RÚSSIA: "Ajuda letal fará explodir tudo na Ucrânia" - Ontem, em votação que escapou por baixo do radar, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou resolução em que exige que Obama envie ajuda letal à Ucrânia, fornecendo armamento ofensivo, não exclusivamente "defensivo" ao exército ucraniano
Ontem, em votação que escapou por baixo do radar, a Câmara de Representantes dos EUA aprovou resolução em que exige que Obama envie ajuda letal à Ucrânia, fornecendo armamento ofensivo, não exclusivamente "defensivo" ao exército ucraniano - a mesma Ucrânia insolvente, em crise de hiperinflação e que, com nível de confiabilidade zero para crédito (padrão Caa3/CC), iniciou preparativos, na semana passada, para emitir bônus da dívida soberana com os EUA como seus avalistas - o que equivale a algo como os EUA terem comprado a Ucrânia. Os EUA também compraram o Egito, quando era governado por regime da Fraternidade Muçulmana, fantoche dos EUA, antes de o citado regime e fantoche ser deposto por golpe do exército local.
A resolução foi aprovada com apoio dos dois partidos, por 348 a 48 votos.
Segundo DW, a medida exige que Obama forneça "sistemas letais de armas defensivas" que capacitarão a Ucrânia a defender seu território contra "a agressão não provocada e continuada da Federação Russa."
"Políticas dessa ordem não devem ser de um só partido", disse o deputado Democrata Eliot Engel, principal propositor da resolução. "Por isso todos nos erguemos hoje, Democratas e Republicanos, de fato, como americanos, para dizer que quando basta, basta, na Ucrânia."
Engel, Democrata de New York, resolveu que sabe mais que toda a Europa qual a melhor opção para o povo ucraniano. Que a Europa e, especialmente, que sabe mais que a Alemanha, que não se cansa de repetir que rejeita qualquer movimento para fornecer armas ocidentais ao exército ucraniano. Engel alertou que a Rússia, no governo do presidente Putin, converteu-se "numa clara ameaça a meio século de envolvimento dos EUA num investimento numa Europa una, livre e em paz. Uma Europa na qual as fronteiras não sejam modificadas à força." E prosseguiu: "A guerra na Ucrânia já fez milhares de mortos, dezenas de milhares de feridos, um milhão de desabrigados e já começou a ameaçar a estabilidade europeia de depois da Guerra Fria".
Muito estranho! Talvez o Departamento de Estado dos EUA devessem ter pensado melhor, então, há um ano, quando Victoria Nuland conspirava em busca do meio mais rápido e efetivo para pôr no poder em Kiev o seu amigo-fantoche "Yats" e derrubar o presidente eleito, num golpe integralmente patrocinado pelos EUA.
Vale a pena dar uma olhada nos "doadores patrocinadores da carreira política" do Republicano Engel, porque ali se encontra alguma explicação para a tenacidade com que se empenha em iniciar mais um conflito armado e em escalar o que o próprio Engel define como uma guerra fria dentro de uma guerra morna.
Assim sendo, o que fará Obama? Vale relembrar que o presidente tem dado sinais de preferir amplamente cair fora dessa, e deixar que a Europa assuma a dianteira no quesito se e quando escalar a guerra civil por procuração que os EUA combatem na Ucrânia. A verdade é que a resolução aprovada pelos Representantes põe ainda mais pressão sobre o governo Obama, que tem dito repetidas vezes que considerava a possibilidade de enviar ajuda letal (sic) à Ucrânia. Mas Obama até agora ainda não se atreveu a puxar o gatilho.
Há vários meses, o comandante do Estado-maior das Forças Conjuntas dos EUA, general Martin Dempsey disse que "consideramos, sim, absolutamente" fornecer "ajuda letal", sentimentos que foram logo ecoados pelo secretário de Defesa Ashton Carter, que disse que ele também estava "inclinado" na mesma direção.
As opções de Obama podem ser ainda mais limitadas, depois que o principal comandante militar da OTAN, general Philip Breedlove, disse no domingo que o ocidente deve "considerar todas as nossas armas" para ajudar a Ucrânia, inclusive enviar armas defensivas para áreas ocupadas por rebeldes pró-Rússia.
Por enquanto o presidente está adiando qualquer decisão, porque, segundo o Departamento de Estado, a Casa Branca espera para ver se funcionará o cessar-fogo decidido no Acordo Minsk-2, antes de decidir se enviará ajuda letal.
Ironicamente, o maior obstáculo à imediata declaração de uma Guerra Mundial III pode ser a própria Hillary Clinton em pessoa. Revelou-se recentemente que a ex-secretária de Estado - atualmente envolvida num escândalo de e-mails que ela ocultou aos próprios órgãos de controle do governo dos EUA - recebeu doações muito generosas para a Fundação dos Clintons: as mais generosas das quais lhe vieram precisamente... da Ucrânia!
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Considerando as notícias da semana passada de uma perigosa guerra fria que ruge entre a mulher que é o braço direito de Obama, Valerie Jarrett, e os Clintons, é talvez muito provável que Obama, cuja política externa é perfeito e abismal fracasso, e cujas "realizações" no além-mar só podem ser descritas como completo desastre, não tenha vontade alguma de envolver-se na Ucrânia. Não tanto, provavelmente, para evitar que a guerra fria com a Rússia vire quente, mas, muito mais, para manter um elemento de pressão e chantagem contra Hillary, no momento que ela desafia a favorita de Obama, a populista Elizabeth Warren.
Assim se vê mais uma vez que, no que tenha a ver com política externa, o presidente dos EUA não passa de figurante, e quem realmente toma todas as decisões é o complexo militar-industrial. Assim sendo, embora Obama possa adiar um pouco o envio de armas, ele acabará por receber tapinhas nas costas, que lhe dará a doce e gentil tribo cujos nomes se leem na tabela abaixo, que com certeza logo exigirá ação em troca dos milhões com que enriquecem os lobbies e as campanhas eleitorais
(imagem em http://www.zerohedge.com/sites/default/files/images/user5/imageroot/2015/03/MIC%20donations.jpg
Claro que o passo seguinte a ser 'noticiado' já está redigido: "mandar armas para o governo de Kiev não significará qualquer envolvimento dos EUA numa nova guerra" - já disse o supracitado Eliot Engel, que apresentou o projeto de resolução já aprovado. "O povo ucraniano não quer saber de soldados norte-americanos" - disse Engel. - "Só querem as armas."
Lindo. E se a Ucrânia só quer armas, o complexo industrial norte-americano só quer vendê-las!
Assim sendo, a única questão é como a Rússia responderá a essa escalada: segundoRT, "a decisão de Washington de fornecer munição e armas fará "explodir tudo, no leste da Ucrânia" e a Rússia será forçada a responder "apropriadamente" - disse o vice-ministro de Relações Exteriores Sergey Ryabkov, nos últimos dias de fevereiro.
"Seria o maior golpe contra os acordos de Minsk e faria explodir tudo" - segundo a agência TASS, citando Ryabkov.
Em outras palavras, esqueçam ações e bônus - pensem só nos pacotes monetários que o Banco Central lançará de paraquedas sobre algumas cabeças, só por causa dessa Guerra Mundial III.*****
25/3/2015, Tyler Durden, Zero Hedge