Identidade... perdeu-se.
Já por aqui no nosso trajecto de "escrevinhador" nos referimos à RTP (açores). No seu aparecimento e na esperança dos açorianos terem um meio de comunicação que nos unisse, dentro e fora das nossas fronteiras. Apelidámo-la de "uma janela virada para o mundo". Procuramos na mesma, uma forma de afirmar a nossa "Identidade" de Povo.
Solavanco aqui... solavanco ali, foi a RTP-A caminhando na sua identidade "atlântica" das suas 6 horas de emissão diária, passou à janela de emissão normal a que nos habituamos e, de cuja programação tivemos o ensejo de assistir do melhor que se pode ter em televisão, importada a "dedo" e de produção local. Sabemos que tal não foi fácil "Velhos do Restelo" não faltaram para atazanar os reponsáveis da RTP-Açores.
A luta foi titânica, para criar a sua própria identidade. O conjunto de caracteres particulares, que identificaria a Televisão que dizíamos "nossa" e a que carinhosamente tratávamos por RTA - Rádio Televisão Açoriana, foram sempre limitados pela RTP -Lisboa com cujo hino e logotipo que abria e, pensamos que ainda abrem a emissão diária.
Sendo a RTP Açores um canal de televisão de características regionais pertencente ao Grupo RTP - Rádio e Televisão de Portugal, assumindo a responsabilidade e a missão pela prestação do serviço público da televisão na Região Autónoma dos Açores, e pertence do Governo da República Portuguesa, era de esperar tal como outros "assaltos" que paulatinamente temos vindo a assistir como espectadores hipnotizados para não dizer no termo popular de "ababanados", ao sumiço dos elementos identificativos da RTP-A (mesmo que alguns senhores que fazem a sua "rentrée" politica) admitem a exemplo, as siglas dos seus partidos portugueses contentando-se com o apêndice "A".
Deprime-nos, assistir à secundarização dos nossos profissionais perante os seus colegas portugueses nos programas que nos vêm impingir agora com certa assiduidade, tentando mostrar, o quanto sabem de nós dos nossos usos e costumes.
Sim... "Puf" ... sumiu-se a identidade açoriana nos equipamentos da RTP ao serviço nos Açores. Foram-se ao ar, nos microfones empunhados pelos locutores e apresentadores, nas câmaras de filmagens e acessórios, nas viaturas, nos anúncios de néon. O orgulho de um fecho de emissão televisiva com a imagem de uma bandeira azul e branca ondulando ao vento e, os acordes de um hino levada aos quatro cantos do mundo como símbolo de um Povo. Sumiu-se, matreiramente sequestrada para o centro do poder colonial, um pedaço da nossa história cultural.
A nossa televisão como um canal generalista, preenchia todas as características de um serviço público acessível a todo o povo açoriano e à sua diáspora.
Urge acabar com o complot, com a cabala urdida pelo governo centralista de Portugal no escamoteamento da nossa identidade. Sejamos unidos, frontais, na defesa da herança recebida seja de longínquos antepassados, e da que a nossa geração deixará aos nossos vindouros.
"Não pode haver ligação de almas onde não exista identidade de ideias, de crenças e de costumes."
"Eça de Queiroz"
José Ventura
2018-09-13
Por opção o autor não respeita o acordo ortográfico
Foto: https://en.wikipedia.org/wiki/Azores#/media/File:A%C3%A7ores_2010-07-19_(5047589237).jpg