No Museo Casa de África, em Havana, Cuba, artistas brasileiros realizam oficinas e exposições. O Museo Casa de África de la Oficina del Historiador de la Ciudad de la Habana recebe, de 26 de novembro a 15 de dezembro de 2013, o projeto "Artes e Ofícios - Saberes e Fazeres Ancestrais e Civilizatórios".
O Museo Casa de África de la Oficina del Historiador de la Ciudad de la Habana recebe, de 26 de novembro a 15 de dezembro de 2013, o projeto "Artes e Ofícios - Saberes e Fazeres Ancestrais e Civilizatórios", dos artistas-educadores brasileiros Eloísa Marques e Pedro João Cury, visando à capacitação, a difusão e o intercâmbio cultural entre os dois países, Brasil e Cuba. Composto por oficinas de estamparia africana, para adultos, e de desenho e pintura, para jovens entre 8 e 18 anos, o projeto ainda contempla duas exposições: "Arte sobre Tecidos - Estampagem Afro-brasileira e Bordado sobre Juta", com obras dos idealizadores do projeto, e "Rostos e Máscaras - Cultura Popular em São Paulo", do fotógrafo convidado Lucio Lisboa. No dia 14 de dezembro, evento especial marcará o encerramento do projeto com exposição dos trabalhos feitos pelos participantes.
"Artes e Ofícios", ajustado a partir de experiência realizada no Quilombo do Jaó (Oficina de Confecção Bordados e Escola Municipal), na cidade de Itapeva, Estado de São Paulo, tem seu programa fundamentado nos princípios que elegem a Educação pela Estética (Arte-Educação), com oficinas culturais direcionadas a públicos diferenciados. O Projeto ainda se harmoniza com o programa Mais Cultura, dos ministérios brasileiros da Cultura e da Educação, que incentiva o encontro de experiências culturais e artísticas em curso nas comunidades locais e o projeto pedagógico de escolas públicas.
Oficinas: capacitação e vivências culturais.
Por três semanas consecutivas, os artistas oferecerão gratuitamente ao público duas modalidades de oficinas: uma de capacitação, de estamparia africana, e outra de vivência com o desenho e pintura. Realizadas as terças e quintas, nos períodos da manhã e tarde, os artistas também abrirão espaço, às quartas-feiras, para visitas monitoradas a outros grupos interessados.
Capitaneada por Eloísa Marques, a Oficina de Estamparia Africana resgata artes e ofícios que remetem aos afazeres tradicionais ancestrais, fortalecendo as referências culturais africanas. Com dois encontros semanais, serão ensinadas técnicas milenares de estampagem de tecidos por fio tinto, utilizando variados processos de imprimir a estampa sobre os têxteis, como costuras e bordados (adire-alabere) e dobras e amarras (adire-oniko), presentes em países como Burkina-Faso, Camarões, Gâmbia, Nigéria, Senegal e Serra Leoa. A docente espera atingir especialmente os afrodescendentes , assim como faz em seu País, onde atua em comunidade quilombola.
Já as Oficinas de Desenho e Pintura, segundo seu orientador, o artista Pedro João Cury, contribuirão no resgate da memória afetiva. Utilizando papel Kraft e giz de cera com montagem especial de fundo e figura, os alunos trarão para a superfície do papel, simbólicos que expressam sentido e significado peculiar da vida.
Exposições: Arte sobre Tecidos e Cultura Popular
O Projeto "Artes e Ofícios" levará ainda para o espaço Museo Casa de África de la Oficina del Historiador de la Ciudad de la Habana, a mostra "Arte sobre Tecidos- Estampagem Afro-brasileira e Bordado sobre Juta", reunindo 25 obras autorais dos criadores do projeto brasileiro, seis delas compostas em conjunto. Também estarão em exposição peças produzidas por alunas da Oficina de Estamparia Africana realizada no Quilombo do Jaó, entre 2010 e 2013.
Segundo a artista-educadora Eloísa Marques, suas peças são uma parte da produção de quase dez anos de pesquisas e aprendizado sobre estampagem, especialmente a africana que remete aos seus antepassados. "Procurei reunir trabalhos que deem uma ideia das várias possibilidades de interpretação, utilizando técnicas africanas, bordados, aplicações de vidrilhos, entre outras, sobre algodão". Entre as obras, uma mostra da série sobre Orixás e a inusitada "Baobás", a árvore sagrada dos africanos, onde pode unir sua técnica e pensar artístico com os de Pedro João Cury.
Já o artista-educador Pedro João Cury, selecionou obras da sua produção mais recente, buscando expressar sentimentos, sensações, crenças e valores que compõem o civilizatório no que ele tem de ancestral e contemporâneo, numa visão autoral. Feitos em pano de juta com o uso de barbantes, lãs e linhas coloridas oferecem o lirismo de um processo de composição que é análogo ao da vida. "Bordar equivale, nesse sentido, a fazer a sequência da própria trajetória, cuja uma obra espelha uma visão de mundo marcada por um fazer que valoriza o coletivo sem abrir mão da individualidade e vice-versa. Cada ponto é um passo que demanda planejamento, habilidade, técnica e paciência", diz o artista.
Entre as obras, o artista destaca o Estandarte = + ≠ que recebe esse nome não apenas pela sua forma de montagem, mas, principalmente, por portar literalmente uma série de ideias. "Os bordados não são apenas uma obra plástica. Eles constituem uma declaração de amor à educação, à inclusão social, à arte e à vida como jornada plena de desafios a serem enfrentados com trabalho prazeroso", conclui Cury.
Participando do Projeto "Artes e Ofícios" como artista convidado, o fotógrafo Lucio Lisboa traz sua exposição "Rostos e Máscaras - Cultura Popular em São Paulo", onde apresenta 32 dos mais de mil registros que fez, entre 2003 e 2006, acompanhando o trabalho de campo da antropóloga Maria Celeste Mira sobre a renovação do interesse pela cultura popular em São Paulo.
As imagens, produzidas em negativo cor, revelam retratos de pessoas e personagens que compõem as festas tradicionais de cultura popular como as Congada de Nossa Senhora do Rosário, Batalhão de Moçambique de São Benedito, Folia de Reis ou do Divino e assim por diante. São 30 fotos em tamanho 30x45, e uma impressa em canvas, na versão 1,00mx0,90m. "Nessas festas, o fotógrafo procurou resgatar o sujeito dissolvido na coletividade, dando a ele um rosto, uma individualidade, uma expressividade, de cara limpa ou pintada, mesmo quando olha para a câmera por trás de uma máscara", diz a curadora da Mostra, a antropóloga Maria Celeste Mira.
Os registros selecionados para essa exposição foram feitos nos eventos promovidos pela Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo, Abaçaí Cultura e Arte - Programa Revelando São Paulo (Capital e Vale do Paraíba) e Associação Cultural Cachuera! (São Paulo); nas Festas de São Benedito (Guaratinguetá e Aparecida), do Divino (Cunha) e no Festival de Folclore de Olímpia, todos no Estado de São Paulo, na região Sudeste do Brasil.
Serviço
De 26 de novembro a 15 de dezembro de 2013
Projeto "Artes e Ofícios - Saberes e Fazeres Ancestrais e Civilizatórios" - Oficinas e Exposições
Dia 14 de dezembro: Evento Especial para apresentar as peças produzidas pelos participantes das Oficinas
Local: Museo Casa de África de la Oficina del Historiador de la Ciudad de la Habana
Endereço: Calle Obrapia No. 157, e/ San Ignacio y Mercaderes, Havana
Informações: 0021 537 8615798
Grátis
Oficinas:
• Número de participantes: 20 (dois grupos de 10 participantes)
Desenho e Pintura
1. Terças e Quintas - horários a definir
2. Participantes: crianças (de 8 a 14 anos) e jovens (de 15 a 18 anos)
3. Número de participantes: 40 (dois grupos de 20 participantes)
Exposições:
Artista convidado: fotógrafo Lucio Lisboa
Sobre os artistas
Eloísa Marques (elÔ), Jornalista, artista-educadora, culinarista.
Email: elo@eloafricanidade.com.br Telefone: 55 11 9946 7688
Brasileira, jornalista, graduada em Comunicação Social pela FIAM, por mais de 30 anos atuou em órgãos da imprensa e setores público e privado, nas áreas de cultura, social e economia. Entre as empresas, trabalhou na Petrobras, Eletropaulo, RTV Cultura, TV Bandeirante, Casa Paulista de Comunicação, Lide Comunicação, Secretaria de Estado da Cultura, entre outras.
Há dez anos mudou seu rumo profissional, voltando seus olhos para a África, especialmente para os têxteis africanos, para aprender a arte de estampar tecidos, com técnicas que se encontram em extinção.
Para aprimorar seu fazer, buscou conhecimentos em aquarela, xilogravura, serigrafia, fotografia. Ampliou seu repertório acadêmico fazendo cursos de extensão no Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo /Faculdade de Filosofia, Letras e História, da Universidade de São Paulo; e no Museu Lasar Segall, onde integrou o grupo de artistas do Ateliê da Instituição.
Artista-educadora, desenvolveu o projeto Oficina de Estamparia Africana no Quilombo do Jaó, em Itapeva (SP), subvencionado pelo Instituto de Terras do Estado de São Paulo, da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania.
Divulga seu projeto, suas obras e técnicas empregadas por meio de seu site www.eloafricanidade.com.br , onde abraça a temática influenciada pelo universo africano com produções artísticas autorais e de eventos temáticos.
Pedro João Cury
Sociólogo e Cientista Político - FESP, Comunicador, Artista-Educador.
Site: www.igualmaisdiferente.org; Email: pjcury@igualmaisdiferente.org Telefone: 55 11 7727 0778
Ingressa na Faculdade de Engenharia Industrial - FEI, participando da política estudantil e atividades sociais. Abandona o curso de Engenharia e ingressa na Fundação Escola de Sociologia e Políticas - Fesp, tornando-se Bacharel em Sociologia e Ciências Políticas.
Participa de experiências com teatro universitário, Tuca - Teatro da Universidade Católica com as obras: Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto e O & A, trabalho experimental elaborado pelo grupo de universitários com a temática: conflito de gerações.
Atuou nas áreas de Pesquisa e Atendimento em Agências de Publicidade Nacionais e Multinacionais, em Produtoras de Vídeo e em trabalhos de marketing político. Foi professor universitário de Filosofia, Ética na Comunicação e de Criatividade, sendo responsável pela disciplina Criatividade na Associação Profissionalizante (jovens de baixa renda), mantida pela Bolsa de Mercadorias e Futuros - APBM & F- BOVESPA, de 1997 a 2010. Na Escola Municipal Juarez Costa, no Quilombo do Jaó, fez projeto de artes, residindo na escola por 40 dias, onde pode interagir com professores, alunos e a comunidade.
Ampliou seu repertório acadêmico participando do curso de extensão no Centro de Estudos Africanos da Universidade de São Paulo /Faculdade de Filosofia, Letras e História; e no Museu Lasar Segall, com aprendizado em xilogravura.
Orientado por profissionais da área da Arte e da Pedagogia, inicia a construção de uma metodologia em Arte-Educação identificada por Oficina Livre do Conhecimento - OLC e a idealização da Escola de Arte-Educação para a formação do artesão-aprendiz e de gestão em Cooperativas Culturais Criativas Populares.
Atualmente é palestrante, arte-educador (oficineiro) e instrutor em programas motivacionais. Atua com grupos de jovens em situação de risco e na exclusão social, com professores e agentes sociais, com corporações de Guardas Civis Metropolitanos, com funcionários e executivos de Empresas.
Com o lema A ARTE VALE UMA ESCOLA, defende a inserção da arte-educação nas Escolas Oficiais. Através da comercialização dos bordados, desenvolve seu projeto itinerante da Escola = + ≠ (leia-se igual ma (i)s diferente) para a formação do jovem artesão-aprendiz.
Lucio Lisboa, Fotógrafo, Engenheiro Químico.
E-mail: lucio-lisboa@uol.com.br Telefone: 55 11 7267 4700
Engenheiro químico nascido em Angatuba, Oeste do estado de São Paulo, Lucio Lisboa começou profissionalmente na fotografia em 2002, embora tenha feito registros como amador desde a adolescência.
Teve duas exposições montadas em São Paulo: "Um Olhar sobre Havana" (2004) e Olhos Negros (2006). Realizou estudos sobre fotografia com Vera Albuquerque, na Imã Foto Galeria, em São Paulo.
Desde 2002, faz pesquisas e registros fotográficos acompanhando o trabalho de campo da antropóloga Professora Dra. Maria Celeste Mira, da PUC/SP, sobre a renovação do interesse pela cultura popular em São Paulo.
"Rostos e Máscaras - Cultura Popular em São Paulo" é um fragmento do acervo do fotógrafo sobre o tema, hoje com mais de 1.000 registros, captados em negativo cor e PB.