URSS viu com bons olhos o fim da ditadura brasileira
A URSS mostrou contentamento com o processo de redemocratização que ocorreu no Brasil na metade da década de 1980, após 20 anos de ditadura militar. O motivo foi que, do ponto de vista soviético, o Brasil estava se tornando mais independente dos interesses dos Estados Unidos ao eleger Tancredo Neves, seu primeiro presidente civil desde João Goulart
A União Soviética mostrou contentamento com o processo de redemocratização que ocorreu no Brasil na metade da década de 1980, após 20 anos de ditadura militar.
O motivo foi que, do ponto de vista soviético, o Brasil estava se tornando mais independente dos interesses dos Estados Unidos ao eleger Tancredo Neves, seu primeiro presidente civil desde João Goulart.
Eduardo Vasco
Segundo um estudo do Instituto da América Latina da Academia de Ciências Soviética citado pelo "Early Warning", um boletim mensal confidencial, o fim do regime militar significava "o crescimento do nacionalismo e a aspiração para conduzir uma política externa independente".
Os autores do estudo, entre os quais consultores do Departamento Internacional do Partido Comunista da União Soviética e da KGB, expressavam satisfação com "o relativo enfraquecimento das posições dos EUA no Brasil, como manifestado em uma redução da participação americana no investimento de capital".
O estudo soviético, de janeiro de 1985, destacava os sentimentos "progressista" e "nacionalista" de parte da Igreja e dos militares brasileiros. Também dava especial atenção à importância do controle do Estado sobre setores estratégicos para o Brasil.
Para a URSS, o setor estatal da economia brasileira era "o foco da luta entre o imperialismo e seus cúmplices e as forças a favor do desenvolvimento nacional independente do imperialismo".
O boletim foi disponibilizado na internet em dezembro pela CIA.
Tancredo Neves não chegou a tomar posse como presidente da República, adoecendo na véspera e falecendo poucos dias depois. Em seu lugar, assumiu José Sarney, que era o vice-presidente.