Laser mais preciso acaba com a dependência dos óculos
Cirurgia elimina miopia e presbiopia simultaneamente. Uma em cada 3 brasileiras não gostam de usar óculos
O "novo normal" da pandemia enxugou os custos com viagens, cursos, congressos e abriu espaço para investir no bem-estar. Para o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto do Instituto Penido Burnier motivos para isso não faltam. "O uso constante das máscaras para se proteger do coronavírus tornou o uso de óculos incômodo porque as lentes embaçam", afirma. Por vaidade 1 em cada 3 mulheres não gostam de usar óculos e elas têm 50% mais problemas de visão do que os homens. O assunto que já foi estudado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) foi comprovado em um levantamento feito pelo médico nos prontuários do hospital que recebe pacientes de todo o Brasil por ser o primeiro hospital oftalmológico da América Latina. A boa notícia é que quarentões que desde a primeira infância usam óculos para corrigir miopia, dificuldade de enxergar à distância, agora podem corrigir simultaneamente miopia e presbiopia, a famosa vista cansada que dificulta enxergar de perto despois dos quarenta anos.
Queiroz Neto explica que a técnica cirúrgica conhecida como monovisão é bastante antiga. O que mudou é a precisão do laser. Invés de moldar a córnea com fachos de luz, faz a correção ponto a ponto. Por isso, o resultado é muito mais preciso. O especialista afirma que a monovisão não é exclusiva para míopes. Se você tem hipermetropia, dificuldade de enxergar de perto, ou astigmatismo que distorce a visão para perto e longe, também pode acabar com a dependência dos óculos de leitura.
A cirurgia
Queiroz Neto explica que no míope a córnea é mais curva. Por isso, as imagens se formam antes da retina tornando tudo o que está distante desfocado. O laser diminui a curvatura da córnea, zerando o grau em um olho e deixando um pequeno grau residual no outro. O cérebro se incumbe de fundir as imagens formadas em cada olho e elimina a necessidade dos óculos para perto e longe em 90% dos casos.
Na hipermetropia, o oftalmologista afirma que o formato é mais plano e por isso as imagens se formam atrás da retina tornando o que está próximo desfocado. Na monovisão o laser torna a córnea mais curva. Já no astigmatismo a córnea tem um formato ovalado que o laser transforma em esférico para que invés de múltiplos focos seja formado um único foco sobre a retina.
Independente do tipo de problema de refração - miopia, hipermetropia ou astigmatismo - o especialista diz que quando o grau é baixo só o olho dominante é operado na técnica da monovisão para eliminar a presbiopia. Para graus mais elevados, o residual deixado no olho não dominante varia entre 1 e 1,75.
Em todos os casos, a cirurgia só é feita após adaptação de lente de contato que simule o efeito das cirurgia para checar se o paciente se adapta bem. Isso porque, algumas pessoas têm dificuldade de adaptação.
Restrições
Queiroz Neto ressalta que a técnica da monovisão é indicada até 10 graus de miopia, seis de astigmatismo e de hipermetropia. Durante a gestação a cirurgia é contraindicada porque o grau flutua, adverte. Outras contraindicações são: olho seco, doença na córnea, retina ou glaucoma, córnea fina, doenças autoimunes ou que dificultem a cicatrização. Para quem não gosta de usar óculos, uma metanálise demostra que a cirurgia é mais segura que o uso de lente porque
o risco de contaminação do olho é muito menor, conclui.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação