O uso incorreto pode causar conjuntivite tóxica, alergia e úlcera na córnea. Saiba como evitar complicações. A explosão no Brasil da microcefalia desencadeada pelo mosquito da dengue contaminado com o zica vírus, está aumentando o uso de repelentes pela população.
A explosão no Brasil da microcefalia desencadeada pelo mosquito da dengue contaminado com o zica vírus, está aumentando o uso de repelentes pela população. De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier, embora seja seguro usar repelentes que contenham icaridina, DEEP ou IR 3535 para combater o mosquito da dengue, a aplicação incorreta pode causar conjuntivite tóxica, alergia e úlcera na córnea. É por isso, comenta, que todos os fabricantes indicam evitar contato com os olhos, independente do princípio ativo do produto.
As principais orientações do especialista para prevenir complicações oculares são:
Em caso de contato acidental com a mucosa ocular a dica do médico é lavar o olho abundantemente com água filtrada e consultar um oftalmologista se o desconforto não desaparecer em dois dias.
Sintomas semelhantes
Um estudo realizado por Queiroz Neto mostra que a conjuntivite tóxica responde por 20% dos casos da doença no verão e tem como maior causa a penetração de filtro solar nos olhos. Na opinião do médico, o aumento do uso de repelentes pode elevar este índice no verão 2015. Ele explica que a conjuntivite tóxica é uma inflamação da conjuntiva, membrana transparente que reveste a pálpebra e a superfície do olho, decorrente do contato com produtos químicos. A alergia, observa, é a inflamação causada por reação alérgica a alguma substância. As duas doenças não são contagiosas e têm os mesmo sintomas: coceira, olhos vermelhos, sensibilidade à luz, lacrimejamento e pálpebras inchadas. No caso da conjuntivite tóxica pode ocorrer em apenas um olho e o tratamento muitas vezes consiste em apenas afastar a substância sensibilizadora. Quando os sintomas não desaparecem em dois dias a recomendação é consultar um oftalmologista para prescrição do anti-inflamatório mais adequado. Este foi o caso de duas pacientes de Queiroz Neto que precisaram usar colírio por uma semana. Já o tratamento da alergia é feito com anti-histamínicos e anti-inflamatório hormonal (corticóide) nos casos mais severos.
Riscos e tratamento da úlcera
Queiroz Neto afirma que a recomendação é consultar um oftalmologista o mais breve possível quando o contato do olho com repelente causar dor ocular intensa, vermelhidão, queda visual, lacrimejamento e secreção amarelada. Isso porque, indica úlcera na córnea que pode provocar danos cicatriciais semelhantes aos de uma queimadura ocular. Ele diz que o tratamento medicamentoso com colírios antibióticos e corticóide nem sempre elimina a cicatriz e restaura a visão. Outra alternativa terapêutica é a aplicação célula tronco retirada da membrana amniótica, parte interna da placenta, na superfície do olho. O médico que já restaurou a visão de um paciente que sofreu queimadura ocular com este procedimento, diz que nem sempre a placenta é encontrada. Por isso, a recomendação é tomar o máximo cuidado para prevenir lesões mais graves.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação