadíssimo para Washington, porque o 'ocidente' pode resultar super alavancado, além de naufragado num tsunami de papéis podres e dívidas incobráveis desde 2008. De fato, essa escalada pode reverter, de pernas para o ar, toda a tal 'rationale8-D)))))) de Obama. 

Tudo isso para dizer que os EUA podem estar hoje mais vulneráveis a choques econômicos (o que se vê é que os "Quantitative Easing", "alívio monetário contra o estresse do endividamento", a volatilidade monetária e o dólar mantido forte custam peso caríssimo sobre dívida de trilhões denominada em dólares) do que a Rússia - com suas dívidas diminutas e muito ortodoxas. Aí está o não sabido não sabido. 

O único sabido sabido é que a Europa é a parte mais vulnerável desses não sabidos não sabidos. ************

 


NTs ATUALIZAÇÃO, 25/2/2014, Ekathimerini, Atenas:


"Essencialmente, Alexis Tsipras terá de enfrentar dois grupos diferentes: (1) de um lado estão os românticos que contavam com rompimento com a eurozona, na firme fé de que isso legitimaria a Grécia para seguir modelo de crescimento latino-americano, não europeu. Esses combaterão contra o governo de Tsipras, porque entendem que foram traídos. 

E há também (2) os cínicos, que se escondem por trás de uma sacrossante luta anti-resgate, por medo de que acabem privados do tipo de privilégios e da proteção que lhes permitiu enriquecer descabidamente, sem em nada contribuir para aumentar a produção grega. Essa gente quer que o país permaneça na eurozona enquanto eles continuam a operar  em ambiente de estilo dracma - em outras palavras, sem passar por qualquer tipo de controle ou fiscalização - ou voltar, mesmo, ao dracmas, para que pssam continua a viver como nababos numa república de bananas super baratinha. 

Se Tsipras e Varoufakis estão realmente dispostos a fazer valer o que escreveram no mais recente e-mail para a eurozona, a batalha será feroz. Há quantidade imensa de dinheiro em jogo, e as margens de lucro são enormes"  (http://www.ekathimerini.com/4dcgi/_w_articles_wsite3_1_25/02/2015_547604).

 

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey