O governo russo pretende restaurar o apoio técnico-militar dos seus navios nas suas antigas bases militares em Cam Ranh (Vietnã), Lourdes (Cuba) e na República das Seychelles. Até agora não se trata dos planos para uma presença militar, mas, sim, da restauração dos recursos da tripulação. No entanto, uma sólida base contratual deve ser desenvolvida para esses planos de largo prazo.
As intenções foram anunciadas em 27 de julho pelo comandante da Marinha russa o vice-almirante Viktor Chirkov. "No nível internacional, está sendo negociada a criação dos pontos de logística em Cuba, Seychelles e Vietnã ", disse Chirkov citado pela mídia russa. A questão obviamente foi discutida na reunião com os líderes de todos os países. O presidente do Vietnã, Truong Tan Sang, recentemente teve com o primeiro-ministro Dmitri Medvedev em Moscou e com presidente Vladimir Putin em Sochi. O líder cubano, Raul Castro, reuniu-se com Putin em Moscou no início deste mês. Um pouco antes, o presidente da República das Seychelles, James Michel fez uma declaração inequívoca.
"Vamos dar à Rússia os benefícios em Cam Ranh, incluindo com objectivos da cooperação militar", disse à mídia o presidente do Vietnã. Cuba que tem uma base militar americana na Baía de Guantánamo e está protestando contra a implantação das novas bases dos EUA na Colômbia, é claro, que quer adquirir um tal aliado como Rússia para ser capaz de conter os Estados Unidos. As Seychelles, no Oceano Índico, sempre foram na zona de influência soviética. Em 1981, a Marinha Soviética ajudou o governo a impedir o golpe militar e antes do colapso da URSS os soviéticos tinham uma presença constante na área. Em junho de 2012, na inuguração de uma igreja ortodoxa na cidade capital de Victoria, James Michel falou do papel da Rússia no combate à pirataria e apoiou a ideia russa de construir um cais no porto de Victoria, projetado para a manutenção dos navios de guerra da Marinha da Federação Russa.
Após a declaração do vice-almirante, o Ministério russo das Relações Exteriores e o Ministério da Defesa deixaram claro que se trata do descanso e reabastecimento das turmas após a campanha na área e não das bases militares. No entanto, é claro que navios militares russos podiam fazer as duas coisas sem regime especial, dadas as boas atitudes dos líderes desses países em relação à Rússia. Pode-se supor que o almirante russo inconscientemente tenha revelado os planos de grande escala da liderança russa. Seria ótimo, porque desde os tempos de Pedro o Grande, a Rússia tem sido forte por sua Frota e Exército. Além disso, vale ressaltar a declaração de Putin na reunião do G20 em junho. Após a conversa com o presidente dos EUA, Barack Obama, Putin fez uma declaração repentina dura para a imprensa.
"Em 2001, eu, como o presidente da Federação Russa e o comandante supremo, considerou vantajoso retirar o centro rádio-eletrônico de Lourdes em Cuba. Em troca, George Bush, o então presidente dos EUA, assegurou-me que esta decisão se tornaria a confirmação final de acabar a Guerra Fria e os dois nossos estados se livrarem das relíquias da Guerra Fria. Que vamos começar a construir um novo relacionamento, baseado na cooperação e transparência. Em particular, Bush me convenceu que o sistema de defesa antiaérea dos EUA nunca seria implantado na Europa Oriental.
A Federação da Rússia cumpriu todos os termos do acordo. E ainda mais. Encerrei não só a base em Lourdes, mas também Cam Ranh no Vietnã. Fechou- os por ter dado a minha palavra de honra. Eu, como um homem, tenho mantido a minha palavra. E o que é que fizeram os americanos? Os americanos não são responsáveis pelo seu "bate- papo". Não é nenhum segredo que nos últimos anos, os EUA tem criado uma zona tampão em torno da Rússia, envolvendo nesse processo não apenas os países da Europa Central, mas também os estados bálticos, a Ucrânia e o Cáucaso. A única resposta para isso poderia ser uma expansão assimétrica da presença militar russa no exterior, particularmente em Cuba. Em Cuba, há baías convenientes para os nossos navios de guerra e reconhecimento, uma rede dos chamados "campos de pouso de salto." Com o pleno consentimento da direção cubana, em 11 de maio deste ano, o nosso país não só voltou a trabalhar no centro eletrônico de Lurdes, mas também colocou novos móveis mísseis nucleares estratégicos Oak. Não quiseram fazê-lo da maneira amigável, agora deixo-os lidar com isso ", disse Putin.
É óbvio que a Rússia não vai parar só simplesmente fazendo "descanso" para os seus marinheiros na área. Agora, voltemos para a declaração de Chirkov. Os americanos oficialmente não ficaram nervosos com ela. Por exemplo, o porta-voz do Pentágono, George Little, disse que a Rússia tinha o plenodireito de celebrar acordos militares e relações com outros países, assim como os Estados Unidos, segundo a Agência France Press. A razão é simples: os analistas americanos acreditam que a Rússia agora não tem força para criar as suas próprias bases militares.
Os americanos falam sobre a falta de influência russa, o dinheiro e a frota real. Meios de comunicação ocidentais citam um "perito independente sobre a defesa" em Moscou Pavel Fengelgauer. Segundo ele, a Rússia não tem os recursos necessários para fornecer presença naval constante fora das suas águas territoriais, já que tem apenas 30 navios de guerra maiores navegando nas cinco frotas. Portanto, a possibilidade de colocação de uma "estação adicional" não significa a expansão do poder naval russa. É, em geral, uma avaliação objectiva. Mas desde que a crise tem envolvido o Ocidente em 2008, a Rússia tem começado a recuperar a sua Marinha. A perda não foi tão grande — cerca de um quarto da reserva Soviética. Outra coisa é que devemos falar da a modernização da frota. Mas há muito para manter. Chirkov disse que as forças navais da Rússia este ano podem ser reabastecidos com mais de 10-15 navios de guerra, incluindo destróieres e submarinos nucleares.
Quanto à influência, de acordo com palavras do presidente russo, a Rússia também está crescendo ativamente, embora os trabalhos nesse sentido apenas tenham começado e como vemos muito corretamente , pois, ficam envolvidos os Oceanos Pacífico, Atlântico e Índico. É devido não só às razões geopolíticas, mas à crescente presença econômica da Rússia nas regiões. Por exemplo, a Gazprom está trabalhando ativamente no pré-sal do Vietnã. Nos Caribes também participa na construção do gasoduto meso-americano de e nas áreas petrolíferas na Venezuela. Uma fábrica de munição está em construção em Cuba.
No entanto, deve-se começar com uma base sólida contratual. Tomemos, por exemplo, acordos de defesa mútua que os EUA têm com as Filipinas, Japão, Colômbia e México. Na presença de tais acordos bases militares não pode ser contestadas como uma expansão militar. A Rússia tem espaço para crescer — das 16 bases militares em funcionamento da era soviética, hoje só há uma - em Tartus na Síria, ou dois, se considerarmos a base na Ucrânia em Sevastopol.