Rússia e China vetam sanções contra Síria na ONU e propõem prorrogar missão no país
O presidente sírio, Bashar al-Assad, se reuniu com seu novo ministro da Defesa, Fahad Jassim al-Freij, logo após a cerimonia de posse, realizada em Damasco
Rússia e China vetaram nesta quinta-feira (19) a resolução do Conselho de Segurança da ONU que busca impor sanções contra o presidente sírio Bashar al-Assad se ele não parar com o uso de armas pesadas.
Trata-se da terceira vez em nove meses que Rússia e China empregaram seu direito de veto como membros permanentes do Conselho para bloquear resoluções contra Damasco. A votação resultou em 11 votos a favor, dois contra e duas abstenções.
Após o veto de Moscou e Pequim, o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney, disse que a missão do enviado especial da ONU e da Liga Árabe para a Síria, Kofi Annan, não pode seguir adiante. "O fracasso do Conselho de Segurança significa que (a missão de Annan) não pode continuar", declarou ele, que classificou de "decisão muito lamentável".
Carney disse ainda que sem o mandato mais firme que teria representado a resolução do Conselho, não há motivos para manter os observadores da ONU na Síria.
Já Annan afirmou que se encontra decepcionado com o veto da Rússia e da China, segundo seu porta-voz. "Annan está decepcionado porque, neste ponto crítico, o Conselho de Segurança da ONU não possa unir-se e adtoar uma ação coordenada", afirmou Ahmad Fawzi.
Conflito
Na quarta-feira (18), um ataque em um prédio de Damasco matou ao menos três pessoas ligadas ao alto escalão do governo sírio: o ministro da Defesa, Daoud Rajiha; o vice-ministro deste departamento e cunhado de Assad, Assef Shawkat; e o assistente presidencial Hassan Turkmani.
O ataque de quarta-feira é o maior golpe perpetrado contra o regime pelos rebeldes desde o início das revoltas na Síria, em março de 2011. O Exército Livre Sírio (ELS) reivindica a autoria do ataque. O Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), sediado em Londres, diz que pelo menos 214 pessoas, em sua maioria civis, morreram na quarta-feira (18) na Síria, sendo 38 em Damasco.
Como votou o Conselho
Reino Unido, França, Alemanha e os EUA propuseram na resolução vetada a implementação do plano de paz do enviado da ONU à Síria, Kofi Annan. O plano autoriza o conselho a tomar ações que vão desde as sanções econômicas e diplomáticas até a intervenção militar.
A Rússia se opõe frontalmente à medida. Nesta semana, o chanceler russo, Sergei Lavrov, chamou a ameaça de sanções de "chantagem".
Os 15 integrantes do conselho ainda podem negociar outra resolução para decidir o destino da missão desarmada que está no país. O prazo para a missão deixar a Síria acaba à 0h da sexta-feira (20). A Rússia propôs no conselho uma resolução que prorrogue a missão da ONU no país árabe por 90 dias, sem uma cláusula que fale em sanções.
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