Em meio a protestos, Chile cancela conferências internacionais
Presidente de, Sebastiáo Chiln Piñera (c.), anuncia cancelamento da cúpula da Apec e da COP-25 no país
DW
Sebastián Piñera anuncia que país desistiu de sediar cúpula Ásia-Pacífico e Conferência do Clima da ONU enquanto o governo tenta restabelecer a ordem e viabilizar exigências dos manifestantes.
O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta quarta-feira (30/10) que seu país desistiu de organizar e sediar o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) e a Conferência do Clima da ONU (COP-25), que deveriam ocorrer em Santiago nas próximas semanas.
"Nosso governo, com profunda dor - porque esta é uma dor para o Chile - decidiu não realizar a cúpula da Apec que estava programada para o mês de novembro e a COP-25, que estava programada para o mês de dezembro", disse Piñera. O governo tomou essa decisão em razão dos enormes protestos que ocorrem pelo país.
A cúpula dos líderes da Ásia e do Pacífico, grupo que reúne 21 nações, estava marcada para os dias 16 e 17 de novembro, enquanto a COP 25 ocorreria entre 2 e 13 de dezembro.
O presidente afirmou que esta decisão é necessária para que o governo possa se concentrar em restabelecer plenamente a ordem pública e promover a agenda social proposta por ele, que visa atender às exigências feitas pelos manifestantes, que ganharam amplo apoio da população.
"Sentimos e lamentamos profundamente os problemas e os inconvenientes que esta decisão representará tanto para a Apec como para a COP -25, mas, como presidente de todos os chilenos, tenho que sempre pôr os interesses e necessidades dos chilenos em primeiro lugar", disse Piñera.
Chile vive sua pior crise social desde a ditadura militar, com protestos de grandes proporções e atos de violência
Apesar do cancelamento, Piñera disse que o Chile mantém seu compromisso "total e absoluto" com a Apec. Os países do bloco são responsáveis por mais de 70% das exportações chilenas.
"Não é um fórum que só interessa aos líderes, é um fórum que interessa a todos os chilenos. Mais de 40 mil empresas chilenas participam do comércio exterior e geram mais de 2,8 milhões de empregos", afirmou o presidente.
A cúpula da Apec em Santiago tinha sido escolhida pelos presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, para a assinatura do primeiro acordo comercial entre os dois países, engalfinhados numa árdua disputa comercial envolvendo tarifas de exportação.
Piñera também ressaltou o comprometimento do Chile com a COP-25 e destacou que seu país possui uma liderança "clara e reconhecida" em questões relacionadas à proteção do meio ambiente. A ONU informou que já avalia uma variedade de locais alternativos para a realização da conferência. O Chilehavia sido escolhido para sediar a COP-25 após o Brasil desistir de organizar o evento depois da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
O país sul-americano atravessa há quase duas semanas sua pior crise social desde a ditadura militar encabeçada pelo general de Augusto Pinochet, com protestos de grandes proporções e alguns atos de violência provocados por pequenos grupos de manifestantes. Até o momento, 20 pessoas morreram.
RC/efe/afp/rtr
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