Eleições Presidenciais: Abstemo-nos ou votamos?
No respeito democrático e, na consciência da nossa posição no desejo de uma verdadeira auto-determinação dos Açores, mas, porque enquanto cidadão de nacionalidade portuguesa e, no respeito pela liberdade de escolha que ainda podemos usufruir, aproveitando o "confinamento" decretado e, o lufa-lufa das opiniões sobre a votação do presidente da república portuguesa, dos encontros públicos e amistosos dos candidatos transmitidos pelas televisões, tivemos tempo para pensar no assunto. Certo é que as coisas têm nome, e algum motivo.
Numas eleições existem quatro tipos de votos distintos e, cada um com a sua função. Há, pois, que procurar o seu conceito e proceder de conformidade com a nossa consciência.
1 - Voto normal: O eleitor escolhe o partido/candidato em quem quer votar.
2 - Voto Nulo: Criado inicialmente para votos não explícitos ou confusos, onde o eleitor pode se ter enganado no espaço por algum motivo evidente, (talvez má visão ou qualquer outro defeito cognitivo) nessas situações se uma cruz estiver fora do quadrado, é anulado automaticamente. Ou apondo desenhos e a escrever outras coisas demonstrando o seu desagrado, o que leva à anulação do respectivo papelinho
3 - Voto em branco: Quando o eleitor sabe em quem não votar, ou em caso de indecisão deixa em branco esperando que o resultado defina o eleito.
4 - Abstenção: O eleitor mostra o seu desagrado sobre qualquer candidato, onde a sua ausência de voto deve definir um repensar da Lei eleitoral. A abstenção não faz qualquer pressão para que os partidos ou qualquer político a abrirem-se e reformarem, o interesse pela participação do cidadão comum em qualquer tipo de eleições sejam elas legislativas ou para a presidência da República. Por isso, abster-se é pouco judicioso.
Não votar abstendo-se, ou votar branco (ou nulo) são atitudes radicalmente diferentes. São idênticas do ponto de vista legal, mas politicamente muito diferentes.
Na campanha eleitoral que tem decorrido e que se aproxima do momento crucial da eleição do 8º. Presidente da Terceira República Portuguesa (1974-presente) temos vindo a assistir àquilo que na gíria podemos chamar um espectáculo vergonhoso que muito pouco abona os seus protagonistas O insulto velado, a grosseria e a barafunda de temas, mostra quem é quem. Do elenco que apelidamos de "Os Sete Magníficos" - do Prof. Marcelo ao Calceteiro Vitorino, passando por Ana, João, André, Maria e Tiago, pouco têm os portugueses percebido do sério das suas propostas àquilo que chamam - Presidente de todos os portugueses.
Da colónia existente no meio do Atlântico, referências dos que defendem a continuidade territorial entre o mar imenso que nos separa e o rectângulo europeu situado na Europa Meridional no extremo Sudoeste da Península Ibérica "nicles". Para além de uns outdoors publicitários de dois ou três candidatos, nada mais consta. Apenas da candidata Ana Gomes numa fugaz passagem por estas paragens, ouvimos nos estúdios de uma RTP Açores "desconceituada" pelo Canal TTP3 o seu entusiasmo em defender a presença de um representante da república. Apêndice colonialista, que há muito devia ter sido banido na estrutura da administração portuguesa nos Açores e que se espera a rápida extinção numa possível Revisão Constitucional, que há já muitos anos vimos reclamando.
Há pergunta de - Eleições Presidenciais... abstemo-nos ou votamos? Respondemos: - Vamos votar no "branco" porque, votando branco queremos dizer, de forma muito clara, que nenhum dos candidatos, dá a garantia aos Açores e ao seu Povo do direito que lhes assiste no respeito pela Declaração dos Direitos do Homem, assinada por Portugal e mencionada na Constituição da República Portuguesa.
"Nunca se mente tanto como antes das eleições,
durante uma guerra e depois de uma caçada".
Otto von Bismarck
José Ventura
2021/01/12
(Por opção, o autor não escreve conforme o novo acordo ortográfico)
Por Alvesgaspar - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6580719