Aumenta o trabalho escravo no Brasil
Brasília, (Prensa Latina) O procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury, alertou nesta quinta (08) sobre o risco de aumento de trabalho escravo no Brasil com a eliminação do Ministério do Trabalho anunciado pelo presidente eleito Jair Bolsonaro.
'As ações de fiscalização contra o trabalho escravo já estão ameaçadas pela falta de orçamento. O fim da pasta ameaçaria ainda mais esse combate', afirmou Fleury, citado pelo diário Folha de São Paulo.
Sem dar detalhes, Bolsonaro comunicou na terça-feira que acabará com esse ministério, mas será fundido com outra instância.
Para o procurador-geral do setor, o futuro governo deve recordar que os países da Europa não fazem negócios com nações que utilizam mão de obra escrava.
'Se o país não combate o trabalho escravo, e sabemos que continua existindo, perderá dinheiro, pois não chegará mais a esses mercados', detalhou.
Outro risco, segundo Fleury, envolve medidas de redução de acidentes de trabalho (Brasil é o quarto do mundo nesse ranking).
De 2012 a 2017, a Previdência Social gastou cerca de sete bilhões de dólares em subsídios por acidentes (auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-acidente).
'Este é um trabalho de prevenção feita pelo Ministério do Trabalho. São milhares de dias perdidos por doenças', afirmou a autoridade.
Fleury citou igualmente uma série de atribuições e políticas da pasta que precisariam ficar no radar do novo governo, como o subsídio salarial e o seguro-desemprego.
'É necessário ter consciência da gravidade de uma medida como a extinção do ministério e a necessidade de manter a atribuição, inclusive com mais rigor', reiterou.
Ante este cenário, o Ministério do Trabalho divulgou um comunicado para destacar seus 88 anos de existência como 'casa materna' da classe trabalhadora nacional.
'O futuro do trabalho e suas múltiplas e complexas relações requerem um ambiente institucional adequado', acrescentou.
Durante sua campanha eleitoral, o ex-capitão do Exército prometeu reduzir o número de ministérios dentro do marco de um programa de corte de despesas do Estado.
Bolsonaro, que já nomeou cinco ministros (Gabinete, Economia, Defesa, Ciência e Justiça), assumirá o governo em janeiro.
Por suas declarações discriminatórias contra a mulher, os homossexuais, negros e pobres, o político ultradireitista, que ganhou as eleições presidenciais de 28 de outubro com 55 por cento dos votos, gera insegurança e polêmica na sociedade brasileira.
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