Quem manda em sala de aula: o aluno ou o professor?

Eu fico escandalizado e absurdamente irritado com a incrível frequência com que os noticiários informam sobre agressões físicas sofridas por professores em salas de aula de escolas tanto públicas como particulares, aqui no Brasil. É inadmissível que isto ocorra e nada seja ou possa ser feito! É de dar desespero uma situação dessas!

Por Alessandro Lyra Braga

Eu fico escandalizado e absurdamente irritado com a incrível frequência com que os noticiários informam sobre agressões físicas sofridas por professores em salas de aula de escolas tanto públicas como particulares, aqui no Brasil. É inadmissível que isto ocorra e nada seja ou possa ser feito! É de dar desespero uma situação dessas!

Desde a criação do famigerado ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), que nossos petizes passaram a ter super poderes diante da sociedade. Hoje, um menor de idade pode chegar na escola e surrar seus professores ou até fazer sexo nas dependências escolares sabendo que nada de realmente sério lhe acontecerá. Este estatuto serviu para legitimar nossos jovens meliantes como intocáveis. Já soube de casos de alunos que ameaçaram seus professores com pistolas e nada lhes aconteceu, já que toda a direção da escola temeu diante de explícitas ameaças. Estavam todos de mãos atadas diante do terror.

Hoje, quando um professor chama a atenção de um aluno por estar, durante a aula, "navegando" pela internet com seu celular, ele corre o risco de ser tachado de opressor e de estar interferindo na individualidade do aluno. Se o professor for mais incisivo e tomar o celular, poderá ser acusado ter agredido este "indefeso" aluno. Ou seja, é o próprio sistema voltando-se contra a disciplina da sala de aula, diminuindo a importância do professor, colocando-o como um quase marginal diante dos valores mundanos de hoje em dia, que são levados para a sala de aula com todo o amparo legal. Dessa forma, como o aluno, que já não aprendeu a respeitar a hierarquia em casa, se conformará em respeitá-la em sala de aula. Se a omissão pela educação do aluno começa na família e depois passa pelo Estado, como poderá o professor agir sozinho? O professor acaba ficando perdido e sozinho nesta guerra de trincheiras.

Antigamente, quando um aluno cometia uma indisciplina, chamava-se os pais do mesmo, que, imediatamente, tomavam providências a respeito. Hoje, quando isto ocorre, na maioria das vezes os pais ficam indignados com a escola alegando que estes problemas deveriam ser resolvidos sem que eles fossem importunados e ainda se posicionam em defesa de seus filhos, alegando serem os professores muito opressores e estarem de perseguição com seus filhos. Ou seja, tudo se inverteu. É quase que como o bandido mandando prender o policial. Mas, como resolver isto? Só com muita vontade política em prol de uma boa estrutura educacional. A questão é que esta vontade política é algo inexistente em nosso país, uma verdadeira ficção! Não há político com coragem suficiente para meter a mão neste vespeiro.

Não podemos mais fingir que está tudo normal e que é assim mesmo que deve ser nos tempos atuais. Estamos no limite de não haver mais nada a ser feito, a não ser esperar que a sociedade imploda diante de tanta estupidez. Cabe nos perguntarmos até quando nossos professores irão literalmente apanhar de seus alunos em sala de aula e nada será feito. Já não basta o quanto nossos educadores "apanham" com seus baixos salários e as péssimas condições físicas e pedagógicas de trabalho ?

Para ilustrar minhas palavras, deixo aqui dois vídeos, disponíveis pelo Youtube, de reportagens de duas emissoras distintas de televisão mostrando agressões físicas a professores. Recomendo uma profunda reflexão sobre tais acontecimentos.

*Alessandro Lyra Braga é carioca, por engano. De formação é historiador e publicitário, radialista por acidente e jornalista por necessidade de informação. Vive vários dilemas religiosos, filosóficos e sociológicos. Ama o questionamento.

 

http://www.debatesculturais.com.br/quem-manda-em-sala-de-aula-o-aluno-ou-o-professor/

 


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Timothy Bancroft-Hinchey