A "histeria militar da OTAN" mina qualquer esperança de paz na Ucrânia

Em resposta a ameaças da OTAN, de que expandirá suas capacidades militares na direção leste, a Rússia reagiu ontem, 3ª-feira, dizendo que tais movimentos só provocarão uma recalibração das forças militares da Federação Russa.


A reação, que mobilizou o alto comando militar russo, veio pouco antes de reunião de cúpula da OTAN, marcada para essa semana e depois de fala do secretário-geral da OTAN Anders Fogh Rasmussen, de que uma força "avançada" de 4 mil soldados e de "resposta rápida" seria posicionada no leste da Europa.


2/9/2014, Jon Queally, Commondreams - http://goo.gl/6RQK8A
O vice-secretário geral da Câmara Pública Sergei Ordzhonikidze, disse à agência estatal de notícias que os planos de Rasmussen não passam de "histeria militar" e implicam trair promessas históricas. Disse que, diante disso, só restava à Rússia a alternativa de tomar medidas recíprocas, também pelo seu lado.

"Quando tropas da OTAN se aproximarem de nossas fronteiras, é claro que teremos um plano implantado" - disse Ordzhonikidze. - "Há ameaça real, se temos tropas estacionadas junto às nossas fronteiras. Lembro do compromisso da OTAN, de que não expandiria o território do bloco na direção leste... Agora, só nós resta impedir, seja como for, essa expansão da OTAN."

Rasmussen começou a falar da 'expansão' da OTAN para o leste exatamente na semana passada, em entrevista convocada com jornais europeus. Aquelas 'novidades' viraram manchete exatamente quando o presidente Vladimir Putin da Rússia e Petro Poroshenko da Ucrânia, estavam reunidos em Minsk, Bielorrússia, para a primeira reunião presidencial para começar a discutir uma saída para a terrível crise na Ucrânia. A 'oportunidade midiática' escolhida a dedo por Rasmussen e o 'ocidente' não passou despercebida pelo ministro Sergei Lavrov, da Relações Exteriores da Federação Russa.

"Fato muito interessante" - disse Lavrov na 3ª-feira, em entrevista ao vivo transmitida pela TV - "é que essa iniciativa da OTAN apareça imediatamente depois da reunião em Minsk, quando começou o processo do Grupo de Contato que tenta chegar a um acordo aceitável para todos, na atual crise da Ucrânia."

Lavrov classificou as declarações de EUA  e a fala de Rasmussen sobre expansão da OTAN como esforço consciente para minar até esses primeiros frágeis esforços em direção à paz entre rebeldes ucranianos no leste e o governo em Kiev.

"É muito lamentável que esse ânimo para reforçar as posições do "partido da guerra" seja tão empenhadamente estimulado por Washington e outras capitais europeias, e cada vez mais frequentemente também por Bruxelas e pelos quartéis generais da OTAN, de onde sai o secretário-geral, com notícias que absolutamente ele não é autoridade competente para distribuir" - disse Lavrov.

Em comentários separados, o vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, Mikhail Popov, disse a RIA Novosti que, em resposta ao ímpeto expansionista da OTAN, já há planos em preparação para modificar a doutrina militar da Rússia. "Esses planos", disse ele, "foram desencadeados por fatores geopolíticos, inclusive essa movimentação da OTAN próxima das fronteiras russas e a situação na Ucrânia." (...)

 


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Timothy Bancroft-Hinchey