A dupla ecológica Gus Van Sant , Matt Damon

Gus van Sant e Matt Damon decidiram fazer um filme sobre ecologia, envolvendo uma grande empresa de extração de gás do subsolo - Gus na direção e Matt Damon como produtor e ator, vivendo a personagem de Steve Butler, encarregado de comprar as terras e fazendas dos moradores da região, onde serão instaladas as sondas de fraturação hidráulica.

Os lucros previstos ultrapassam 150 bilhões de dólares e a empresa Global paga milhões aos fazendeiros, geralmente às voltas com explorações agrícolas de pouco rendimento. Mas um professor aposentado, especialista em física, denuncia para a comunidade local os riscos provenientes da extração, capaz de contaminar inclusive a água potável de toda região.

Instaura-se a dúvida, muitos já não aceitam vender suas propriedades em nome da defesa do patrimônio familiar, recebido do pai ou avô. E o prefeito, insatisfeito pelo dinheiro com o qual a Global quer comprar sua colaboração, decide submeter à votação da população a concessão ou não da extração das jazidas de gás, no subsolo da região.

Steve Butler sente-se ameaçado com o surgimento de uma consciência de defesa do meio-ambiente e a situação se agrava quando desembarca no lugar um jovem, de uma desconhecida Ong ecológica, denunciando os riscos decorrentes da extração programada pela Global. Fica evidente que a população votará contra a extração do gás, mesmo se poderia tornar seus fazendeiros milionários.

A estrutura do filme lembra alguns contra a construção de centrais nucleares, mas sem o mesmo impacto. Razão pela qual, A Terra Prometida, não teve muito sucesso nos EUA, talvez por soar como uma recuperação por Hollywood do tema ecológico. Porém, mesmo assim, há um fator positivo no filme, que é o de revelar a potência das grandes empresas, nos projetos envolvendo grandes lucros e capitais. « De qualquer forma - diz Matt Damon - os grandes grupos acabam sempre fazendo o que querem, mesmo contra comunidades mobilizadas ».

Teria Matt Damon se transformado num arauto da ecologia ? O próprio Damon afasta essa hipótese afirmando que seu filme, dirigido por Gus van Sant, usou do tema para tratar da questão da identidade americana e como se organizam e se defendem as pequenas comunidades rurais, podendo fazer apelo ao voto direto dos seus habitantes. « E esse tema do xisto ou do gás era o ideal para saber como reagimos, nós os americanos, nas comunidades rurais, como ocorre a dinâmica da mobilização social », explica Damon.

Para a elaboração do roteiro, Gus e Matt, fizeram pesquisas sobre a extração do gás natural e da controvertida fraturação hidráulica. « Não queríamos um filme com julgamento de valor sobre a questão, mesmo porque não há unanimidade sobre os danos provocados ».

Mas mesmo assim, o filme Terra Prometida foi alvo de ataques conta Matt Damon. « Muitos criticaram o filme mesmo antes de estar terminado e certos grupos só suspenderam as críticas quando constataram não ter sido um sucesso de bilheteria. Hoje, se tivéssemos de refazer o filme, seria como foi feito, sem qualquer modificação. É claro que esperávamos um sucesso, mas nem todos filmes que faço são sucesso, alguns só se tornam sucesso mais tarde, vamos esperar . Em todo casos, financiamento de temas como esse são cada vez mais difíceis em Hollywood».

Sobre a personagem vivida por Matt Damon, Gus van Sant a define como a de um vendedor normal, mais preocupado em vender do que em saber o que vende. Outro aspecto importante foi o de mostrar as reações dos fazendeiros locais, alguns preocupados em salvar a região e outros mais interessados em salvar a si mesmos. Devem também ter agido assim os especuladores financeiros, detonadores da crise econômica.

Enfim, Matt Damon revelou que retornará brevemente a Berlim, onde participará de um filme com George Clooney.

Rui Martins


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Timothy Bancroft-Hinchey