A pandemia deu gás a um velho inimigo

A pandemia deu gás a um velho inimigo

Quando se trata da pandemia do novo coronavirus, já nos vem a mente a profusão de informação e, principalmente, desinformação que vem sendo difundida em todos os meios de comunicação. Em meio a essa miscelânia, encontramos - não raro - menções a teorias da conspiração sobre propósitos escusos e "culpados" pela pandemia. Aqui no Brasil, quem ainda não se deparou nos grupos de mensagens instantâneas com alguma teoria que delega a China a autoria do novo vírus? Como falei aqui no mês passado, um dos maiores inimigos dessa pandemia - e da humanidade - são as fake news e, agora, os chineses ganharam companhia no alvo das teorias conspiratórias: nós, judeus.

Uma pesquisa da Universidade de Oxford, na Inglaterra, trouxe um alarmente dado que já vinha sendo difundido por organizações que combatem o antissemitismo mundo afora, os judeus estão se tornando o novo "bode expiatório" do coronavirus. Segundo a pesquisa, um a cada cinco britânicos acreditam que o vírus foi criado por judeus por motivos financeiros. Sim, eu sei que parece inacreditável, mas a justificativa para tal impropério é muito parecida com aquela usada contra os chineses: "eles criaram esse vírus para que tudo ficasse barato e eles pudessem comprar empresas no mundo todo".

Não se trata de novidade para nós essa tentativa antissemita de vincular nossa comunidade a conspirações e inverdades, tanto que, rapidamente, um grupo de organizações e movimentos de combate ao antissemitismo criaram a campanha "#IsraelFights4Humanity" ou, em português "Israel luta pela humanidade". A ideia da campanha é mostrar o que o governo israelense e empresas, movimentos e cidadãos judeus estão fazendo em todo o mundo no combate à pandemia e seus efeitos, inclusive na Palestina.

Há relatos de encontros entre oficiais israelenses e palestinos que formaram uma espécie de centro de operações conjuntas para compartilhar informações e ações de saúde pública visando barrar o avanço do coronavirus na região. Além disso, Israel já enviou à Gaza e à Cisjordânia uma série de kits para detecção do vírus e outros utensílios de saúde. Da mesma forma, o governo israelense e a comunidade judaica vêm expandindo esse trabalho humanitário em todo o mundo e, por isso a campanha liderada pelo "Combat Anti-Semitism Movement (CAM)" oferece guias e ferramentas audiovisuais para que essas ações sejam divulgadas nas redes sociais em todo o mundo contrapondo qualquer ataque antissemita de alcance menor.

Enquanto mentiras são jogadas nas redes, principalmente, europeias e norte-americanas, nossa comunidade, suas empresas e organizações, tem feito avanços no combate à pandemia em todo o mundo desenvolvendo tecnologias de última geração para detecção rápida do vírus, doando medicamentos, empenhando esforços conjuntos em pesquisas pela tão esperada vacina, mobilizando linhas aéreas civis e militares no envio de suprimentos de saúde aos locais mais vulneráveis ao vírus.

O vírus do antissemitismo está sempre a espreita e não podemos nos descuidar. É preciso cautela e cuidado para que nossos inimigos não nos manipulem frente à opinião pública para cabermos em seus delírios. Nossa comunidade é baseada no bem comum e na prosperidade, nada diferente disso coaduna com nossos valores.

É espalhando a verdade e orientando nossas ações com base na tzedaká, tikun olam, que vamos vencer a pandemia do novo coronavirus, seus efeitos, a desinformação e, diuturnamente, também venceremos o antissemitismo.



Floriano Pesaro

SITE: floriano45.com.br


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Pravda.Ru Jornal