O agronegócio no Brasil e as narrativas históricas
Cada época histórica tem seus jargões preferidos. Hoje, os chamados cientistas sociais (estão sempre na mídia, brandindo seus títulos de doutores em universidades americanas,e dando palpites sobre tudo) e os sociólogos (sempre de plantão para dar suas doutas interpretações) usam a não mais poder a expressão "narrativa histórica"; Não existe os fatos, existe a narrativa desses fatos com a versão de grupos dominantes.
É a nova tradução para o velho ditado de que "são os vencedores que escrevem a história". A "narrativa" vitoriosa hoje em termos de politica de estado é de que o chamado agronegócio é a legitima "salvação da lavoura" para o Brasil. As recentes manifestações de representantes dessa atividade em apoio ao presidente Bolsonaro mostraram sua força política. Os defensores dessas "narrativa" mostram com números a expansão do agronegócio e sua importância econômica para o Brasil.
Voltamos, como na época da cana de açúcar, do ouro e do café, ao domínio do velho modelo exportador (hoje é a carne e soja) que enriquece meia dúzia e impede que um país com o tamanho do Brasil assuma a grandeza e a importância econômica que merece. Getúlio Vargas tentou, de alguma forma, construir um modelo industrial para se contrapor ao modelo agrícola; Juscelino avançou nessa área com a sua politica de "50 anos em 5" e Lula, até mesmo pela sua formação com operário, deu força a esse novo modelo. Isso por[em nunca interessou ao imperialismo americano e hoje ao imperialismo chinês, que querem ver o Brasil reduzido à condição de exportador de commodities, Usando o moralismo rasteiro da Lava Jato, que em vez de punir a corrupção de empresários, puniu as empresas,f oi destruída uma estrutura capitalista baseada num parque industrial moderno, gerando milhares de desempregados e condenando o País a ser novamente um grande exportador de soja e gado.
Por incrível que pareça, foi uma presidenta petista, vinda inclusive da luta armada contra a ditadura, Dilma Rousseff, quem melhor simbolizou essa renúncia ao futuro e a volta ao passado, ao escolher como sua Ministra da Agricultura, Kátia Abreu, uma política do partido com origens na ditadura e no latifúndio, o PP e que como presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil era a legítima representante dos interesses dos ruralistas num governo dito dos trabalhadores.
Hoje, mesmo com seu brilho de senadora da oposição, como demonstrou nos debates da CPI da Pandemia, continua sendo a defensora mais lúcida do modelo exportador brasileiro. A pergunta que se faz é de que, se conseguir ser eleito em 2022, Lula retomará sua política de desenvolvimento industrial do Brasil ou vai ser mais um defensor do agronegócio, que se gera divisas para o pais, produz muito poucos empregos e ainda por cima é o grande inimigo da ecologia.
Marino Boeira é jornalista, formado em História pela UFRGS