A onda de suicídios de jovens chocou a Rússia. Por últimos dez dias de fevereiro suicidaram-se cinco adolescentes em diferentes regiões do país. Os especialistas destacam, entre os principais causas, o uso da Internet excessiva e falta de cuidados parentais, para além do ritmo da vida acelerado.
"Há uma epidemia de suicídios, para o Estado é uma tragédia", disse Pavel Astakhov, o encarregado dos direitos da criança junto do presidente da Federação Russa. Astakhov considera necessário recomendar os psicólogos escolares examinarem as contas de Internet dos alunos nas redes sociais. "Em cada região o governo local deve estabelecer uma assistência eficaz psicológica para adolescentes. Estamos perdendo milhares de crianças", advertiu.
Devido ao recente aumento dos suicídios de adolescentes a administração da rede social popular VKontakte comunicou sobre cancelamento dos grupos dedicados ao suicídio. Entre outras, foi fechada a página Amanhã não virá. Hoje eu vou morrer, que teve mais de dois mil assinantes, incluindo Aliona Grafskaya de 15 anos, que pulou da janela do 16 º andar do prédio localizado numa rua em Moscou. Outro acidente chocante aconteceu na cidade de Lobnia nas cercanias da capital. Lisa Petsylya e Nastya Koroleva juntaram as mãos e pularam do telhado de um edifício de 14 andares. As meninas deixaram um bilhete de despedida para suas mães e presentes para amigos.
Segundo Astakhov o número total de suicídios no país atingiu o sexto lugar no mundo depois de Lituânia, Coréia, Cazaquistão, Belarus e Japão. Ele ressaltou que a Rússia é o primeiro país da Europa em termos de suicídio entre pessoas de 15 a 19 anos de idade. Astakhov acrescentou que 200 crianças de 10 a 14 anos se suicidam todos os anos, assim como 1,5 mil adolescentes de 15 a 19 anos.
Proteger as crianças com este tipo de dados que abundam em sites é uma das tarefas-chave de hoje, dizem os especialistas. Entre eles Vladislav Kabizúlov, o representante do projeto Tu vencerás, onde aqueles que pretendem suicidar-se podem encontrar suporte 24 horas por dia. No entanto, para Kabizúlov a raiz do problema é a falta de cuidado da criança por parte dos pais.
"Os adolescentes estão sós por os pais muitas vezes se esquecerem deles, pois, estão ocupados com emprego. Assim os jovens, não tendo o calor familiar, procuram alternativas na rede. E lá, na maioria dos casos, enfrentam as idéias negativas", disse o ativista. Tem razão, uma vez que os amigos e colegas dos jovens suicidas falaram do medo deles de serem castigados pelos pais devido a notas más ou supostos roubos na escola, ou a outras irregularidades no comportamento.
Muitas vozes dizem que o nosso século, com a sua velocidade e gravidade, não deixa tempo para as pessoas pensarem nisso mais substancial. Os psicólogos indicam que o ritmo de vida foi acelerando até tal ponto que a humanidade está cada vez mais preocupada com a crise econômica, quando na verdade está no meio de uma crise espiritual.
Seja qual for a razão para o suicídio, há um ponto em que todos os especialistas coincidem: as receitas para melhorar a situação podem ser muitos, mas não os programas estaduais, nem de controle da rede, nem o trabalho de psicólogos resultarão sem o amor que só os pais podem dar aos filhos.