Há dois anos, a Grécia perdeu a chance de superar a crise com ajuda da Rússia. Hoje em dia, os investimentos russos no país estão a crescer e puxam ar para respirar as economias de várias regiões da Grécia, como o Nordeste. Investidores russos estão especialmente atraídos por baratos imóveis, o turismo e a propriedade vendida pelo Estado grego.
"A Grécia só deve dar à Rússia a luz verde e o dinheiro russo virá", disse a BBC Ivan Savvidi, o empresário e presidente da Associação de Organizações Públicas Gregas da Rússia. "Se a Grécia pedir vir o negócio russo, eu garanto que em outubro do próximo ano, a Grécia vai se tornar um país próspero", acredita Savvidi, ex-deputado da Duma russa e proprietário do clube grego PAOK.
"A Rússia em mil anos nunca virou as costas para a Grécia, e, claro, não vai fazê-lo agora", disse o funcionário.
De acordo com Savvidi, o governo grego já uma vez perdeu uma oportunidade histórica para sair da crise com ajuda da Rússia. "Há dois anos, quando Giorgio Papandreou (ex-primeiro-ministro) reuniu-se com Vladimir Putin, a Rússia estava pronta para ajudar, mas Atenas não levantou a questão", disse Savvidi.
Por que a Grécia não estava pronta? O conhecido político alemão do partido de Angela Merkel(CDU), Armin Laschet, tentou à revelia responder a essa pergunta. Segundo Laschet, a saída da Grécia da zona do euro "pode levar a instabilidade aos países da OTAN. Rússia está pronta para ajudar a Grécia com seus bilhões, caso o cenário continue a se desenvolver", disse à Reuters. "Há muito mais em jogo do que apenas uma questão da Grécia cumprir os critérios do plano de resgate da União Europeia."
No entanto, apesar da ausência de vontade política por parte da Grécia, os investimentos russos na economia da nação assolada pela crise estão a crescer. Primeiro, é no sector de turismo que Savvidi chamou de "tubo de petróleo da Grécia." Elefterios Meletlidis, um hoteleiro na região do Monte Athos, disse à BBC que o número de turistas russos na região aumentou dez vezes desde 2002. "O mercado russo é enorme. Os russos são ortodoxos, eles amam a Grécia. A proximidade com o Monte Athos é a chave, como os russos são muito religiosos, na escala bem maior do que os gregos."
De acordo com Câmara de Comércio Rússia-Grécia, os turistas da Rússia — 1,7 milhões de pessoas no ano passado — deixaram um monte de dinheiro no país — cerca de US $ 2 bilhões. Cerca de 7 por cento deles vêm com um desejo de comprar imóveis. Por exemplo, no ano passado houve 31.000 contratos de compra registados. "Os russos têm um forte interesse em adquirir terras, empresas e imóveis", disse Grigoris Tassios, o presidente da Associação de Hotéis em Halkidiki, no norte do país.
Segundo ele, os empresários russos na região adquiriram oito hotéis em quatro anos. "Mas os russos são difíceis negociadores. Sabem que o mercado está deprimido e, portanto, solicitam um desconto de 30 por cento de tudo o que gera o seu interesse", acrescentou.
No entanto, o mercado de imóveis grego não tem prioridade entre russos, leva apenas a décima e quinta posição. O Fórum Grego-Russo de imobiliário, que foi realizado em Atenas, entre 23-24 de Outubro, revelou os seguintes números. Os russos preferem comprar imóbilário na Itália (35 por cento), Bulgária (15 por cento), os EUA (12 por cento), República Checa (9 por cento), Espanha (8 por cento), Turquia (3 por cento), de acordo com o portal grego Imerisia. gr.
A presidente da Federação das Corretoras de Imóveis russa, Anna Lupashko, relatou que na Grécia as propriedades procuradas por clientes russos variam entre 100.000 e 200.000 € e são destinadas para uso pessoal. Ela descreveu um investidor russo médio. É um empresário de 30-45 anos, casado, com filhos, concluindo este negócio pela primeira vez. Prefere gastar cerca de 150.000 dólares (56 por cento, 13,6 por cento compram casas por 500.000 dólares em países como o Reino Unido, Itália e França). Compra novos apartamentos (55 por cento), e não está interessado em imóveis em construção.
Os russos também procuram um clima ameno (71 por cento), a atitude amigável de pessoas (44 por cento) e oportunidades de investimento (40 por cento). Tudo isso encontram na Grécia. Além do turismo e imobiliário, o negócio russo está pronto para investir na infra-estrutura e indústria do país. Para implementar as recomendações do FMI, BCE e UE, o governo grego tem privatizado amplamente a propriedade do Estado, a fim de repor a sua liquidez. Um investidor russo comprou a participação majoritária nas queijarias Dodoni controladas pelo Estadoi e um complexo portuário em Salónica. A Gazprom está interessada em comprar companhia de gás DEPA; monopólio Ferrovias da Rússia — ferrovias gregas com prejuizo.
Apesar da Grécia ser o membro da União Europeia e da NATO, a amizade do país com a Rússia tem muitos anos de boas tradições. Assim, Ioannis Kapodistrias, um diplomata grego e ministro das Relações Exteriores da Rússia czarista, foi eleito em 1827 o primeiro presidente da Grécia (depois do país se ter tornado independente do Império Otomano).
Durante a Revolução Grega de Libertação Nacional em 1821 — 1829 anos, o "Partido Russo", que representava os gregos do Peloponeso e contava com a ajuda do Império russo, foi o principal responsável pela luta armada contra os turcos em terra. A influência da Rússia não foi perdida nas áreas onde a Rússia estava em guerra contra o Império Otomano. Essa influência cresce por meio dos investimentos, tanto privados como estatais e podia ser bem maior se o governo grego tivesse a vontade política .