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Crianças que veem muita televisão são mais obesas

Crianças que veem muita televisão são mais obesas

Crianças que veem muita televisão são mais obesas, revela estudo da Universidade de Coimbra

As crianças que passam mais tempo a ver televisão apresentam maior risco de obesidade e tensão arterial alta, revela um estudo desenvolvido por uma equipa de investigadores, liderada pela especialista Cristina Padez, da Universidade de Coimbra (UC).

A pesquisa, que pretendia avaliar a alteração dos valores de obesidade infantil da população portuguesa, de 2002 a 2009, e conhecer a associação entre a obesidade infantil e os comportamentos familiares, hábitos sedentários e o ambiente onde vivem, envolveu 17424 mil crianças, de jardins-de-infância e de escolas de várias regiões do país, com idades compreendidas entre os 3 e os 11 anos.

Também os seus familiares participaram no inquérito sobre hábitos alimentares, horas passadas a ver televisão, ao computador ou a jogar jogos eletrónicos e sobre o ambiente na área de residência.

Ao avaliar os efeitos do tempo a ver televisão, ao computador e dos jogos eletrónicos nos valores da obesidade infantil, a investigação conclui que a televisão tem o maior impacto no excesso de peso e no aumento da tensão arterial, o que é explicado pela coordenadora do estudo «pelo facto de as crianças estarem mais expostas a publicidade de produtos alimentares, induzindo-as à ingestão de comida normalmente pouco saudáveis. Por outro lado, a televisão é mais passiva. O computador e os jogos eletrónicos exigem mais concentração e interação».

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e já com seis artigos científicos publicados em jornais e revistas internacionais, o estudo determinou a percentagem de crianças que passam mais de duas horas diárias em frente ao televisor, ultrapassando os limites considerados de referência (da Academia Americana de Pediatria): 28% de meninos e 26% de meninas veem mais de duas horas de televisão por dia, durante a semana, Mas, ao fim de semana, a percentagem dispara - 75% meninos e 74% meninas.

Para a também coordenadora do Centro de Investigação em Antropologia da Saúde, «é urgente corrigir este e outros hábitos errados para que não se perpetuem e tenham implicações sérias na idade adulta. Os hábitos criados na infância tendem a prolongar-se para a vida adulta. Nos adultos encontramos uma forte associação entre o tempo que eles veem televisão e valores de obesidade, hipertensão arterial, diabetes tipo II, entre outros problemas».

Por outro lado, contrariamente ao que a generalidade dos pais pensa, «o simples facto de uma criança ser obesa apresenta três problemas: em 60% dos casos as crianças obesas apresentam já pelo menos um fator de risco que normalmente apenas se associam aos adultos como hipertensão, colesterol elevado, triglicéridos; cerca de 40% permanece obesa na vida adulta e, mesmo as crianças que normalizam o seu peso com o crescimento, o simples facto de terem sido obesas é um risco para o aparecimento de algumas doenças principalmente cardiovasculares na vida adulta. Por isso, os pais devem limitar o tempo de televisão e estimular as brincadeiras ativas», alerta.

A equipa centrou-se igualmente na relação entre o ambiente onde as crianças vivem e o excesso de peso. O tipo de lojas, supermercados ou centros comerciais da zona de residência foi analisado, bem como a existência, ou não, de locais para a prática de atividades ao ar livre. Foi também tida em conta a segurança junto à habitação, porque, realça Cristina Padez, «a segurança das zonas frequentadas pelas crianças junto à habitação e à escola pode ter influência no peso. Nas sociedades urbanas, por questões de segurança, as crianças têm poucas atividades ao ar livre. Ficam em casa, vêm mais televisão e maior é o risco de serem obesas».

Este estudo sociodemográfico da obesidade infantil confirmou ainda a «associação entre o grau de instrução dos pais e o peso das crianças. Quanto menor é o grau de ensino, maior é o valor de obesidade», conclui a docente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Cristina Pinto

Universidade de Coimbra• Reitoria

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey