Utilizando os resultados de experiências realizadas nos aceleradores de partículas de Bona (Alemanha) e do CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), Suíça, o físico de Coimbra, através de um Modelo (desenvolvido em conjunto com o cientista George Rupp, dos Instituto Superior Técnico, Lisboa), que permite prever um infinito de ressonâncias de combinações quark-antiquark (mesões), "varreu" todos os eventos registados nas experiências, mesmo os considerados irrelevantes, e num determinado espaço, um ínfimo espaço, registou uma quantidade de 45 mil eventos com 13 sigma significância (o que é considerado mais que suficiente para a existência de uma partícula), ou seja, a evidência clara de um novo bosão.
Denominada pelo investigador como E(38), esta nova partícula que pode ser descrita como uma «bolha de sabão», é 25 vezes mais leve do que um protão e, apesar de ainda serem necessários muitos estudos para avaliar as suas propriedades e o seu armazenamento, «as implicações desta descoberta são de longo alcance, não apenas para física hadrónica (física das partículas que estuda as interações fortes), mas também para física das altas energias e cosmologia. Até poderá ser utilizada como uma fonte de energia nuclear mais limpa, dado que não há resíduos. Mas, isto apenas num futuro bastante afastado, porque, para já, além da sua existência, não sabemos quase nada sobre esta partícula" antevê Eef van Beveren.
Uma certeza tem o investigador da UC que desde há mais de duas décadas suspeita da existência desta partícula: «a descoberta da E(38) constitui uma surpresa completa para a comunidade científica porque se trata de uma partícula muito especial e mais leve do que quaisquer outras partículas com (anti)quarks. Descobertas destas só há uma vez por século!».
Com um artigo científico submetido à Physical Review Letters, a revista de topo na área da física das partículas, juntamente com o seu colaborador George Rupp, Eef van Beveren pretende mostrar à comunidade científica que a sua previsão de 1984, tinha razão de ser. Para se imaginar a capacidade desta partícula, o físico da UC calcula que «um miligrama desta matéria dará para um Mega Watt durante um ano».
Para Brigitte Hiller, também física da UC, «a evidência clara da existência desta nova partícula de extrema leveza, a confirmar-se, terá implicações extraordinariamente importantes para a física porque, na comunidade dos físicos das partículas, ninguém esperava que existisse uma partícula numa zona de energia tão baixa».
Coimbra, 20 de março de 2012
Cristina Pinto
Universidade de Coimbra