O chefe da equipe de paz das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia - Exército do Povo (Farc - EP), Ivan Marquez, definiu como um "ato de justiça", embora tardio, a devolução da personalidade jurídica ao movimento político União Patriótica (UP).
Trata-se de uma decisão transcendental do Conselho de Estado, opinou em uma entrevista publicada neste domingo na edição digital do jornal El Tiempo, mas é necessário reforçá-la com a democratização do país.
Isto requer o fim do bipartidarismo excludente da Frente Nacional - que continua vivo -, respeito e garantias à oposição e pedagogia de tolerância política. Esperamos que o Ministério Público informe ao como vão as investigações sobre os responsáveis pelo extermínio da UP, enfatizou.
O líder guerrilheiro considerou que a decisão de devolver a personalidade jurídica a esse agrupamento político demonstra, além disso, às elites do poder, como a intransigência e o extermínio do opositor não conduzem à vitória definitiva sobre uma alternativa política.
De nada serviu cortar a cabeça de toda uma geração de revolucionários, agregou, em referência ao genocídio contra mais de cinco mil dirigentes e militantes da UP assassinados, se seus herdeiros estão à frente da inconformidade e da mobilização crescente de um povo ao qual não se pode violar seus direitos, em especial o da opção política, destacou.
Para Márquez, a Colômbia não pode admitir "o argumento desalmado de que o genocídio se explica pela combinação de armas e política". Jaime Pardo, Leonardo Posada, José Antequerra, Bernardo Jaramillo e tantos militantes anônimos, disse, não portavam fuzis quando os crivaram de balas.
"O que os matou foram a intransigência e a indolência do Estado, que então estimava que a esse ritmo nunca conseguiriam exterminar a União Patriótica", disse.
Respondendo a uma pergunta sobre as possibilidades da UP como um caminho para fazer política, respondeu: "O que estamos buscando é a participação política de todos, que se permita a deliberação, que se escute e se tenha em conta a opinião das pessoas e os movimentos sociais possam se expressar sem estigmas e decidir.
Nisso consiste a democracia, manifestou. O futuro político da Colômbia será delineado na constituinte para a paz. A constituinte é a chave da paz. Somente ela nos dará as mudanças estruturais que hão de sustentá-la.
Márquez ponderou a convergência dos setores sociais e políticos que hoje clamam por mudanças estruturais. Preferiríamos um grande movimento que desde as bases levante asas como alternativa política, depois de 200 anos de injustiça, afirmou.
Uma convergência de forças e setores que tome as rédeas da transição do terrorismo de Estado à verdadeira democracia, cujo propósito seja a paz estável e duradoura. Mil anos de paz para a Colômbia, como pediram os poetas em Medelin, concluiu.
Blog da Resistência/Prensa Latina
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