* Simão Souindoula
É o ponto de vista defendido pelo especialista do Congo da margem direita, Jean de Dieu Nsonde, na sua nova obra « Falamos kimbundu. Língua de Angola » que lançara, em Paris, em algumas semanas, na rua das Escolas, no Bairro Latino, as edi ç õ es L'Harmattan.
Nsonde, cuja tarefa foi facilita pela similaridade do kikongo e kimbundu, falares considerados, ate, recentemente, variantes de uma mesma língua, que estava, visivelmente, ainda veicular, em Loanda, no século XVI, marca o inicio da diferenciação, mais pronunciada, entre os dois idiomas, gêmeos, a partir da violente fundação da Colónia portuguesa de Angola nas terras do aliado Ndongo, território, igualmente, dos Nzinga.
E, e naturalmente que o kimbundu será arrastado pela dinâmica histórica e se apresenta, hoje, segundo o especialista congolês, a tualmente Professor em função em Guadalupe, nas Antilhas francesas, como a língua angolana que, mais, fagocitou, retenções do português. E, será, também, esse idioma que, mais, dará, à língua de Camões, os seus bantuismos.
E, é sobre o falar dos Ngola que será produzida, mais instrumentos linguísticos : dicionários, glossários, léxicos e gramáticas.
Apreendida, portanto, na pretensiosa colónia, a língua da « Warrior Queen of Matamba » será influenciada pela consolidacao militar deste território, ocupado de força, com as suas capacidades de ativismo escravagista e sua imparável primeira evangelização.
A epopéia do idioma dos Mondongos, escravos, continuará no Golfo de Guiné e no além - Atlântico, num inseparável duo, genérico, congo/angola, com a produção de mesmos suportes de aprendizagem, sobretudo, religiosos ; participando, gradual e finalmente, a formação de crioulos à base romana ou anglo-saxã.
O dialeto dos Ambundu será convidado, em Angola, pós -Berlim, na literatura com acentos, já, autonomistas.
Os poetas - nacionalistas utilizarão, antes e depois da Segunda Grande Guerra, a sua impenetrável carga antropológica a fim de exprimir as suas esperanças de liberdade.
INTERCOMPREENSAO
Principal língua bantu em uso na definitiva capital da Colónia e do atual Estado, independente, a fala da Feira de Cassanje será o que terá, dentre das línguas autótones, a expansão a mais significativa no território ; consequência do seu papel de pivô nas trocas comerciais com o hinterland. Outro ganho desta situa ç ão administrativa, o kimbundu será a língua, por excelência, da música urbana ; em suma da principal express ão musical nacional e do português particularizado do país.
Veredito do historiador congolês de Mfwa, instalado nas Caraíbas, o kimbundu e o primeiro idioma bantu falado, hoje, na regi ão de Luanda e nas zonas, rurais, adjacentes. A sua import ância se manterá graças a sua difusão no pacote de Ngola Yetu, a esta ç ão radiofônica, especializada nas línguas nacionais, que emite, em ondas curtas, quer dizer, sobre o conjunto do território nacional ; atingindo, portanto, bem, as comunidades kimbundufonas do Bandundu, no Congo-Kinshasa.
A situa ç ã o do jargão dos Kisamas e Dembos perdurara graça, igualmente, a diversos fatores de caráter cultural ou politico tais como a sua inclusão no sistema de ensino geral e de forma ç ão profissional, ou na administra ç ão dos municípios e comunas, assim que a realiza ç ão das campanhas eleitorais.
Com as suas longas bandas de intercompreensão linguística atingindo, pelo menos, seis províncias do pais, a sua persistente colagem ao kikongo, ilustrada, pela reedi ç ão do dicion ário do Padre Da Silva Maia, sobre as duas línguas aparentadas de Cannecatim, o kimbundu jogará, particularmente, bem, sem dúvida, ao lado dos outros idiomas do pais, o papel de língua bantu para a consolida ç ão da naç ã o angolana.
* Historiador. Perito da UNESCO - Consultor do Centro Internacional das Civilizações Bantu
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