A Estabilidade Financeira do Brasil

Economista e Palestrante Welinton dos Santos

A expansão do sistema bancário brasileiro no segundo semestre de 2011, surpreendeu frente à instabilidade de solvência da economia grega, à vulnerabilidade decorrente da dívida soberana europeia e riscos associados à fragilidade econômica   global.

Apesar da turbulência do mercado internacional, que começou no segundo semestre de 2011 e que tende a permanecer em algumas economias da Europa e outros países, no Brasil, com forte sistema bancário e robusto nível de solvência, fato evidenciado pelo teste de estresse aplicado em vários cenários pelo BCB - Banco Central do Brasil, alicerçado com crescimento da base de capital, principalmente em decorrência da incorporação de lucros e da captação de dívidas subordinadas.

Houve disponibilidade de recursos no mercado externo e interno que permitiu os bancos financiarem o crescimento da carteira de crédito e assim aumentar o montante de ativos líquidos, mesmo perante a volatilidade das taxas de câmbio e juros, com elevado índice de liquidez, mostrando claramente a capacidade de fazer frente a eventuais crises externas.

    A elevação do nível de renda das famílias brasileiras; somado ao baixo nível de desemprego; aumento do crédito direcionado; despesas administrativas do setor bancário estável; expansão de crédito ofertado pelo BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social; pequeno aumento no lucro líquido do sistema bancário; provocado por resultados não operacionais, demonstra a real situação do equilíbrio financeiro.

    Ao analisar o Sistema de Transferência de Reservas (STR) verifica-se que a Liquidez Agregada Disponível continuou acima das necessidades das instituições financeiras participantes, permitindo tranquilidade nas liquidações.

   Apesar do aumento do nível de endividamento das famílias brasileiras, boa parte do que o Brasil produz são consumidos no mercado interno. As áreas que sofrerão influências serão todas alinhadas à exportação, do qual, a diminuição da atividade econômica e a desaceleração da economia mundial, podem resultar no médio prazo aumento do nível de desemprego, afetando relativamente o sistema financeiro, com aumento da inadimplência. Este reflexo é minimizado em virtude de muitas obras do Programa Brasil Maior, de aceleração da economia, além de vários incentivos fiscais e da necessidade de atendimento de um mercado consumidor em expansão.

   Um dos destaques no exterior é a aquisição pelo Banco do Brasil de 100% do capital social do EuroBank, banco norte-americano com sede na Flórida, autorizada pelo BCB (Banco Central do Brasil) em 09 de agosto de 2011, finalizado em 19 de fevereiro de 2012. Fonte BB. O nome da nova instituição será Banco do Brasil Américas.

   Em pleno agravamento da crise internacional, o estoque de operações de crédito no sistema financeiro brasileiro atingiu R$ 2 trilhões em dezembro de 2011, o que representa uma expansão de 10,6% em relação ao semestre anterior e 19% em doze meses, o que representa 49% do PIB (Produto Interno Bruto). Fonte BCB.

   Do ponto de vista macroeconômico, existe a perspectiva de estabilização da inadimplência, provocada pelas projeções de retomada de crescimento no segundo semestre de 2012.

    Entre as instituições financeiras estrangeiras, o destaque foi à transferência de controle do Dresdner Bank Brasil S.A Banco Múltiplo, do Commerzbank AG (Alemanha) para o banco canadense The Bank of Nova Scotia. Fonte BCB.

A estabilidade financeira do Brasil, frente a um cenário de incerteza internacional, contribui para atração de investimentos para o país.


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Timothy Bancroft-Hinchey