Às duas semanas das eleições presidencias, o ranking do primeiro-ministro e candidato presidencial Vladimir Putin alcançou a marca psicologicamente importante de 50%. A fundação Opinião Pública capta a crescente popularidade do primeiro-ministro a terceira semana consecutiva, apesar da actividade contínua da oposição à sua candidatura.
Especialistas explicam-no pela irritação dos eleitores conservadores, chateados pelos protestos da oposição em Moscou, assim como pela campanha eleitoral bem sucedida do primeiro-ministro que está trabalhando em conjunto com seu eleitorado, e recruta os novos simpatizantes entre antigos adversários e o "pântano".
Segundo o diretor geral da Agência de Comunicações Políticas e Econômicas, Dmitry Orlov, um aumento sistemático do ranking de Putin podia ser explicado pela activação por parte do seu eleitorado, que antes havia pensado pouco na política.
"Agora a campanha entrou em uma fase quando se mobilizam as pessoas que até recentemente não haviam pensado em participar na eleição. Putin age e continua a mobilização do seu eleitorado "- diz o analista.
Ao mesmo tempo, ele destaca o sucesso da campanha de propaganda do primeiro-ministro. A publicação dos seus artigos provocou uma forte repercussão pelas idéias apresentadas, destinando a uma ampla gama de eleitores. " Essas ideias não são tanto políticas como gerais, compreensíveis para todo o mundo", diz Orlov.
O outro analista, vice-presidente do Centro de Política Actual na Rússia, Vitaly Ivanov, explica o aumento no ranking da maneira diferente. Segundo Ivanov, Putin ainda não abrange o máximo dos seus eleitores tradicionais, e o crescimento da sua popularidade explica-se em primeiro lugar, devido à sua activação. E nem segundo lugar, devido a protestos da oposição apresentados por eles como o protesto nacional.
"As pessoas que vêm para a praça para manifestar o seu descontentamento são os indivíduos mediaticamente atraentes, todo o mundo fala deles, mas na realidade é um grupo muito pequeno na escala do país. De ponto de vista da sociologia, em geral e muito provavelmente, este grupo se encaixa no quadro de erro estatístico. No entanto, a exagerada campanha mediática a favor dos protestos resultou negativamente para os manifestantes. Gritos de descontentamento provocam uma reacção do segmento conservador da população que compõe a maioria silenciosa. E este é aquela maioria que se está mobilizando em torno de Putin. Daí vemos o crescimento do seu ranking ", diz o especialista.
Enquanto isso, o partido "Rússia Unida", que havia nomeado Putin para a presidência, acredita que o aumento da sua classificação é explicada pelas acções do mesmo candidato. Em particular, o primeiro secretário-adjunto da Presidência do Conselho Geral dos "ursos", Sergei Jeleznyak ,nada vê de surpreendente na popularidade do primeiro-ministro .
"Putin é um pragmático e está realizando deste jeito a sua campanha eleitoral, ele regularmente se comunica com o público o mais amplo possível, não apenas com apoiadores, mas com oponentes. Putin manifesta-se como um líder nacional: suas idéias são dirigidas não a grupos específicos de pessoas, mas à maioria dos russos, independentemente das suas opiniões ideológicas. São empregados, jovens e intelectuais e a classe média ", diz.
A pesquisa foi realizada entre dias 11 — 12 de fevereiro de 2012 nas 204 cidades das 64 regiões da Federação Russa. Em total, foram questionadas 3.000 pessoas. As respostas à pergunta: " Se você tomasse parte na eleição presidencial em quem você votaria?", foram as seguintes: Vladimir Putin — 50%, Gennady Zyuganov (Partido Comunista) — 9%, Vladimir Jirinovski (Partido LDPR — nacionalista — 7%, Mikhail Prokhorov -9% magnata- candidato independente) — 4%, Sergei Mironov (Partido Rússia Justa -de esquerda) — 2%.
Mas esta maioria silenciosa não só participa de pesquisas. Milhares de partidários do primeiro-ministro russo, foram este fim de semana às ruas de várias cidades no país. Cerca de 60 mil pessoas se reuniram sábado (18) em São Petersburgo para um comício para estabilidade política. O comício realizou-se sob lemas "Não precisamos de revoltas. Precisamos de uma Rússia grande", "Não deixemos realizar uma revolução laranja na Rússia", "Para vida normal sem perturbações e revoluções".
Um comício gigante pró-Putin está previsto para acontecer na quinta-feira, 23 de fevereiro, em Moscou. O slogan será "Protegeremos o país". Os organizadores esperam reunir 200 mil simpatizantes.