Ultimatum da Reunião da OTAN em Varsóvia, à Rússia

Ultimatum da Reunião da OTAN em Varsóvia, à Rússia 

 


EUA só fracassam (em tudo) 

Às vezes, as crianças são brutalmente sinceras. Um menino pergunta à mãe: "Mamãe, você já viu o meu pai nu?" E ela: "O quê? Como?" E o menino: "Corra aqui! Papai está no chuveiro! Venha ver que coisa horrível!"

Recentemente alguém escreveu que os norte-americanos agem como crianças. Se algum dia foi verdade, é hoje, com um punhado de indivíduos que governam aquele país e tentam, para dizer o mínimo, praticar ato violento, não consensual, contra o resto da humanidade.

Considere-se por exemplo o secretário de Defesa Ash Carter. Lembro-me de ter cruzado com Mr. Carter uma vez, num evento de levantamento de fundos. Naquele momento, era subsecretário, encarregado da compra de bens e serviços para os militares dos EUA [ing. military procurement]. Em outras palavras, era a figura mais importante do mundo para milhares de empresas norte-americanas, pequenas e grandes, para as quais os contratos da Defesa eram a única fonte de dinheiro e existência. Um velho amigo meu, fornecedor da Defesa durante toda a vida, apontou Carter, numa roda de governadores e juízes e disse: "Pode esquecer os políticos. Aquele é o homem mais importante do mundo, para um sujeito como eu." Fiquei impressionadíssimo. Mal sabia eu que talvez estivéssemos olhando para o homem que, poucos anos adiante, talvez venha a ser o último ministro militar dos EUA.

Há exatamente um ano, dia 10/6/2015, escrevi sobre ele:

Europa. Serve para quê, a Europa? (...) Para Ash Carter, a Europa não serve para porcaria nenhuma  (orig. ing.)

Dia 5/6/2015, depois de reequilibrar a Ásia e Pacífico, no quartel general do Comando dos EUA na África em Stuttgart, Alemanha, o secretário da Defesa dos EUA Ash Carter convocou todas as principais cabeças defensivas e diplomatas, para falar sobre a Rússia.

Todos perceberam que o secretário Ash Carter da Defesa estava "triste". [Fonte]

Carter estava triste, porque ninguém lhe dava atenção. Em 2006, defendera que o Carnegie Endowment for International Peacebombardeasse o Irã. Dez anos depois, o Irã continua lá. Em abril passado, Carter repetiu que "Devemos bombardear o Irã, mesmo que o acordo de paz tenha sido assinado" [Fonte]

Agora, Ashton Baldwin "Ash" Carter, filho de um psiquiatra do Abingdon Memorial Hospital, insiste que a Rússia seja bombardeada com bombas atômicas, usando como plataforma de lançamento dos mísseis o território que a OTAN ocupa na Ucrânia e os territórios que a OTAN ocupa no Leste da Europa. Ash Carter já avisou a Rússia sobre as bombas nucleares: "As respostas dos EUA devem deixar claro para a Rússia que se não voltar à submissão, nossas respostas deixarão os russos menos seguros do que são hoje." [Fonte]

"O governo Obama está analisando uma lista de respostas agressivas à alegada violação, pelos russos, de um tratado nuclear da era da Guerra Fria; dentre as respostas destaca-se a instalação de bases de mísseis e plataformas de lançamento na Europa que possam destruir preventivamente o armamento russo." [Fonte]

Aqui, você encontra também uma transcrição de "Ano Fiscal 2016 Audiência sobre Forças Nucleares (ing.). (Audiência realizada pela Comissão de Serviços Armados: Subcomissão de Forças Estratégicas).

Em um ano, muita coisa aconteceu. Depois de os EUA terem sidohumilhados no Golfo Persa e expulsos do Oriente Médio e do Mar da China; depois de terem tido seu submarino USS Florida interceptado por um minúsculo barco da guarda costeira espanhola, e depois de terem sido convidados a não aparecer no Desfile da Vitória de 9 de Maio na Moldávia; depois de terem de perder quatro jatos bombardeiros numa semana, inclusive um que sobrevoara o presidente Obama; depois de terem tido de admitir que seus navios de guerra, originalmente desenhados para atacar a Rússia nos Mares do Norte, pifaram no calor do Mediterrâneo; depois deIsrael pedir ajuda de segurança de defesa à Rússia, o que tornou redundante a presença dos EUA no Oriente Médio; depois de tudo isso e muito mais, "os mais valentes e os melhores" decidiram que, para remediar o enorme fracasso em praticamente tudo, o melhor a fazer é quebrar a espinha dorsal da Rússia. Isso feito, quebrar todos os demais estados soberanos será um passeio no parque. É o que os EUA presumem.


Atividade frenética antes da Cúpula da OTAN 2016 em Varsóvia, dias 8-9 de julho (resumo) 


Os exercícios de guerra Anaconda-16
 na Polônia são os maiores de seu tipo desde o final da Guerra Fria. Os dez dias de exercícios envolvem 14 mil soldados dos EUA, 12 mil poloneses e mais de mil soldados britânicos, de um total de 31 mil soldados, de 24 nações. Pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial, tanques alemães cruzam a fronteira e entram na Polônia.

Os exercícios Baltops (Baltic Operations), que acontecem todos os anos e que também começam na 2ª-feira, envolvem 4.500 soldados nos países nórdicos e bálticos. Incluirão centenas de soldados da Finlândia e da Suécia, que não são membros da OTAN, mas estão cultivando laços mais íntimos por causa da "agressão russa" na Ucrânia.

Os exercícios Iron Wolf 2016 envolvem 5 mil soldados e acontecerão principalmente na Lituânia e Latvia.

Os EUA estão finalizando planos para trocar componentes de um escudo de mísseis antibalísticos na Polônia e na Romênia. A própria Polônia está criando força de 35 mil reservistas.

[Aqui o que escrevi sobre o que pode ser a preparação de um ataque forjado (orig. false flag attack) pela OTAN na Estônia.]


Assim sendo, o que, diabos, significaria tudo o que se vê na OTAN? E o que se deve esperar da Cúpula da OTAN em Varsóvia? 

Pela primeira vez desde a 2ª Guerra Mundial, tantas nações reuniram-se para ameaçar ataque militar contra a Rússia. No nível oficial e na mídia, a Rússia tem-se manifestado contra os deslocamentos da OTAN naquela região.

Sergei Lavrov, ministro de Relações Exteriores:


"Não é segredo que vemos como fato negativo a OTAN estar movimentando sua infraestrutura militar para perto de nossas fronteiras, e arrastando outros países para essas suas atividades militares. São ações que ativarão o direito soberano da Rússia a proteger-se com métodos adequados aos riscos hoje existentes."

Franz Klintsevich, vice-presidente da Comissão de Defesa na Câmara Alta do Parlamento Russo, disse mais. Disse à agência russa Interfax que a OTAN prepara "ataque global" contra a Rússia.

1/6/2016, em programa de debate político no Canal de TV Rossya 1 (a transcrição a seguir não é integral, mas um apanhado do que foi dito sobre a OTAN e a próxima Cúpula em Varsóvia)


Vladimir Zhirinovsky, político russo, presidente do Partido Liberal Democrático e, até 2011, membro do Parlamento Russo
:

- Mais uma vez, a OTAN mente ao planeta inteiro, quando diz que a aliança estaria "defendendo" alguém. Pergunte aos generais da OTAN quantas crianças foram sequestradas e mortas na Europa nos últimos dez anos. A resposta é centenas de milhares. Nesse momento, na pacífica Europa, sequestram crianças para extrair órgãos para vender e para usá-las como objetos sexuais. 

Se a OTAN quer explicar alguma coisa às crianças europeias, melhor faria se dissesse "Escutem, crianças da Europa, no verão de 2016 a Europa se aproxima do início de uma possível guerra. Nesse momento, há 95% de chance de guerra na Europa. Só nos restam 5%. Se a Rússia assustar-se e fugir, não haverá guerra. Se a Rússia não se assustar e não fugir, haverá guerra".

A questão está exatamente nesse pé. Foi precisamente o que ouvi sobre isso, em 2015.

Essa é a razão pela qual a OTAN considera "criticamente importante" essa Cúpula. Planejaram em 2015 que, no verão de 2016 o impasse entre OTAN e Rússia alcançaria o ponto de ebulição. A OTAN vai dar um ultimatum à Rússia: teremos de ou aceitar o ultimatum deles, ou de responder como entendamos que seja o melhor para nós. Por isso essa Cúpula da OTAN em julho, em Varsóvia é extraordinariamente perigosa. Depois dela, ou eles terão de atacar a Rússia, ou a Rússia terá de atacá-los. Não oferecem qualquer outra saída. Estamos no Rubicão, e o próximo passo é guerra.

Lembram-se de como começou a Grande Guerra Patriótica, dia 22/6/1941? Os exércitos de Hitler aproximaram-se das fronteiras da Rússia. Hoje acontece exatamente a mesma coisa. Tropas da OTAN estão junto às nossas fronteiras, em junho de 2016. Não estou dizendo que a OTAN atacará amanhã. Estão tentando nos assustar. Acreditam que gente como Kudrin e toda a 5ª Coluna dentro do governo exigirá que a Rússia se retire. 

Todos entendem que nós nunca mais recuaremos, certo? Entendem, não é? Eles vão nos empurrar até conseguirem um ataque preventivo que não deixará nem vestígios das divisões alemãs e dos exércitos da OTAN. Não sobrará nada, só fumaça e uma grande cratera no chão. 

Queremos que os europeus sintam medo, porque hoje, nesse momento, não têm medo de nada. Acreditam nessa propaganda de que a OTAN os protegerá. Alemanha e Polônia, atenção: é hora de compreenderem que, quanto mais tropas da OTAN hospedarem em seus territórios, mais depressa será todos varridos.


Michael Bohm, do Moscow Times: O que a Rússia está oferecendo ao mundo?


Mikhail Starshinov, deputado da Duma estadual, do partido Rússia Unida, representante da Frente Popular Todos os Russos

- A Rússia oferece jogar pelas regras. Se firmamos um acordo sobre alguma coisa, cumprimos o que nos comprometemos a fazer. Se o time muda as regras no meio do jogo, por decisão unilateral, para arrancar vantagens indevidas sobre o outro time, nesse casos as relações são agredidas, e há insegurança política e militar.

Sergei Shargunov, jornalista: Na Polônia, a OTAN - agressivo bloco militar - se apresenta como se fosse salvador das criancinhas. OTAN matou incontáveis crianças nos bombardeios contra Iugoslávia, Iraque, Síria e Líbia. OTAN bombardeia Donetsk diariamente, onde vivem 95 mil crianças. Só em Donetsk, foram mortas 101 crianças, assassinadas por causa do apoio direto que a OTAN dá àquela agressão contra o povo ucraniano.

Hoje, a OTAN se infiltra em países que não são membros, como Ucrânia, Geórgia e Azerbaijão. São ações que agridem diretamente aCarta da OTAN.

É uma tentativa para criar uma zona 'tampão', de pequenas "anti-Rússias", constituídas de repúblicas ex-soviéticas, cercando nosso país. A OTAN que explique tudo isso às crianças na Europa!


Agora, é esperar... 

Ninguém precisa perder tempo precioso assistindo àqueles vídeos da OTAN, acima. Esse episódio do psicodrama de Washington, que acontecerá em Varsóvia, resume tudo: representantes do Grande Parasita, discutindo o "perigo sem precedentes" que eles, coletivamente, enfrentam! 

Eles sabem que o Dia do Juízo Final aproxima-se rapidamente. Sabem que terão de responder por tudo que fizeram, a começar pela detonação da Ordem Mundial pós 2ª Guerra Mundial que eles mesmos arrumaram lá à moda deles e chamam agora de "arranjo pós-Guerra Fria". 

Esse chamado "arranjo" inclui a reunificação ilegal da Alemanha e a divisão ilegal da União Soviética; a pilhagem organizada das riquezas da Rússia; a violação dos Acordos de Yalta; e a conversão da pacífica Organização do Pacto de Varsóvia numa aliança de guerra, a OTAN - para cometer crimes de guerra contra as nações da União Soviética, Iugoslávia, Iraque, Afeganistão, Iêmen, Líbia e Síria. 

Para arquitetar putsches contra governos de países soberanos. Para arquitetar colapsos de mercados em todo o mundo, que custam trilhões de riqueza perdida para as nações produtoras. Para servir como instrumento na facilitação do terrorismo, por todo o planeta - e da miséria, da escravidão, da produção, distribuição e consumo de todas as substâncias perigosas que geram dependência e morte. Para atacar igrejas cristãs em todo o mundo e para prosseguir no genocídios dos povos de fé muçulmana.

Que ninguém se engane: são eles, esses grupos de falsos artistas, ladrões, mentirosos, sádicos profissionais, quem hoje está enfrentando "crise sem precedentes". Eles, eles! Não nós, pessoas comuns, trabalhando para viver em todo o mundo. Eles enfrentam ameaça sem precedentes. Eles lucram com as guerras, nós morremos nas guerras. Eles tornaram-se escandalosamente ricos. Nós somos castigados pelo ARROCHO. Eles declaram-se juízes da humanidade, e nós somos vítimas dos crimes deles. Quando falam, falam só por eles, não por nós. 

Ninguém precisa assistir a esses vídeos da OTAN, mas é bom olhar bem a cara desses homens que estão arquitetando esse assalto sem precedentes contra a humanidade, pensando só neles, no que tenham a ganhar com a morte de tantos. É preciso fazer cartazes com a cara deles. Devemos ensinar aos nossos filhos quem são esses sujeitos da OTAN, que poderiam, no máximo estar plantando batatas em terra seca. São os mesmos que já bombardearam incansavelmente a Europa, a África e o Oriente Médio, e agora se coçam de vontade de bombardear nossas casas. Mostrem aos filhos de vocês quem são essas mulheres do Conselho Atlântico. Em vez de continuar o negócios dos ancestrais, que vendiam sementes de girassol no Mercado Privoz de Odessa e criavam os filhos, elas hoje conspiram com os violentos senhores da OTAN, para definir o prazo de validade da vida humana, dos nossos filhos, para que os filhos delas iniciem uma nova raça. Não duvido de nada.

P.S.: Ontem, dia 14/6/2016, 11h GMT o Presidente Putin ordena inspeção não anunciada das Forças Armadas da Rússia.

O presidente Vladimir Putin ordenou inspeção não anunciada das Forças Armadas da Rússia - informou a agência Tass.

O estado e a prontidão dos arsenais militares serão avaliados - disse ontem o Ministro da Defesa Sergey Shoigu. Todos os depósitos de armas e equipamentos serão inspecionados, bem como determinados pontos de controle militar, segundo o ministro. Esse exercício não previsto de prontidão para combate inclui a convocação de reservistas, para treinamento militar.*****

 


 "O German Marshall Fund of the United States (GMF) [lit. Fundo Marshall dos EUA, Alemanha] é organização não governamental sem finalidades de lucro, que trabalha para fortalecer a cooperação transatlântica, em desafios e oportunidades regionais, nacionais e globais, no espírito do Plano Marshall" [da webpage].

 

14/6/2016, Scott Humor, The Vineyard of the Saker

Ver também
Waiting for Yalta-2 (Part I) : What the Kerry-Lavrov pact brings to the table (ing.)

 

 


Author`s name
Timothy Bancroft-Hinchey