Os pedidos de entrevista se acumulam sobre a mesa, mas Aydan Özoguz prefere esperar. Ela só quer falar com a imprensa após tomar posse oficial como secretária de Estado para Migração, Refugiados e Integração - algo inédito na Alemanha. Ela é a primeira mulher de origem turca e muçulmana a assumir um cargo-chave no gabinete de governo.
por Deutsche Welle
Fonte: Carta Capital
O presidente do Partido Social-Democrata (SPD), Sigmar Gabriel, afirmou estar "extremamente feliz" com a decisão, ao anunciar a nomeação em 15 de dezembro, na sede de seu partido. O líder social-democrata classificou a escolha de Özoguz como um sinal claro destinado a encorajar cidadãos com origem estrangeira.
Carreira meteórica
A política, de 46 anos, fez uma carreira meteórica. Filha de turcos, nascida em Hamburgo, estudou administração e literatura inglesa e espanhola e adotou a cidadania alemã. Ela começou sua carreira política em 2001 como vereadora. Desde o começo, seu tema principal tem sido a política de integração de estrangeiros. Em 2009, foi eleita deputada federal, tornando-se vice-presidente do SPD em 2011.
Mesmo assim, sua nomeação dentro de um governo da chamada "grande coalizão" unindo conservadores democrata-cristãos e social-democratas é tida como uma surpresa. A Secretaria de Estado que ela vai comandar estava nos últimos anos nas mãos da democrata-cristã Maria Böhmer, alvo frequente de críticas duras da própria Özoguz, que acusava a antecessora de ser "hesitante" e "pouco confiável" em sua política de integração. A social-democrata agora quer imprimir uma nova marca na pasta.
Reações positivas
A Comunidade Turca na Alemanha definiu como "histórica" a decisão. "Ela é bastante versada no que se refere à questão da integração", elogiou o presidente da entidade, Kenan Kolat. Ele acredita, entretanto, que existe o perigo de que ela possa sentir, em seu novo cargo, a necessidade de se distanciar de suas origens. Por isso, propõe que no futuro cargos em outros ministérios também sejam oferecidos a pessoas com
A ONG alemã Pro Asyl chamou a decisão de "sábia". "É bom que o cargo seja agora exercido por uma social-democrata, como contrapeso ao Ministério do Interior, chefiado por um democrata-cristão", disse o presidente da entidade, Günter Burkhardt. Ele espera que Özoguz se dedique com mais afinco que a antecessora ao acesso de refugiados à Alemanha. "Falta segurança jurídica para os requerentes de asilo", aponta Burkhardt. "Esse tipo de questão foi negligenciado no governo anterior."
Mas é improvável que a nova ministra realmente consiga mudar muita coisa. Seu ministério tem, na prática, status de secretaria de Estado, estando diretamente subordinado à Chancelaria Federal, órgão diretamente ligado ao chefe de governo e similar à Casa Civil no Brasil. Seus departamentos e unidades relevantes são distribuídos na Alemanha entre outros órgãos governamentais, como o Ministério do Trabalho e o Ministério do Interior. Özoguz pode assessorar o governo e responder pelos temas de sua alçada diante da opinião pública. Mas não tem poder para propor suas próprias leis.
Autoria Michael Hartlep (md)
Edição Rafael Plaisant
Aydan Özoguz (a segunda da direita para a esquerda) durante reunião de novos ministros na chancelaria alemã, na terça-feira 17 (John McDougall / AFP)
http://www.iranews.com.br/noticia/11382/aydan-zoguz-a-primeira-muculmana-no-governo-alemao