Falha na imunização aumenta o risco de opacificação da córnea em bebês. A contaminação durante a gravidez pode causar catarata e retinopatia congênita.
Até metade de março estava falando vacina contra sarampo em vários estados. O pior é que a imunização contra o sarampo em 2014 ficou abaixo do esperado no Brasil. Levantamento do MS (Ministério da Saúde) mostra que a campanha não atingiu 1,5 milhão de crianças. totalizando 85,6% do público alvo que equivale a 9,4 milhões crianças com idade entre seis meses e 5 anos. Em São Paulo que detém 45% da população do país, só 75,31% das crianças nesta faixa etária foram imunizadas, segundo a Secretaria de Saúde do Estado. De acordo com o oftalmologista do Instituto Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, nos primeiros meses de vida, antes de aparecerem erupções na pele, o vírus do sarampo pode atingir a córnea, membrana transparente que fica na frente do olho e funciona como uma lente de 42 dioptrias. Quando o vírus atinge a córnea provoca ceratite, inflamação que deve ser tratada imediatamente para não comprometer a visão. Queiroz Neto ressalta que o sistema ocular não está totalmente formado ao nascermos e qualquer bloqueio nos primeiros anos de vida compromete o desenvolvimento da visão.
O médico diz que os principais sintomas do sarampo são: conjuntivite, coriza, tosse, manchas brancas nas parte interna das bochechas, erupções na pele, mal-estar e febre. A presença desses sinais em crianças pode indicar urgência em consultar um oftalmologista. O exame para checar se a córnea foi afetada é feito com lâmpada de fenda, equipamento que integra uma lâmpada de alta densidade luminosa a um biomicroscópio que permite checar todas as porções externas do olho. Segundo Queiroz Neto, o tratamento geralmente é feito com corticóide tópico, mas o medicamento só pode ser utilizado com supervisão médica. Isso porque, o uso prolongado pode causar glaucoma e a interrupção abrupta predispõe à reincidência da inflamação. Para tratar o sarampo as recomendação são manter a criança em repouso, bem hidratada, limpar os olhos com compressas de água filtrada morna e consultar um pediatra para indicação de antitérmico em caso de febre.
Prevenção
O especialista afirma que o sarampo é uma doença infecciosa, altamente contagiosa que geralmente aparece na infância, embora também possa ocorrer entre adultos. A única forma de prevenção é através de duas doses de vacina que imuniza 97% das pessoas e devem ser tomadas antes de completar a idade de cinco anos. Adultos que não sabem se já tiveram sarampo ou se receberam as duas doses da vacina, devem procurar por vacinação. A imunização só é contraindicada para mulheres grávidas e pessoas com baixa imunidade.
Contaminação na gravidez
Mulheres que contraem sarampo durante a gestação transmitem o vírus ao feto através da placenta. A transmissão pode causar, em casos raros, encefalite, uma inflamação do encéfalo que pode ser fatal. O oftalmologista afirma que esta doença pode vir acompanhada de retinopatia aguda que exige tratamento com corticóide oral. Outra doença ocular congênita decorrente do vírus do sarampo é a catarata. Queiroz Neto afirma que o diagnóstico pode ser feito na maternidade pelo teste do olhinho. O exame é feito com um oftalmoscópio que joga luz sobre o olho do bebê. Quando a luz emite um reflexo vermelho contínuo significa que o olho é saudável. Se o reflexo for descontínuo ou não for emitido indica catarata. O tratamento é feito através de cirurgia que substitui o cristalino opaco por uma lente intraocular. O procedimento só pode ser feito a partir de 3 meses de vida. O oftalmologista ressalta que o acompanhamento médico com consultas trimestrais e o estímulo da visão pelos país é essencial para o bom desenvolvimento da visão da criança.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação