O realizador americano Steven Soderbergh deve entender da coisa, pois em 1989 ganhou a Palma de Ouro de Cannes com Sexo, Mentiras e Videotape. Mas não ficou nisso, pois seus outros filmes tratam de temas diversos, e mesmo político, como o Che, que, ainda em Cannes, valeu o prêmio de melhor ator para Benício del Toro.
Desta vez, Sodergergh, um dos diretores mais ativos e produtivos, mostra um grupo de rapazes boas-pintas e belos corpos, excitando jovens curiosas e ardorosas ou mulheres mais maduras com falta de homem, em strip-teases masculinos numa casa de shows, o Xquisite. Uma versão inversa, mais criativa e movimentada que o Crazy Horse de Paris, endereçado aos homens.
Para dar corpo ao filme, Soderberger foi buscar o alto e corpulento ator Channing Tatum, para viver o Magic Mike que sem roupa só de string com protege sexo, é capaz de deixar úmida qualquer mulher. E para compor o elenco foi buscar outros espécimes na série policial sanguinolenta da tevê americana, Experts.
A idéia de homens fazendo strip-teases para mulheres não é nova e não se sabe se funciona na realidade, mas já foi usada com sucesso por ingleses, aqui mesmo no Festival de Locarno. Mas os americanos têm mania de fazer remake e, na contraditória sociedade que fica entre puritanismo e Playboy, deve ser garantia de um público feminino e gay.
O filme evidentemente tem um enredo que inclui um jovem de 19 anos, Adam, desempregado, cuja irmã não aprecia sua chance de ser incluído no grupo de Magic Mike, cujos dançarinos são especialistas nos remelexos com os quadris mimando o ato sexual. Enfim, Mike se cansa de suas fãs desavergonhadas e cai de amores pela reservada e contida irmã de Adam, que não é de tirar roupa e nem de frequentar strip-teases.
Rui Martins