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Investigadores de Coimbra desenvolvem aerogéis "limpos"

Investigadores de Coimbra desenvolvem aerogéis "limpos"

Investigadores de Coimbra desenvolvem aerogéis "limpos"

Uma equipa de investigadores do Departamento de Engenharia Química da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) e da empresa Active Aerogels desenvolveu um novo aerogel em resposta a um desafio lançado pela Agência Espacial Europeia (ESA).

Apesar das caraterísticas únicas que os atuais aerogéis produzidos pela empresa de Coimbra possuem - super isolamento térmico, extrema leveza e flexibilidade -, a sua aplicação no setor espacial é limitada devido a alguma libertação de pó e partículas, o que os torna pouco práticos para a ESA.

Considerando que a montagem de qualquer componente espacial é efetuada em salas limpas que têm de cumprir vários critérios, sendo um deles a contaminação por partículas que é definida em várias classes, a libertação de pó e partículas é crítica, mesmo que o aerogel seja encapsulado, porque em caso de quebra ou rasgo acidental, o risco de contaminação continua a ser bastante elevado.

E foi precisamente para ultrapassar este problema que o projeto AerogelDustFree, orçado em 700 mil euros e financiado por fundos da União Europeia (Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional), Portugal 2020 e Centro 2020, juntou mais uma vez as equipas de investigação da Active Aerogels e da FCTUC.

Em conjunto, desenvolveram e testaram várias estratégias de síntese com o objetivo de reduzir a libertação de pó e partículas, obtendo um aerogel "limpo". A combinação de poliimidas (um tipo de polímero muito forte e resistente) com sílica, material já usado nos atuais aerogéis produzidos pela empresa, revelou-se uma fórmula de sucesso.

Das várias experiências já realizadas em laboratório, o desempenho deste novo aerogel híbrido tem «cumprido o objetivo, ou seja, o novo aerogel não liberta pó nem qualquer tipo de partículas e mantém todas as propriedades da anterior geração de aerogéis», garante Marta Ochoa, responsável pela área de investigação e desenvolvimento da Active Aerogels.

Descoberta a fórmula certa, a equipa vai agora «avançar para novos testes, tendo em vista a otimização do processo, e posteriormente prosseguir para a fase de scale-up de forma a conseguir produzir aerogéis nas dimensões necessárias à aplicação final», adianta.

Os novos aerogéis "limpos" irão permitir «aumentar a maturidade do produto e, assim, o seu potencial de mercado, não só para espaço como para a aeronáutica e até mesmo para a construção civil», acrescenta Fábio Silva, responsável de vendas da Active Aerogels.

A empresa tem ainda em curso o projeto AGIL (AeroGel In Line), também financiado por fundos europeus (461.786,29 euros), que visa conseguir fabricar aerogel em sistema contínuo de modo a aumentar significativamente a quantidade produzida e consequentemente baixar os custos associados ao seu fabrico.

Apesar de o aerogel ser bastante conhecido como excelente isolante térmico, a sua disponibilidade no mercado é ainda bastante reduzida. Nesse sentido, o projeto AGIL pretende confirmar que é possível solucionar este problema através da investigação e desenvolvimento de uma linha de produção de aerogel em contínuo.

Declarações de Fábio Silva: aqui

Cristina Pinto

Universidade de Coimbra

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey