A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) no dia 01 de outubro deixará a Rússia. Revelada em suas intenções de destabilizar Venezuela, Bolívia, Equador, Cuba, Usaid mostrou suas " duas caras" e na Rússia. A ordem de expulsão foi dada pelo Ministério das Relações Exteriores que considera a agência norte-americana ter interferido na política interna russa.
"O caráter do trabalho da agência … nem sempre cumpriu com os objectivos declarados em matéria de cooperação humanitária bilateral", disse o MRE em seu site. "Estamos falando de emissão de subsídios em uma tentativa de influenciar o curso dos processos políticos do país, incluindo eleições em diferentes níveis e instituições da sociedade civil."
Sociedade civil russa tornou-se totalmente madura, disse o Ministério das Relações Exteriores, e não precisa de nenhuma "direção externa". " Moscou está lidado para trabalhar com a Usaid em terceiros países, afirmou.
Em entrevista ao jornal Kommersant, o porta-voz do presidente Putin, Dmitry Peskov, sugeriu que a agência dos EUA não tivesse respeitado as regras da Rússia que regulam o seu trabalho com as ONG.
"Como todas as agências estrangeiras que fornecem apoio financeiro para ONGs russas, a Usaid devia obedecer às normas legais da Rússia", disse Peskov. "Se os americanos tivessem respeitado essas normas, obviamente, não teríamos podido tomar uma decisão de encerrar suas atividades em território russo."
Decisão de Moscou de suspender os programas da Usaid vem depois de Putin em julho ter assinado a lei que exige às organizações não-governamentais, recebendo recursos do exterior, registrarem-se como "agentes estrangeiros". A lei exige também que as ONGs russos forneçam informações sobre a forma como os fundos recebidos do exterior estão sendo usados na Rússia.
Os Estados Unidos negaram que os programas da Usaid são destinadas a interferir nos assuntos internos da Rússia. Mas a experiência de outros países, como do bloco ALBA evidencia que essa agência é capaz de recorrer a desestabilização contra os governos que tem por característica a defesa de sua soberania e os interesses dos povos.
A Usaid começou a operar em 1961 e tem "duas caras", já que enquanto por um lado se apresenta com a fachada de dedicação para a assistência humanitária, por outro contribui para projetos políticos para promover a agenda de Washington. "Inclusive foi utilizada por entidades como a Agência Central de Inteligência (CIA) para acobertar suas ações", alerta pesquisadora venezuelana-estadunidense, Eva Golinger.
Na Rússia a cessação das atividades da Usaid implica o fim do financiamento da agência "Golos", organização que estava promovendo os interesses dos EUA. A diretora executiva da "Golos", Lilia Shibanova, refere que "para a organização a situação é problemática". "Trabalhamos com a Usaid desde 2002 e é muito difícil obter financiamento para supervisionar eleições de fundos internacionais. Também vemos a medida como uma agressão contra todas as organizações não-governamentais que recebem fundos do estrangeiro."
Os americanos ficaram nervosos com a decisão do governo russo. Victoria Nuland, porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, disse que o Partido governamental Rússia Unida participou, durante vários anos, em programas financiados pela Usaid. Nuland acrescentou que a Usaid financiou o treino de novos líderes, a discussão de questões como a participação das mulheres na vida política, sobre a sociedade civil, ou assistência médica. Além disso, a agência apoiou ativistas do Partido criado pelo Presidente Putin a apresentarem ideias inovadoras. No entanto, a informação era falsa.
"Lamentámos profundamente o facto de representantes do governo dos Estados Unidos terem utilizado informação não confirmada nos seus comentários oficiais", comentou o senador Andrei Kilov, que, no Rússia Unida, dirige as relações com organizações internacionais.
"Em 2011, a Usaid concedeu um apoio à oposição extraparlamentar de cerca de 135 milhões de dólares (100 milhões de euros). Esse dinheiro foi concedido para nos democratizar tal como foi feito na Líbia, Egito e Síria", frisou Vladimir Burmatov, deputado do Rússia Unida na Duma.