Pesquisa revela que dieta indicada para preservar a visão pode causar câncer nos pulmões. Conheça as novas recomendações internacionais.
O risco de desenvolver DMRI (Degeneração Macular Relacionada à Idade), doença ocular que mais causa cegueira irreparável no mundo, pode diminuir com a combinação de seis nutrientes na dieta. É o que revela o estudo AREDS 2 (Age-Related Eye Disease Study) liderado nos EUA pelo National Eye Institute.
Nesta segunda edição do AREDS, recentemente publicada no jornal científico JAMA, os pesquisadores de 82 clínicas relatam o resultado do acompanhamento por 5 anos de mais de 4 mil pacientes com risco de desenvolver degeneração macular.
O estudo mostra que o betacaroteno recomendado no AREDS1 deve ser substituído por luteína e zeaxantina. Isso porque, em alta dose o betacaroteno pode causar câncer nos pulmões de ex-fumantes. Diante disso, a nova recomendação para preservar a saúde da retina é uma combinação de vitamina C (500 mg), vitamina E (400 UI - unidades Internacionais), zinco (10 mg), cobre (2mg), luteína (10mg) e zeaxantina (2 mg).
Fontes dos nutrientes
O oftalmologista do Instituo Penido Burnier, Leôncio Queiroz Neto, ressalta que seis em cada 10 brasileiros que desenvolvem degeneração são fumantes ou fumaram em algum período da vida. Por isso, a descoberta do risco de indicar betacaroteno em altas doses para este grupo é muito importante.
Além da degeneração macular, ele diz que mais da metade das doenças oculares pode estar relacionada à má alimentação. O problema é que 50% dos brasileiros estão acima do peso por se alimentarem mal segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). De acordo com o especialista, a falta de vitamina A, por exemplo, encontrada em diversas frutas e verduras provoca dificuldade de adaptação de um ambiente claro para outro escuro que é conhecida como cegueira noturna. As dicas do médico para incluir na dieta os nutrientes apontados pelo AREDS que também previnem outras doenças nos olhos são:
Risco maior em mulheres
Queiroz Neto, afirma que a DMRI atinge mais as mulheres. Um dos fatores que contribui com isso é a maior exposição da população feminina ao estresse oxidativo decorrente das flutuações dos hormônios sexuais. "A mulher brasileira também cultua mais a pele bronzeada e acaba se expondo ao sol sem óculos com proteção ultravioleta" comenta. Além disso, ressalta, o hábito de fumar que contribui com o aparecimento da DMRI é maior entre elas. Ele diz que outro fator de risco para contrair a doença é a herança genética que tem o mesmo peso para os dois sexos.
Como identificar a doença
O especialista explica que o envelhecimento faz aparecer depósitos amarelos na retina conhecidos como drusas. Quando estas manchas são pequenas não indicam perigo para a visão, mas as drusas maiores estão relacionadas à degeneração macular e risco de cegueira. A doença também pode resultar na perda súbita da visão por causa da formação de novos vasos sob a retina, principalmente entre pessoas que têm diabetes ou colesterol alto. "É isso que explica a perda da visão entre pessoas que tomam aspirina continuamente. Geralmente o medicamento é indicado para afinar o sangue de pessoas que têm risco cardíaco por serem diabéticas ou terem hipercolesterolemia", afirma.
O médico adverte que a maioria as doenças oculares que surgem com a idade não apresentam sintomas logo no início. É por isso que depois dos 40 anos os exames oftalmológicos devem ser anuais. O principal sinal da degeneração macular é enxergar linhas tortuosas. A recomendação é consultar um oftalmologista imediatamente. Queiroz Neto afirma que o tratamento pode ser feito com aplicação de laser, terapia fotodinâmica ou aplicação de um medicamento na parte posterior do olho. Nenhum deles recupera a visão. Por isso a prevenção com a dieta é o melhor remédio.
Eutrópia Turazzi
LDC Comunicação