Brincar Desenvolve o Cérebro da Criança
As aulas terminaram e com elas o final de mais um ano letivo. A entrada no período de férias nem sempre é uma altura relaxada para todas as crianças, cujos pais entendem que devem continuar com tarefas escolares, idas aos Centros de Estudos, ATLs (que muitas vezes, pouco têm ou nada têm de Atividades de Tempos Livres...)
Embora já se vá falando bastante na importância do brincar na infância, continuamos a ver na nossa sociedade um perceptível menosprezo por essa atividade. Ou seja, lá porque a criança já entrou em fase escolar (a partir dos 6 anos) tem que passar mais tempo a fazer tarefas escolares, para não se esquecer!... Isto é um perfeito absurdo e um engano...
Por mais estranho que pareça a muitos pais, a criança precisa brincar, expandir a sua energia, movimentar-se, saltar, pular, jogar para que o seu cérebro adquira as competência necessárias à aprendizagem. Brincar é, indubitavelmente, essencial ao seu desenvolvimento. Com as brincadeiras, as crianças aprendem e desenvolvem bem mais competências diversificadas do que nós podemos imaginar e desenvolvem a sua própria criatividade.
Noutros países, onde encontramos os melhores níveis educacionais e de aprendizagem do mundo, as crianças são estimuladas a brincar nos seis primeiros anos de vida e até depois disso, através de jogos e muitas outras atividades recreativas.
Tudo isto acontece porque estudos recentes têm mostrado cientificamente que a brincadeira está na base do desenvolvimento da função cerebral, que é a capacidade de controlar o comportamento para atingir um objetivo, também chamada função executiva, indispensável em toda aprendizagem, mas sobretudo quando se trata de aprendizagem formal.
Segundo estudos recentes a importância de brincar e dos jogos utilizados em muitas brincadeiras parece ser, de facto, irrefutável para a coordenação cerebral das crianças.
A brincadeira é uma atividade que é iniciada pela criança desde o seu nascimento no contexto familiar, sozinha ou com os seus familiares e que continua posteriormente com os seus pares. Inicialmente aprende a brincar sozinha, com as suas próprias mãos e com tudo aquilo que consegue agarrar e pouco a pouco a criança começa a manifestar a sua vontade em brincar com os outros.
Não existe na criança inicialmente o objectivo de aprendizagem, ela desenvolve as suas habilidades por puro prazer e recreação, o que lhe permite também interagir com os outros, reagindo às suas pequenas habilidades (pais, irmãos, adultos e amiguinhos) assim como explorar o meio ambiente.
Há alturas em que a criança deve ser estimulada a brincar com outras crianças fora do meio familiar, para aprender a lidar com realidades e formas de ser e pensar diferentes. Muitos pais queixam-se que seus filhos são anti sociais ou que, muitas vezes, são rejeitados pelos seus pares, porque não foram habituados e estimulados a se relacionarem com outras pessoas/crianças, para além da família. Jogar com crianças com temperamentos completamente diferentes e até contrários ao seu, passar por situações de stress, desentender-se com os demais, perceber que os outros têm o direito de pensar diferente, aprender aceitar o outro, a fazer as pazes, tudo isto, longe dos pais e, sem a sua proteção excessiva, faz crescer e amadurecer a criança e ajuda na sua sociabilização e no desenvolvimento da compreensão e respeito pelo próximo, na compreensão e aceitação das várias diferenças sociais.
Mas há momentos em que a criança demonstra ter necessidade de estar sozinha e os adultos devem aprender a respeitar também esse seu desejo, pois é importante para firmar a sua identidade, a sua autonomia, a sua autoaceitação e autorregulação. É importante a criança perceber quem ela é, os seus gostos, as suas brincadeiras.
Nesta sociedade atual não se valoriza muita a importância de se saber estar sozinho, consigo próprio. As pessoas parece que valorizam mais a confusão, o barulho, do que os momentos de tranquilidade. E esta é fundamental também à criança. Ela também precisa estar com suas coisas, consigo própria, experimentar a solidão: esta é sem dúvida uma outra forma de aprendizagem indispensável ao desenvolvimento da criança e que, muitas vezes, não é compreendida pela família.
Pesquisadores franceses têm-se interessado sobre a importância do brincar como fenómeno cultural a ter em consideração e, perspectivas filosóficas sobre o brincar introduzidas por Froebel e Dewey merecem destaque, ao lado de teorias psicológicas como as de Wallon, Vygotsky, Bruner e Lacan e muitos outros autores de renome que nos alertam para a grande importância de brincar nas crianças, para que o seu desenvolvimento seja mais completo, integral e para que o seu pequeno cérebro se desenvolva na plenitude das suas potencialidades.
Então, este Verão aproveite o tempo bom para dar passeios com as suas crianças, junto da natureza elas se expandem com mais espontaneidade e alegria, brincando e pulando animadamente, o que as ajuda muitíssimo em todos os sentidos.
Há um tempo precioso para se ser criança e os anos da brincadeira passam rápido e são indispensáveis para a formação de um sistema nervoso adequado à aprendizagem escolar. E nenhuma criança prefere estar longe dos seus pais, nem na companhia de um estranho (por melhor companheiro, educador, ou professor, que seja) o convívio com os seus pais, longe das obrigações do dia a dia, é fundamental ao seu desenvolvimento sadio... ela precisa perceber que é querida, e que tem um lugar na sua família... E uma forma especial de desenvolver essa interação é justamente por meio de um convívio saudável e descontraído, em ambiente de brincadeiras. Elas aproximam, permitem a troca de olhares, de afetos, de toques carinhosos, de risadas, de muitos momentos alegres de aprendizagem descontraída e animada. É nesses momentos tão especiais, que a criança desenvolve mais a sua convivência em família, criando empatia, maior conhecimento de e si e do outro, desenvolvendo confiança mútua, dando maior ênfase à noção do que é viver em família, em grupo, em união e amizade impar.
Aproveitem bem estes momentos únicos, para que se tornem inesquecíveis e
BOAS FÉRIAS!
Tereza Guerra
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