Brasil: independentemente do resultado, o caminho é resistir
Cerca de 147 milhões de eleitores decidem este domingo quem será o próximo Presidente da República brasileiro. O deputado João Pimenta Lopes acompanha as eleições e revela que, seja qual for o resultado, a luta pela democracia segue amanhã.
Além da corrida pelo cargo de Presidente, com Fernando Haddad (PT) a disputar a eleição com o candidato da extrema-direita, Jair Bolsonaro (PSL), os brasileiros escolhem também os próximos representantes no parlamento (Câmara dos Deputados e Senado) e nos governos regionais que não ficaram definidos na primeira volta, que se realizou a 7 de Outubro.
A diferença da intenção de voto entre os candidatos presidenciais tem vindo a diminuir. Uma pesquisa realizada pela Vox Populi/CUT, divulgada na última quinta-feira dava conta de cinco pontos percentuais a separarem os dois candidatos: Bolsonaro com 44% e Haddad com 39% das intenções de voto.
Uma nova sondagem da Vox Populi, realizada este sábado, dava conta de um empate técnico entre os candidatos à presidência do Brasil. De acordo com a sondagem, cada candidato aparece com 50% dos votos válidos.
O deputado do PCP no Parlamento Europeu, João Pimenta Lopes, que se encontra no Brasil a acompanhar o acto eleitoral, afirmou ao AbrilAbril que «há muita confiança» por parte da população de que seja possível inverter o resultado obtido na primeira volta.
Numa reunião realizada ontem com membros do PT, do PCdoB e representantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), foi analisado o caminho seguido desde o golpe que afastou Dilma Rousseff da presidência do Brasil, tendo sido criada uma frente de unidade e resistência.
«Foram dois anos de brutal ataque a direitos laborais, sociais e de políticas económicas neoliberais, a par de uma brutal campanha mediática assente em notícias falsas nas redes sociais e orquestrada desde os meios de comunicação social tradicionais», relata Pimenta Lopes.
O deputado comunista salienta que o risco do fascismo «é evidente» e que, independentemente dos resultados eleitorais deste domingo, «vai ser necessária uma grande unidade na luta e defesa da democracia».
A essa luta foram-se juntando ao longo da campanha reconhecidas figuras da cultura brasileira como Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia e actores como Letícia Sabatella e Paulo Betti, mas também o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, o juiz Joaquim Barbosa.
«Votar é fazer uma escolha racional. [...] Pela primeira vez em 32 anos de exercício do direito de voto, um candidato me inspira medo. Por isso, votarei em Fernando Haddad», anunciou o ex-magistrado no Twitter.
Como João Pimenta Lopes, também Francisco Assis (PS) está em São Paulo com o candidato do PT, Fernando Haddad.
4o mil votam em Portugal
O cônsul do Brasil em Lisboa disse hoje que pelas 20h já deverá ser possível saber os resultados da votação dos brasileiros em Portugal, adiantando que a votação tem decorrido sem quaisquer incidentes e a afluência aparenta ser superior à das últimas eleições.
«A minha expectativa é que o número de eleitores que votaram na primeira volta, em 7 de Outubro, seja superado, disse o embaixador José Roberto de Almeida Pinto em declarações à Lusa na Faculdade de Direito de Lisboa, onde os brasileiros em Lisboa estão hoje a votar.
«Na primeira volta de 2018 já tivemos uma participação que foi percentualmente mais elevada do que a das duas voltas em 2014 [quando mais de 32% dos eleitores inscritos votaram], daí a expectativa de que a segunda volta possa ter uma afluência ainda maior», disse.
Os primeiros resultados parciais devem começar a ser conhecidos pelas 22h de Lisboa (19h em Brasília).
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Foto: Reunião realizada ontem na CUT com dirigentes sindicais, membros do PT e do PCdoB Créditos